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quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

O Desinteressado Político

O desinteressado político é o pior dos analfabetos.

Ele não lê, não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos.

Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, da carne, do aluguel, das roupas e do remédio dependem das decisões políticas.

O desinteressado político é tão analfabeto que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia política.

Não sabe ele que do seu desinteresse político nasce a prostituta, o menor abandonado, o assaltante, a maioria das doenças, mortes e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais.

(Pequena adaptação de “O Analfabeto Político”, de Bertold Brecht)

Elogio da Dialética

Bertold Brecht

A injustiça passeia pelas ruas a passos largos.
Os dominadores fazem planos para dez mil anos.
Só a força os garante. Dizem que tudo ficará como está.
Nenhuma voz se levanta além da voz dos dominadores.
No mercado da exploração se diz em voz alta:
Este é apenas o começo!

Entre os oprimidos, muitos dizem:
Jamais se realizará o que queremos!

O que ainda vive nunca diga jamais!
O seguro não é seguro. Nada ficará como está.
Quando os dominadores falarem,
Falarão também os dominados.
Quem se atreve a dizer jamais?
De quem depende a sua destruição?
Igualmente de nós.
Os caídos que se levantem!
Os que estão perdidos que lutem!
Como pode calar-se quem reconhece a situação?
Os vencidos de hoje serão os vencedores de amanhã.
E um novo hoje nascerá do “jamais”.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Olhar Inquietante

Ontem
por estar sozinho e sem sono
resolvi ir no Jeca Espetinho
comer umas batatas fritas e tomar uma cerveja

Fui tranquilo
como se fosse mais um dos dias normais
mas percebi que todos os frequentadores do local
sem exceção
estavam esquisitos

uns pareciam trogloditas
outros excessivamente afetados
outros vermes
uns “vermões” como larvas
corós enormes
Ou os vampiros do filme Padre
De Scott Charles Stewart

Os menos estranhos
Eram iguais a mim
Com olhares inquietantes
Como se também estivem vendo algo surreal

Por Manitu!
Ainda bem que nem tomei a cerveja
Senão ia pensar que era efeito etílico
E não teria consciência da veracidade daquela percepção

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Espírito Poeta

Espírito poeta?
Tive-o
Mas o perdi na Filosofia.

Hoje esforço-me
Mas não sai nenhuma poesia
Nem boa nem ruim.

Quisera conseguir
Para dizer belamente
Sentimentos do que há de bom ou de real
Neste mundo atual...