Valdir do Nascimento
Publicação de qualquer assunto que eu achar interessante, como Filosofia, Política, Educação, Psicologia, Segurança Pública...
domingo, 12 de fevereiro de 2023
Projeto Paulo Freire 2022. Documentário Escola Municipal Érico Veríssimo - Uma história a ser contada
Os alunos da Escola Municipal Érico Veríssimo, de Foz do Iguaçu, receberam orientação de alunos e uma preofessora da Unila para produzir um documentário sobre a história da escola. Esse é um pequeno documentário de menos de sete minutos, mas produziu-se material suficiente para um vídeo maior, o que qualquer hora nasce!
domingo, 22 de março de 2020
"Gripezinha": Menosprezo de Bolsonaro por coronavírus o tornou cúmplice
Jair Bolsonaro que vem, sistematicamente, menosprezando a Covid-19, chamou a pandemia de "gripezinha" nesta sexta (20).
"
Depois da facada, não vai ser gripezinha que vai me derrubar, não, talkey? Se o médico ou o Ministério da Saúde recomendar um novo exame, eu farei. Caso contrário me comportarei como qualquer um de vocês aqui presente", afirmou.
A forma pela qual trata o vírus que está matando milhares de pessoas em todo o mundo e levando a economia global a uma recessão, ao menos, é coerente. Ele já o chamou de "fantasia", "não é isso tudo o que dizem", "histeria", "superdimensionado".
Você que está lendo este texto: caso seu pai ou sua mãe, irmão ou avó venham a morrer após ter contraído o coronavírus ou se mesmo você acabar ficando com sequelas, por toda a vida, devido a danos da doença em seus pulmões, saiba que um dos responsáveis por isso será o presidente da República.
Ou melhor, sua incompetência atávica, sua desconexão com a realidade, seu egoísmo estrutural.
O Brasil demorou muito para começar a desenvolver um plano a fim de atender os trabalhadores pobres e desempregados, que sofrerão mais com a pandemia. Ainda hoje, ainda não o tem por completo - o ministro Paulo Guedes vai desenvolvendo-o, na frente de todos, soltando o que consegue e corrigindo falhas no dia seguinte.
Da mesma forma, demorou para o governo ir atrás dos recursos que o necessário, mas sucateado, Sistema Único de Saúde precisava para se preparar.
Isso sem contar que a contenção de gastos em nome do ajuste fiscal, mantra desta gestão, fragilizou ainda mais o SUS. E, principalmente, o presidente é corresponsável pelo que vier acontecer a todos nós por insistir em mostrar ao país, através de seus maus exemplos, que as regras de isolamento social contra o vírus eram para serem descumpridas.
Quem acha isso bobagem não tem ideia do impacto de um líder com comportamento disfuncional em parte dos brasileiros. Bolsonaro pensa apenas em sua sobrevivência política e na de seu clã. Na coletiva à imprensa da última quarta (18), foi patética sua tentativa de fazer a sociedade acreditar que ele é "timoneiro" do combate à crise - no máximo, capitão dos ataques a opositores e jornalistas nas redes sociais. Chegou ao ponto de reivindicar que a mídia cobrisse "panelaços a seu favor", quando poderia ter agido como um chefe de Estado e tranquilizado a população.
Após a confirmação do 22º caso de membro de sua comitiva aos Estados Unidos que foi infectado por coronavírus, ele passou esta sexta sendo pressionado a mostrar o resultado de seus dois exames que, segundo ele, deram negativo. A necessidade dessa cobrança indica o quanto lhe falta a percepção do princípio da transparência na administração pública. Ele pensa que o Estado é ele, e entende bem de absolutismo, apesar de não fazer ideia de quem era Luís 14.
Não desejo o presidente doente, de forma alguma. Desejo que ele se coloque à altura do cargo. Ou melhor, desejaria - se isso fosse possível. Pois suas ações tem contribuído para a impressão de que uma pandemia mortal é mais uma onda de gripe de inverno. Até agora, essa "fantasia" já matou 11 pessoas e infectou, pelo menos, outras mil por aqui. Mas nem começou a dar os primeiros passos.
O presidente vai continuar agindo como inimputável, dia após dia, porque não há instituições capazes de conter sua irresponsabilidade. Ou dispostas a isso. Por outro lado, há quem reconheça nele esse inimputável e sugira deixar o barco correr, ignorando-o. O problema dessa opção é que há um naco de, ao menos, 12%, segundo pesquisas de opinião, que copia tudo o que faz e acredita em tudo o que diz. Esse número é grande o bastante para tornar sem efeito qualquer tentativa de conter a pandemia.
Em momentos de calamidade pública, um país precisa de pessoas com a estatura técnica, moral e política do desafio a ser enfrentado. Bolsonaro é, portanto, a pessoa errada na hora errada - e vamos todos pagar o preço dessa escolha.
Por conta do seu menosprezo e de sua displicência, o presidente deveria ser obrigado a enterrar cada vítima da pandemia. Talvez, assim, aprendesse a dar valor à vida humana.
LEONARDO SAKAMOTO, Colunista do UOL
Disponível em: https://noticias.uol.com.br/colunas/leonardo-sakamoto/2020/03/20/gripezinha-menosprezo-de-bolsonaro-por-coronavirus-o-tornou-cumplice.htm. Acesso em: 22/03/2020.
Depois da facada, não vai ser gripezinha que vai me derrubar, não, talkey? Se o médico ou o Ministério da Saúde recomendar um novo exame, eu farei. Caso contrário me comportarei como qualquer um de vocês aqui presente", afirmou.
A forma pela qual trata o vírus que está matando milhares de pessoas em todo o mundo e levando a economia global a uma recessão, ao menos, é coerente. Ele já o chamou de "fantasia", "não é isso tudo o que dizem", "histeria", "superdimensionado".
Você que está lendo este texto: caso seu pai ou sua mãe, irmão ou avó venham a morrer após ter contraído o coronavírus ou se mesmo você acabar ficando com sequelas, por toda a vida, devido a danos da doença em seus pulmões, saiba que um dos responsáveis por isso será o presidente da República.
Ou melhor, sua incompetência atávica, sua desconexão com a realidade, seu egoísmo estrutural.
O Brasil demorou muito para começar a desenvolver um plano a fim de atender os trabalhadores pobres e desempregados, que sofrerão mais com a pandemia. Ainda hoje, ainda não o tem por completo - o ministro Paulo Guedes vai desenvolvendo-o, na frente de todos, soltando o que consegue e corrigindo falhas no dia seguinte.
Da mesma forma, demorou para o governo ir atrás dos recursos que o necessário, mas sucateado, Sistema Único de Saúde precisava para se preparar.
Isso sem contar que a contenção de gastos em nome do ajuste fiscal, mantra desta gestão, fragilizou ainda mais o SUS. E, principalmente, o presidente é corresponsável pelo que vier acontecer a todos nós por insistir em mostrar ao país, através de seus maus exemplos, que as regras de isolamento social contra o vírus eram para serem descumpridas.
Quem acha isso bobagem não tem ideia do impacto de um líder com comportamento disfuncional em parte dos brasileiros. Bolsonaro pensa apenas em sua sobrevivência política e na de seu clã. Na coletiva à imprensa da última quarta (18), foi patética sua tentativa de fazer a sociedade acreditar que ele é "timoneiro" do combate à crise - no máximo, capitão dos ataques a opositores e jornalistas nas redes sociais. Chegou ao ponto de reivindicar que a mídia cobrisse "panelaços a seu favor", quando poderia ter agido como um chefe de Estado e tranquilizado a população.
Após a confirmação do 22º caso de membro de sua comitiva aos Estados Unidos que foi infectado por coronavírus, ele passou esta sexta sendo pressionado a mostrar o resultado de seus dois exames que, segundo ele, deram negativo. A necessidade dessa cobrança indica o quanto lhe falta a percepção do princípio da transparência na administração pública. Ele pensa que o Estado é ele, e entende bem de absolutismo, apesar de não fazer ideia de quem era Luís 14.
Não desejo o presidente doente, de forma alguma. Desejo que ele se coloque à altura do cargo. Ou melhor, desejaria - se isso fosse possível. Pois suas ações tem contribuído para a impressão de que uma pandemia mortal é mais uma onda de gripe de inverno. Até agora, essa "fantasia" já matou 11 pessoas e infectou, pelo menos, outras mil por aqui. Mas nem começou a dar os primeiros passos.
O presidente vai continuar agindo como inimputável, dia após dia, porque não há instituições capazes de conter sua irresponsabilidade. Ou dispostas a isso. Por outro lado, há quem reconheça nele esse inimputável e sugira deixar o barco correr, ignorando-o. O problema dessa opção é que há um naco de, ao menos, 12%, segundo pesquisas de opinião, que copia tudo o que faz e acredita em tudo o que diz. Esse número é grande o bastante para tornar sem efeito qualquer tentativa de conter a pandemia.
Em momentos de calamidade pública, um país precisa de pessoas com a estatura técnica, moral e política do desafio a ser enfrentado. Bolsonaro é, portanto, a pessoa errada na hora errada - e vamos todos pagar o preço dessa escolha.
Por conta do seu menosprezo e de sua displicência, o presidente deveria ser obrigado a enterrar cada vítima da pandemia. Talvez, assim, aprendesse a dar valor à vida humana.
LEONARDO SAKAMOTO, Colunista do UOL
Disponível em: https://noticias.uol.com.br/colunas/leonardo-sakamoto/2020/03/20/gripezinha-menosprezo-de-bolsonaro-por-coronavirus-o-tornou-cumplice.htm. Acesso em: 22/03/2020.
sábado, 8 de setembro de 2018
Bolsonaro é uma mentalidade
Texto do Professor Juremir Machado da Silva
Face a Face
Bolsonaro é uma mentalidade
Não, Jair Bolsonaro não é um candidato como outro qualquer. É pior. Ele é um imaginário, uma mentalidade, uma visão de mundo. O seu método de leitura do que acontece na vida é a simplificação. Torna o complexo falsamente simples por meio de uma redução a zero dos fatores que adensam qualquer situação. Se há violência contra os cidadãos, que cada um receba armas para se defender. Se há impunidade, que a justiça seja sumária e sem muitos recursos. Se há bandidos nas ruas, que a polícia possa matá-los sem que as condições de cada morte sejam examinadas. Se há corrupção, que não se perca tempos com processos.
Bolsonaro encarna o pensamento do homem medíocre, o homem mediano que não assimila explicações baseadas em causas múltiplas. Se há miséria, a culpa é da preguiça dos miseráveis. Se há crime, a culpa é sempre da má índole. Se há manifestações, é por falta de ordem. A sua filosofia por excelência é o preconceito em tom de indignação moral, moralista. A sua solução ideal para os conflitos é a repressão, a cadeia, o cassetete. Bolsonaro corporifica o imaginário do macho branco autoritário que odeia o politicamente correto e denuncia uma suposta dominação do mundo pelos homossexuais. É o cara que, com pretensa convicção amparada em evidências jamais demonstradas, diz:
– Não se pode mais ser homem neste país. Vamos ser todos gays.
Ele representa a ideia de que ficamos menos livres quando não podemos fazer tranquilamente piadas sobre negros, gays e mulheres. Bolsonaro tem a cara de todos aqueles que consideram índios indolentes, dormindo sobre latifúndios improdutivos, e beneficiários do bolsa família preguiçosos que só querem mamar nas tetas do Estado. Bolsonaro é o sujeito desinformado que sustenta que na ditadura não havia corrupção. É o empresário ambicioso que se for para ganhar mais dinheiro abre mão da democracia. É o produtor que vê exagero em certas denúncias de trabalho escravo. É o homem que acha normal, em momentos de estresse, chamar mulher de vagabunda. O eleitor padrão de Bolsonaro sonha com uma sociedade de homens armados nas ruas, sem legislação trabalhista, sem greves, sem sindicatos, sem liberdade de imprensa.
O projeto de Bolsonaro é o retorno a um regime de força por meio de voto. Aparelhamento da democracia. Na parede do imaginário e de certas propagandas de Bolsonaro e dos seus fiéis aparecem ditadores. O seu paraíso é da paz dos cemitérios e das prisões para os dissidentes. Um imaginário é uma representação que se torna realidade. Uma realidade que se torna representação. Bolsonaro é um modo de ser no mundo baseado na truculência, na restrição de liberdade, na eliminação da complexidade, no encurtamento dos processos de tomada de decisões.
Bolsonaro usa a democracia para asfixiá-la. É um efeito perverso do jogo democrático. Condensa uma interpretação do mundo que não suporta a diversidade, o respeito à diferença, a pluralidade, o dissenso, o conflito, o embate. Inculto, ignora a história. Não há dívida com os escravizados e seus descendentes. A culpa pela infâmia da escravidão não é de quem escravizou. O presente exime-se do passado. Bolsonaro é a ignorância que perdeu a vergonha. Contra ele só há um procedimento eficaz: o voto. Se necessário, o voto útil.
domingo, 18 de fevereiro de 2018
quarta-feira, 14 de junho de 2017
Guarda Municipal de Foz do Iguaçu
A Guarda
Municipal de Foz do Iguaçu – GMFI foi criada pela Lei nº 1.370, de 23 de
novembro de 1987, como Autarquia, e teve seus serviços operacionais efetivados
em 05 de maio de 1994 com a primeira turma composta por 120 homens.
Posteriormente
foram feitos mais três concursos. A 2ª turma formou 95 homens, a 3ª formou 32
mulheres e 66 homens, e a 4ª formou 15 mulheres e 35 homens. O último concurso
foi no ano de 2003.
Em 2001, a
Autarquia Guarda Municipal foi extinta e pela Lei nº 2.362 foi criada a
Secretaria Municipal de Cooperação para Assuntos de Segurança Pública – SMSP,
passando a Guarda Municipal a ser uma Diretoria dessa Secretaria. Posteriormente,
através da Lei nº 4.069, de 14 de fevereiro 2013, a Secretaria Municipal de
Cooperação para Assuntos de Segurança Pública – SMSP passa a ser denominada
Secretaria Municipal de Segurança Pública – SMSP.
Nesse período, cento
e nove Guardas Municipais – GGMM deixaram a instituição, dentre eles nove demitidos
a bem do serviço público, onze falecidos, um aposentado por invalidez
permanente, um aposentado por tempo de serviço e idade e os demais saíram da GM
por terem passado em outros concursos públicos, sendo que quatro estão na Justiça
Eleitoral, dois no Ministério Público Federal, um é delegado da Polícia Civil
de Santa Catarina, uma é escrivã da Polícia Federal, um na Receita Federal, uma
na Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR, e vários na Polícia
Rodoviária Federal e na Justiça Federal.
O ingresso na é como
Guarda Municipal de 3ª Classe, depois podendo ascender para Guarda Municipal de
2ª Classe, Guarda Municipal de 1ª Classe, Subinspetor, Inspetor e Inspetor de
Área.
Tal ingresso é possível
somente através de concurso público, e é exigido como escolaridade mínima o
ensino médio, mas hoje 82% dos integrantes da GM possuem curso superior
reconhecido pelo MEC, além de vários terem pós-graduação Lato-sensu e,
inclusive, um com mestrado obtido junto à UTFPR.
Atualmente a GM
possui em seus quadros 254 integrantes, sendo 223 homens e 31 mulheres, que são
regidos por regulamento disciplinar próprio. Também fazem parte de sua
estrutura, pertencentes à Diretoria Extraordinária de Segurança Patrimonial –
DESP, 138 vigias e agentes patrimoniais, bem como quatro Assistentes
Administrativos, três Ajudantes de Serviços Gerais, uma Agente de Apoio
Operacional e uma Telefonista, que apesar de poderem pedir para serem remanejados
para outros setores da Prefeitura (o que Guardas, Vigias e Agentes Patrimoniais
não podem), atualmente são lotados na SMSP.
A GM tem como
principal atividade o Policiamento Comunitário, sendo que o efetivo está
dividido em 10 equipes que atuam em patrulhamentos preventivos em todos os
bairros de Foz do Iguaçu. Essas equipes fazem também travessias de alunos nas
escolas municipais onde o fluxo de veículos é intenso e realizam o acompanhamento
de 14 projetos sociais.
A Guarda Municipal
conta também com um Grupamento Ostensivo de Trânsito – GOT, onde seus
componentes trabalham especificamente em operações e fiscalizações de trânsito;
com equipes de escolta; com o Projeto K9 (Canil), que realiza atividades
educativas em escolas e eventos e colabora com operações policias da Guarda
Municipal e demais Polícias quando da procura e localização de entorpecentes,
armas e criminosos; com o Grupo Tático de Apoio – GTA, especializado em ocorrências
de tumulto e adentramento em locais confinados e de baixa luminosidade; e com a
Coordenadoria da Defesa Civil, responsável pelo monitoramento, embargos,
encaminhamentos e evacuação de moradores das áreas de risco de alagamento ou
outros acidentes na cidade.
Nesses 23 anos a
GM possui mais de 250 mil ocorrências cadastradas em Ficha de Atendimento de
Ocorrência – FAOC. Mas esse número não retrata fielmente todos os atendimentos,
pois neste tipo de documento são registradas apenas as ocorrências principais.
Atualmente a Secretaria
Municipal de Segurança Pública é toda comandada por servidores do próprio
quadro, sendo:
- Diretor da Guarda Municipal – DIGM e responsável interino pela SMSP, o Subinspetor Jussier Leite Silva; Diretor Técnico – DITN, o Inspetor Éder Santos Oliveira;
- Diretor de Logística – DILO, o Subinspetor Enir Salvador Nicolay;
- Diretor de Segurança Patrimonial – DESP, o Agente Patrimonial II Francisco Vedur dos Santos;
- Tutor Máster do Telecentro, o Inspetor de Área Eversson Cadaval Madruga;
- Secretário Executivo do Gabinete de Gestão Integrada Municipal – GGIM, o Inspetor de Área Josnei Fagundes Marquardt;
- Coordenador da Defesa Civil, o Guarda Municipal de 1ª Classe Evaldo Monteiro Guimarães;
- Coordenador do GOT, o Guarda Municipal de 1ª Classe Jorge Humberto Lopes;
- Corregedor da SMSP, o Inspetor José Edson Alves Ferreira;
- Ouvidor da SMSP, o Guarda Municipal de 1ª Classe Márcio Adriano dos Santos;
- Chefe da Divisão Administrativa – DVADV, o Assistente Administrativo Roberto Duarte da Silva;
- Chefe da Divisão de Compras, Controle do Patrimônio e Manutenção – DVCPM, o Guarda Municipal de 1ª Classe João Pereira Bonfim;
- Chefe da Divisão de Gestão de Informações de Segurança – DVGIS, a Guarda Municipal de 1ª Classe Marisa Aparecida Aires Nogueira;
- Chefe da Divisão de Planejamento – DVPLJ, o Guarda Municipal de 1ª Classe Fernando Antunes Rodrigues;
- Chefe da Divisão de Segurança Patrimonial – DVSPT, o Agente Patrimonial II Antônio Donizete da Costa;
- Chefe da Divisão de Treinamento e Disciplina – DVTDI, o Guarda Municipal de 1ª Classe Gilberto Martins Beneduzzi;
- Chefe da Divisão de Veículos e Produtos Controlados – DVVPC, o Guarda Municipal de 1ª Classe Luiz Marcelo Custódio; e
- Chefe da Divisão Operacional – DVOPL,o Subinspetor Gerson Antônio Assmann.
domingo, 28 de maio de 2017
A Escolaridade dos Guardas Municipais de Foz do Iguaçu
Em 2001 publiquei, no Jornal
Gazetinha, que os guardas municipais de Foz do Iguaçu tinham ótima
escolaridade, sendo que a Instituição possuía 284 membros e, dentre esses,
“apenas 04 (1,43%) não possuindo o
Ensino Fundamental completo (antigo Primeiro Grau), e com 159 (56,98%) tendo o
Ensino Médio completo (antigo Segundo Grau); 50 (17,92%) está fazendo ou tendo
feito parte de curso superior; 25 (8,96%) já concluído uma faculdade e 2 com
pós-graduação “lato-sensu”.
Agora, 16 anos depois, com alguns
integrantes tendo saído por terem sido aprovados em concursos mais adequados às
suas aptidões ou por pagarem melhores salários, somos apenas 256, mas a partir
de 2017 alguns, mesmo sem levar em consideração a possibilidade de termos
aposentadoria especial (cuja essência é aposentar-se com trinta anos de serviço
sem levar em consideração o fator idade), temos um quadro bem mais avançado com
relação à escolaridade dos guardas, sendo que dos 256 guardas, 209 (ou seja,
81,64%) possuem curso superior reconhecido pelo MEC das mais variadas áreas do
conhecimento, sendo que, destes: alguns têm duas faculdades, normalmente a
primeira de uma área não diretamente afeta à segurança pública e a segunda de
Direito; vários fizeram alguma pós-graduação lato-sensu, também com diversas
áreas do saber, porém com predominância para os cursos voltados ao Direito ou
outros relacionados à segurança pública; e, por fim, dos que não saíram da
Guarda Municipal por haver passado em algum concurso cuja exigência seja
instrução superior, um guarda municipal terminou mestrado junto à Universidade
Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR de Medianeira, uma cidade que dista
sessenta quilômetros de Foz do Iguaçu.
Quanto aos 47 guardas que não
possuem curso superior, alguns deles estudam com afinco através de cursos não
reconhecidos pelo MEC, mas “fazendo o que gostam”, como é o caso de um que é
reconhecido até mesmo entre outras instituições policiais de Foz do Iguaçu e
região quanto ao seu conhecimento em uso, manutenção e instrução teórica e
prática de armas letais e não-letais; ou aqueles que se dedicam a cursos
livres, semipresenciais ou presenciais na área de direitos humanos,
policiamento comunitário, proteção às crianças e adolescentes, entre outros.
Portanto, se em 2001 já foi dito que os guardas possuíam ótima escolaridade, agora os guardas municipais de Foz do Iguaçu possuem excelente escolaridade!
sábado, 22 de abril de 2017
CDH, Aloizio Palmar
Estudando sobre Direitos Humanos, encontrei o seguinte material - muito bom, principalmente para nós aqui de Foz do Iguaçu -, que reproduzo na íntegra, com o devido crédito e fonte:
Nem jornalista é capaz de manter um arquivo desses: afinal ele garimpa sozinho documentos, com as próprias mãos -- e a até a Comissão da Verdade busca dicas de pesquisa com ele.
O blog foi atrás desse pesquisador, Aluizio Ferreira Palmar, dono do site www.documentosrevelados.com.br
Nascido em São Fidélis, Rio de Janeiro, no ano de 1943, Aluizio Ferreira Palmar quando jovem estudou Ciências Sociais na Universidade Federal Fluminense. No processo de esfacelamento do PCB após o golpe, Aluízio, juntamente com Milton Gaia Leite, Nielse Fernandes, Umberto Trigueiros Lima e Iná Meirelles, formou a Dissidência do Rio de Janeiro (DI-RJ), mais tarde batizada de MR-8, o primeiro surgido em Niterói. Seguindo a orientação foquista (guevarista) do MR-8, Palmar se deslocou para o oeste paranaense a de averiguar o terreno e organizar a Resistência à ditadura Militar no Paraná.
Hoje, aos 72 anos, detém um site intrigante: 80 mil documentos sobre a ditadura, tarefa que nem jornalista é capaz de fazer. Ele logo avisa: boa parte do que a Comissão da Verdade investiga já foi devidamente adulterado pelos milicos.
Noas seus anos de luta, e após a definição de um local e meses de trabalho (com o recrutamento de militantes dissidentes do PCB e AP de Curitiba e Londrina, articulação de bases camponesas, contatos com os movimentos revolucionários do Paraguai e Argentina e inclusive com treinamento de guerrilha dentro do Parque Nacional), Palmar caiu nas mãos dos milicos, após um acidente de trânsito.
Na prisão, Palmar tentou o suicídio temendo não resistir às torturas. Porém, apesar de sua resistência, um grupo de quatro membros do MR-8 foi preso no interior do Paraná. Com essas prisões e outras ocorridas no Rio de Janeiro o velho MR8 caiu.
Os militantes do MR8 foram levados para o Cenimar e Ilha das Flores, e lá submetidos a novas torturas. Respondendo a dois processos, um no Rio (Marinha) e outro no Paraná (Exército), constantemente Aluízio passava por novas torturas.
Condenado, cumpriu parte da pena em Ilha Grande e deixou o cárcere como um dos libertados em troca do embaixador suíço, Giovanni Bucher, em janeiro de 1971.
Exilado no Chile, sem pertencer a nenhuma organização visto que o primeiro MR-8 acabou após as prisões efetuadas ainda em 1969, conta Palmar, “fui convidado para entrar na Vanguarda Popular Revolucionaria – VPR, na época comandada por Carlos Lamarca. Nossa meta era voltar para o Brasil e continuar a luta”. No exílio, Palmar coordenou a organização de uma estrutura para receber militantes que estavam no exterior.
Na fronteira entre Brasil e Argentina, Aluízio preparou uma estrutura completamente blindada, inclusive da própria VPR, que, em todos os seus escalões, desconhecia a localização do grupo que montava a área tática.
Em um sítio na região do alto Uruguai, disfarçado de camponês Aluízio, juntamente com um pequeno grupo de revolucionários composto por dois brasileiros, três paraguaios, um boliviano e dois panamenhos, preparou a recepção aos quadros revolucionários da VPR que estavam no Chile, em Cuba e Europa. Porém, o envolvimento em questões locais e mais tarde o golpe militar no Chile o obrigou a abandonar a região.
“Pouco antes da decisão de desmobilização da VPR, eu havia me deparado ao acaso com Onofre Pinto em Buenos Aires, e por pouco não embarquei na emboscada que culminou na morte do fundador da Vanguarda Popular Revolucionária e de todos os membros do grupo que me acompanhava, no episódio conhecido como Massacre do Parque Nacional do Iguaçu”, lembra Palmar.
Até seu retorno clandestino ao Brasil, em maio de 1979, Aluízio viveu na região do Chaco vendendo soda e colaborando com a esquerda revolucionaria argentina.
Em setembro de 1979, foi morar em Foz do Iguaçu – PR e em 1980, criou o semanário “Nosso Tempo”, de linha editorial crítica. Agora seu barato é o site.
“Meu site surgiu após o seu acesso aos documentos depositado no “arquivo” da delegacia da Polícia Federal de Foz do Iguaçu".
Relata Palmar:
“Esse acesso foi possível graças às lutas dos familiares dos mortos e desaparecidos políticos. Em 2004, o Ministério da Justiça fez um acordo com o Departamento da Polícia Federal e eu fui credenciado para ter acesso aos arquivos da PF. Minha meta era descobrir rastros, pistas dos desaparecidos políticos do grupo da VPR que desapareceu no Parque Nacional do Iguaçu.). Desde que emergiu da clandestinidade, para ser mais preciso, Palmar vinha procurando pistas que o levassem a conhecer o que havia acontecido com o grupo, que era comandado por Onofre Pinto”.
Graças a esse acesso aos documentos da repressão política arquivados numa sala da Delegacia da PF ele descobriu as circunstancias das mortes, o nome das vítimas e os autores da chacina.
Então, em 2010, Palmar decidiu disponibilizar na internet o seu acervo de documentos da ditadura ao mesmo tempo que saiu pelo Brasil afora garimpando e juntando os documentos produzidos pela burocracia policial dos anos 60 e 70. Hoje, o site Documentos Revelados possui cerca de 80 mil documentos da repressão e das organizações de resistência à ditadura.
Nesses cinco anos tive Aluízio teve que superar as limitações de sua idade -- vai completar 72 anos, a dificuldade para quem mora no interior e os empecilhos colocados por algumas autoridades, que ainda possuem aquela visão de que arquivo é um depósito de documentos.
Segundo Palmar, além dessas, ainda subsiste nos órgãos policiais a mentalidade dos tempos da “guerra fria” e do “inimigo interno”, em que o pesquisador é visto com desconfiança. Isso e mais o boicote praticado por alguns agentes graduados como no caso do Departamento da Polícia Federal.
Aluízio Palmar explica que, em 2008, um dos mais completos (por estar intacto) arquivos da ditadura, que era o de Foz do Iguaçu: que foi “mexido” ao ser transferido para o Arquivo Nacional em Brasília. Segundo o pesquisador, no caminho parte da documentação, e “justamente a mais comprometedora, foi subtraída. Isso está devidamente constatado pelos técnicos do AN e foi denunciado na Comissão de DDHH da Câmara dos Deputados e ao Ministro da Justiça José Eduardo Cardozo. Apesar das denúncias nenhuma medida foi tomada pelas autoridades responsáveis pela guarda dos documentos.”
“Pedi por escrito e oficialmente à Comissão Nacional da Verdade que apurasse este fato, mas meu requerimento está perdido no emaranhado de outras demandas que a CNV não consegue atender. Aliás, somente agora, faltando poucos meses para a entrega do relatório final a CNV está tendo alguns avanços. Durante quase dois anos este órgão do Estado Brasileiro esteve paralisado devido as intrigas internas e equívocos na metodologia de trabalho. Com raríssimas exceções somente agora seus membros e assessores estão conhecendo o período....Hoje, graças ao trabalho das Comissões Estaduais de São Paulo, Rio de Janeiro e Pernambuco vamos conhecer melhor o período de atrocidades cometidas durante a ditadura. A repressão aos mais diversos setores da vida nacional, as torturas, mortes e ocultação de cadáver", estabelece Palmar. "50 anos após o golpe o silêncio resultado do medo está presente nas famílias das vítimas, principalmente àquelas de origem camponesa, da gente do interior”.
Palmar é taxativo: “As sequelas estão aí. A impunidade daqueles que assaltaram o poder da República, cercearam as liberdades publicas e governaram impondo medo `a população, é um mal exemplo para a Nação. É a apologia da maldade, da tortura e do assassinato”, diz o editor do site Documentos Revelados.
Palmar promete um livro, batizado de “Onde foi que vocês enterraram nossos mortos?”.
Disponível em: <https://br.noticias.yahoo.com/blogs/claudio-tognolli/aluizio-palmar-amigo-lamarca-e-ex-guerrilheiro-mant%C3%A9m-172013170.html>. Acesso em: 22/04/2017.
sexta-feira, 25 de novembro de 2016
Imprensa diz que denúncia pode acabar em impeachment de Temer
O movimento “Fora, Temer” retoma o fôlego e ganha um importante aliado a partir da denúncia divulgada na noite desta quinta-feira (24) de que o ex-ministro da Cultura Marcelo Calero não foi só pressionado pelo Secretário de Governo Geddel Vieira Lima, mas que o próprio presidente, Michel Temer, havia o enquadrado igualmente em favor da liberação de obras de interesse particular. Como algum tempo não se via, a imprensa nacional está repercutindo o caso.
Foto: Beto Barata/PR
Geddel pediu demissão por e-mail ao presidente Michel Temer na manhã desta sexta-feira (25)
Após divulgação desta denúncia feita à Polícia Federal e com possibilidades de provas das conversas, a mídia deu uma estrondosa repercussão do caso, ressaltando que a oposição irá entrar com abertura de um processo de impeachment logo na segunda-feira (28).Ainda na noite desta quinta (24), a revista Exame, publicou que o senador Lindbergh Farias, representando a oposição, iria entrar com o pedido de impeachment contra Temer. “Calero fez um depoimento muito grave a PF. O presidente usou seu cargo para defender interesses privados, pressionando o ministro Calero. A gente classifica isso como crime de responsabilidade”, afirmou Lindbergh à revista.
Foi o que declarou também o líder do PT na Câmara, Afonso Florence (BA). “Identificado o crime de responsabilidade, o caminho é a abertura de um processo de impeachment de Temer. O governo Temer derrete”.
A senadora Vanessa Grazziotin também tratou das graves denúncias contra o presidente Michel Temer e ressaltou que seria melhor para o país se ele deixasse a presidência e convocasse eleições diretas. Segundo ela, para que a democracia retomasse é preciso que o povo escolhesse, por eleições diretas, o novo presidente do Brasil.
O caso Calero x Geddel x Temer
Pelo que narrou o ex-ministro à Polícia Federal, Michel Temer o convocou para uma reunião no último dia 17. Na ocasião, disse-lhe que o embargo do Iphan ao prédio de Geddel Vieira Lima havia criado ‘dificuldades operacionais’ no Planalto. Por isso, pediu a Marcelo Calero que encontrasse uma solução junto à Advocacia-Geral da União.
Segundo o ex-ministro, o peemedebista lhe advertiu que "a política tem dessas coisas, esse tipo de pressão’. Calero disse ainda que Temer ‘demonstrava insistência’ em fazer com que ele "interferisse indevidamente" no processo do edifício La Vue.
A transcrição do depoimento foi enviada ao Supremo Tribunal Federal e à Procuradoria-Geral da República, que podem abrir inquérito.
Impeachment de Temer
A Folha reproduz o trecho da lei do impeachment pinçado pelo PT para enquadrar Michel Temer: “Servir-se das autoridades sob sua subordinação imediata para praticar abuso de poder, ou tolerar que essas autoridades o pratiquem sem repressão sua”.
O colunista de O Globo, Ricardo Noblat publicou às 5 horas da manhã desta sexta (25) a informação com o título: “A nova crise política só tem um pai: Temer”. No texto, o colunista publica parte do artigo que define crime de responsabilidade e pode levar “um presidente a julgamento e à perda do mandato”.
“Diz o inciso três do artigo que é crime “não tornar efetiva a responsabilidade dos seus subordinados, quando manifesta em delitos funcionais ou na prática de atos contrários à Constituição”. Diz o inciso sete do mesmo artigo que é crime “proceder de modo incompatível com a dignidade, a honra e o decoro do cargo”.
“Haverá certamente quem encontre em tais disposições amparo bastante para propor o impeachment do presidente Michel Temer caso reste provado que ele fez o que o ex-ministro da Cultura Marcelo Calero lhe imputa”, questionou o colunista.
Consequências imprevisíveis
Logo após a queda de Geddel, outro colunista de O Globo comentou sobre a responsabilidade de Michel Temer no caso. Jorge Moreno publicou nesta sexta-feira (25): “Geddel pode deixar o governo hoje. Mas sua demissão, a esta altura, não ameniza a crise em que o governo mergulhou, por conta do episódio do edifício de Salvador. Temer demorou a agir e acabou sendo contaminado pelo escândalo, cujas consequências tornaram-se agora imprevisíveis.
Ação da PGR
Um desdobramento do depoimento de Marcelo Calero à PF é o possível pedido da Procuradoria-Geral da República para que o Supremo Tribunal Federal autorize a abertura de inquérito contra o ministro Geddel.
Segundo a Folha, a inclusão dos nomes de Michel Temer e Eliseu Padilha neste pedido ao STF é cogitada, mas dependerá de uma análise mais profunda.
Temer sem apoio
A colunista Denise Rothenburg, do Correio Braziliense, reitera que há um consenso entre os empresários de que a ‘lua de mel’ com o peemedebista está chegando ao fim e, até agora, não há resultados contundentes na economia.
Crise na economia
A imprensa começou a admitir que a economia nacional demonstra que a situação não será resolvida em pouco tempo, como admitiu o próprio ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. Manchetes do Estadão, da revista Época trataram da revisão negativa de crescimento da economia para 2017. Desde então, inúmeros dados mais reais da economia vem sendo divulgados pela imprensa.
Segundo admitiu recentemente a colunista do Estadão, Eliane Cantanhêde - que geralmente defende o golpista presidente -, em vez da "pacificação nacional" prometida, o governo Temer trouxe "várias guerras simultâneas" a Brasília.
Do Portal Vermelho, Eliz Brandão, com agências
Disponível em: <http://www.vermelho.org.br/noticia/290190-1>. Acesso em: 25/11/2016.
quarta-feira, 15 de junho de 2016
O Socialismo Como Opção Política
A Nilton Bobato e Chico
Brasileiro(*), militantes do PCdoB e de movimentos sociais de Foz do Iguaçu,
que sempre procuraram incentivar-me nas lutas por uma sociedade mais justa e
solidária;
À Neide de Paula, minha
esposa, que sempre compreendeu e colaborou com meus estudos e atividades
político-sociais;
À Jéssica Crislayne de Paula
Nascimento, minha filha, que desde pequenina sofreu com minhas ausências e
ansiedade por um mundo melhor.
(*) Em 2013, anos depois
deste documento ter sido feito, Chico Brasileiro saiu do PCdoB - partido
em que esteve desde a adolescência - para ingressar no PSD, onde viu maior
possibilidade de ser vitorioso nas próximas eleições. Não
concordamos que valha a pena trocar de partido com
o propósito de ter melhores condições de ser eleito, porque
dependendo da ideologia do novo partido isso não traz ganho à luta
por um mundo melhor, mas respeitamos sua decisão e torcemos para que ele consiga manter-se fiel à honestidade e à boa vontade que sempre
demonstrou ter quando nos quadros do PCdoB.
RESUMO
Desde a Revolução Industrial,
algumas pessoas vão ficando cada vez mais ricas, enquanto a maioria cada vez
mais pobre.
A partir de estudos
profundos, Karl Marx e Friedrich Engels, já baseados em alguns outros
estudiosos, ou “práticos”, criaram uma teoria (científica) sobre os
motivos desse processo de enriquecimento/empobrecimento e sobre as alternativas
para que tal coisa deixasse de ocorrer.
O Socialismo de Marx e
Engels, portanto, é uma teoria elaborada dentro dos métodos científicos da
Sociologia e da Economia, passando por apreciações da Filosofia, o que deu
forma e responsabilidade, além de real possibilidade de dar certo.
Com as descobertas de Marx, e
com a publicação de um trabalho intitulado “O Manifesto Comunista”, em 1848 a
Europa passou ater grandes movimentos operários lutando pelo Socialismo, até
que em 1917 a Rússia acabou adotando a teoria marxista, tendo como principal
expoente e primeiro presidente o revolucionário Vladimir Illich Ulianov
“Lênin”. Após isso, o Socialismo difundiu-se para todos os lados.
Mas os donos dos meios de
produção, e todos os governos capitalistas, lutaram e lutam com todos os meios
para impedir tal conquista operária, e por isso quase todas as experiências
socialistas fracassaram, além de que quem luta pelo Socialismo dificilmente
consegue vitórias, porque os capitalistas têm os meios de comunicação e o poder
econômico, e com isso passam sua ideologia para toda a população, que fica com
medo de lutar por mudanças, e até contra elas e seus defensores.
Porém, mesmo com grandes
dificuldades, continua existindo a luta pelo Socialismo e pelo Comunismo, e, no
caso do Brasil, caso seus defensores consigam chegar ao poder, têm métodos,
alternativas e objetivos a serem buscados de forma a não se repetir os
fracassos de outros países; a não se repetir o que houve de errado em outras
experiências socialistas; a realmente fazer com que a sociedade seja melhor que
a atual e as pessoas possam perceber que o Socialismo e o Comunismo são
realmente melhores que o Capitalismo.
Para que tudo isso fosse
passado de uma forma a não parecer suposições infundadas, neste trabalho foram
citados autores como: ARRUDA & PILETTI 1997, CARMO 1994 e FERREIRA 1997,
autores de livros didáticos de História; SILVA 1986, NASCIMENTO 1997 e 1998,
BOBATO 1998, BRASILEIRO 1998, CEPERA 1981, LEMOS 1995, SANDRONI 1991 e AMAZONAS
1995, que escreveram obras e artigos diretamente para defender o Socialismo e
mostrar os problemas do Capitalismo. Além de GUARESCHI 1998, com “A Sociologia
Crítica”, que vem corroborar com as ideias anti-imperialistas; SPINDEL 1980,
com informações “técnicas” sobre Socialismo; STÉDILE & GORGEN 1993, falando
sobre a possibilidade constitucional de se fazer reforma agrária nos moldes
socialistas; GOMYDE 1997, deputado comunista que defende a educação pública
gratuita; FREIRE 1987, com sua “Pedagogia do Oprimido”, onde incentiva uma coisa
importante para os socialistas: a Educação de boa qualidade e acessível a
todos; e, finalmente, MARX 1978 e MARX & ENGELS 1998, os dois “pais” do
Socialismo e Comunismo científicos.
I INTRODUÇÃO
Neste trabalho está
caracterizado o que seja Socialismo, passando primeiro por uma explicação de
quais os motivos de se ter “inventado” essa teoria, o que resultou em uma
“mostra” do que seja o Capitalismo, o sistema socioeconômico que tem por base o
predomínio do dinheiro, do capital, e que atualmente está presente na maioria
dos países. Nessa "mostra", para justificar a busca de outro sistema,
são evidenciados os problemas do Capitalismo, e o Socialismo vem como opção
para resolver tais problemas.
A seguir, para que seja
compreendido o Socialismo, buscou-se conhecimentos de sua história, mostrando
as condições, as teorias de Karl Marx, e Friedrich Engels, como a Mais-Valia
(exploração do trabalho proletário pelos capitalistas) e os caminhos apontados
por eles (principalmente em o “'Manifesto Comunista”). Como ficará claro, o
Socialismo e o Comunismo é algo tão parecido que a principal fonte para a
distinção entre esses dois termos foram materiais elaborados por militantes do
Partido Comunista do Brasil, que sentiram a necessidade de explicar melhor,
para "os leigos", tais termos, porque os livros – mesmo "O Que é
Socialismo" e "O Que é Comunismo" da Coleção "Primeiros
Passos", da Editora Brasiliense – não deixaram clara a diferença. Aliás,
confundiram mais, pois contaram a "história do marxismo" tanto em um
como em outro, sem destacar o que seja este ou aquele.
Após ficar clara esta
diferença e o processo de difusão do Socialismo como teria, acha-se necessário
apresentar algumas experiências concretas desta teoria, mostrando que em cada
uma delas foi preciso adaptar a teoria para as condições reais da sociedade,
fazendo com que o Socialismo não seja uma teoria acabada que pode ser aplicada
de forma igual em todo lugar. Nessa altura, ficou claro que copiar experiências
não dá certo, ainda mais que os países que tentaram (ou que ainda estão
tentando) cometeram erros que estão sendo estudados pelas pessoas que pretendem
aplicar o Socialismo em outros lugares, buscando perceber o que não deve ser
feito, ou o que deve ser feito para evitá-los.
Depois aparecerá um pouco da
história do Socialismo no Brasil, falando sobre os partidos que defendem essa
teoria, bem como sobre alguns que dizem defendê-la mas que na prática estão
seguindo outros caminhos. Para caracterizar essas linhas políticas, a base
foram os materiais citados e alguns programas partidários, além de observações
que a gente mesmo faz nas campanhas políticas e na prática dos políticos desse
ou daquele partido.
A seguir foi feito um
panorama mais concreto do Socialismo, mostrando como os partidos socialistas pretendem
chegar ao poder no Brasil, quais as dificuldades para atingir tal intento;
quais as propostas concretas para a sociedade brasileira, o que passa por itens
como manutenção da democracia, projeto de ética para a sociedade, revisão da
dívida externa, busca de apoio internacional, reforma agrária, incentivo à
tecnologia nacional e a não exclusão total de empreendimentos privados.
Por último, foram buscadas
informações sobre o que os socialistas pretendem fazer para manter as
conquistas caso cheguem ao poder, porque, como ficou claro no decorrer do
trabalho, os capitalistas não medem esforços para impedir a chegada dos
socialistas ao poder, e não medirão esforços também para fazer com que – caso
cheguem – sejam considerados pela população como piores que os que estavam
antes, fazendo o que Karl Marx e Lênin chamavam de “contrarrevolução”.
Três foram os pontos que mais
chamaram a atenção: o fato de o Socialismo buscar uma sociedade mais justa, sem
miseráveis, mendigos; a busca de um projeto de ética, onde visa incutir nas
pessoas um sentido para a vida, para a vivência social respeitosa e para o
crescimento do ser humano; e, por fim, a ideia de se melhorar os meios de
comunicação social e o sistema educacional. Caso seja isso mesmo o intento dos
socialistas – e parece ser, porque, como dizem, é o único meio para que
cheguemos à tranquilidade, à felicidade, e mesmo para não perdemos o controle
novamente –, tais intenções são realmente interessantes, o que leva o
observador a considerá-las dignas de serem publicadas, divulgadas, adotadas
como motivo de luta, de dedicação. E isso é o que fazem os socialistas
autênticos, mesmo tendo todo um poder contrário que atrapalha ao máximo tais
pessoas.
II O SOCIALISMO COMO
OPÇÃO POLÍTICA
Baseado em estudos acadêmicos
e em observações, Karl Marx procedeu a elaboração de toda uma teoria que
explicava como uma maioria, os proletários e camponeses empregados, eram
explorados pelos donos dos meios de produção.
Com tais informações, passou
a desenvolver e defender – tudo com o apoio de Friedrich Engels, filho de
pequenos industriais ingleses, que assim financiava estudos e difusão – ideias
sobre uma sociedade diferente, onde não tivesse exploração desse gênero.
Aqui, então, veremos os
trabalhos de Marx (e Engels), mostrando as teorias, o problema da confusão
entre o que seja Socialismo e Comunismo, a diferença entre ambos e a difusão do
Socialismo.
2.1 As Teorias de Marx
Com a Revolução Industrial
surgida na Inglaterra desde o final do Séc. XVIII, a relação de trabalho mudou,
passando do sistema feudal para uma forma em que a exploração tomava-se maior,
obrigando os empregados a trabalhos extenuantes e pouco compensatórios em
termos de salários. Isso foi fazendo surgir críticos ao novo sistema, pessoas
que propunham voltar ao que era antes, ou a uma sociedade industrializada, mas
sem a exploração que fazia os donos das fábricas terem vida abastada enquanto
os trabalhadores vida e condições de trabalho aviltantes.
A vida do trabalhador no início
da industrialização era dramática: não havia legislação para protegê-lo; o
ambiente de trabalho geralmente era insalubre e perigoso; os salários eram
muito baixos; as jornadas de trabalho eram extenuantes, girando em torno de 12
a 14 horas por dia. Além disso, a vida fora das fábricas também era muito
difícil, porque nos bairros populares não havia saneamento básico, higiene e
lazer, e o preço da moradia ou do aluguel era muito alto (Apostilas Líder,
1998).
Tendo como referência que vem
desde Platão, que "ao examinar as sociedades primitivas nos falava de um
estado da natureza baseado na igualdade entre os homens" (Spindel, 1992) e
passando por Thomas More com o livro ''Utopia'', Marx analisa essas tendências
a alternativas "socializantes" da sociedade e que já é chamada de
"Socialismo" desde 1827 num artigo da "Cooperativa
Magazine", onde “já significava, de maneira global, toda uma forte
corrente de pensamento político que acreditava ser necessário realizar o modelo
de democracia que a burguesia pregava como ideal para substituir o regime
monárquico despótico" (Spindel, 1992).
Saint-Simon, Fourier, Owen e Proudhon. Esses
foram os principais nomes que pregavam uma sociedade mais justa de tipo
"socialista" antes de Karl Marx e Engels, por isso são chamados de
socialistas utópicos, ou pré-marxistas utópicos porque não eram métodos
científicos, mas simplesmente idealizados de "sonhos" de uma
sociedade melhor.
Tendo uma visão de busca de
uma sociedade mais humana, esses personagens foram levados a propor, lutar e
experimentar ideias socialistas que "são uma consequência da miséria
reinante, são os gritos de revolta de uma população à procura de sua dignidade
humana" (Spindel, 1992).
Marx, então, a partir de tudo
isso, elaborou, juntamente com Engels, como principal obra iniciadora do marxismo,
"O Manifesto Comunista", e depois, "O Capital", obras
basilares, onde fica clara a percepção de que o Capitalismo, sistema
socioeconômico reinante nos países pós-feudalismo, está excluindo grande parte
da população, levando pessoas à miséria, à mendicância, à morte por falta de
condições mínimas de alimentação, higiene, saúde.
Marx e Engels concluem que o
problema do Capitalismo é que todos os capitalistas – donos dos meios de
produção – pretendem obter o máximo de lucro possível, e para isso pagam menos
salário do que seria justo aos empregados, exigem que estes trabalhem o máximo
possível, sem se importar realmente com o bem estar físico e mental dessas
pessoas, e depois vendem os produtos por preços acima do justo, acarretando uma
ciranda de aumento de preços, que impossibilitam ao trabalhador uma vida
razoavelmente digna.
Nesse processo de exploração,
Marx percebeu o que chamou de "mais-valia", ou seja, a diferença
entre o que é gasto para produzir e o preço pelo qual é vendido o produto. Como
o dono dos meios de produção não reverte essa diferença em salários ou
benefícios aos empregados – e tal diferença só foi possível pelo trabalho
desses –, fica que o enriquecimento dos donos dos meios de produção se dá com
essa parte retirada do trabalho do operário, o que seria uma exploração.
Marx diz que quanto mais se
desenvolve uma sociedade, mais exploração e mais problemas terão na sociedade,
até que chegará a um ponto em que os trabalhadores não mais aguentarão a
exploração e farão uma revolução, tomando o poder e passando a administrar os
meios de produção, tanto materiais como ideológicos e espirituais. Por
materiais entende-se os bens de uso e consumo; por ideológicos, as ideias, as
teorias; e por espiritual a parte de ética, de ideias que geram o processo de
sentimentos. Numa sociedade capitalista os sentimentos seriam, geralmente, de
insatisfação com a condição atual, porque uma grande parte nem tem o mínimo
necessário e ainda vive tendo como padrão de ideal a condição dos ricos, o que
é passado pelos meios de comunicação para incentivar o consumismo.
2.1.1 A Mais-Valia
Como já foi dito acima,
"o termo Mais-Valia designa a diferença entre o que o operário produz e o
que ele recebe" (Nascimento, 1997).
Este termo, inventado por
Marx, é o princípio fundamental para a busca de um sistema socioeconômico
diferente do Capitalismo, por isso é encontrada tal expressão na maioria dos
trabalhos sobre exploração e busca de nova sociedade, bem como o termo
proletariado, que é "a classe dos trabalhadores assalariados modernos que,
por não ter meios de produção próprios, são reduzidos a vender a própria força
de trabalho para poder viver" (Marx & Engels, 1998).
Esses dois termos –
proletário e mais-valia – estarão intimamente relacionados, porque é pela
existência daquele que o empregador, o dono dos meios de produção, tira esta, e
fica rico à custa do que o operário produz.
Uma pessoa que, por um motivo
ou outro, não tem mais que a própria força de trabalho como meio de conseguir
os bens para a sua existência, obriga-se a ser empregado. Como muitos estão em
tal situação, o empresário não paga mais do que o necessário para mantê-lo
trabalhando. "Às vezes um pouquinho a mais para que o cidadão acredite ser
possível melhorar de vida" (Nascimento, 1997).
Mas o operário tem que
aceitar tal salário, pois caso não aceite, outro aceita, chegando-se a
situações específicas em que muita gente passa a trabalhar quase que
exclusivamente pelo que lhe é necessário a apenas uma alimentação muito pobre,
mesmo insuficiente para uma saúde razoável.
Mas além da diferença entre o
que o operário produz e o que o patrão paga, existem vários outros fatores que
fazem a mais-valia ser cada vez maior. Um deles é o aumento da velocidade do
trabalho ou da jornada de serviço, o que desgasta a pessoa, faz com que ela se
sinta humilhada, impotente.
Portanto, ao analisar bem,
"a mais-valia é trabalho não pago. É tempo de trabalho que o trabalhador
entrega gratuitamente ao capitalista depois de haver trabalhado o suficiente
para produzir o valor de sua própria força de trabalho, ou para pagar seu
próprio salário" (Sandroni, 1991).
Tendo percebido isso em
"O Capital", Marx passa a trabalhar o estudo de como o empresário
obteve o capital inicial, e chega a concluir que todo grande empregador obteve
seus bens pela exploração, antes pela acumulação de excedentes por parte de
"Chefes" políticos, guerreiros ou religiosos de tribos mais
primitivas, que ficavam responsáveis para guardar o que não era gasto pela
comunidade, passando a fazer uso dessa responsabilidade para beneficio próprio,
depois indo ao feudalismo com seus nobres e eclesiásticos, cobrando impostos e
dízimos, e chegando ao mercantilismo e ao capitalismo industrial, sempre com
apropriação do todo ou de parte produzida por outras pessoas. Dessa forma é que
alguns reuniram condições para serem empresários e poderem adquirir os meios de
produção. Quanto a terra, esta foi conseguida através da apropriação pura e
simples, com o uso da violência física ou da intimidação, chegando ao ponto de
não mais sobrar terras suficientes para a maioria do povo, tendo este que
trabalhar para aquele geralmente dando-lhe mais-valia.
Tudo o que pode ser útil, mas
que não está sendo, ainda passa a ser acumulado, isto é
"entesouramento". "A forma primitiva e natural da riqueza é a
forma do supérfluo ou do excedente, a parte dos produtos que não é requerida
imediatamente como valor de uso, ou também, a posse de tais produtos cujo valor
de uso está fora do âmbito das necessidades imediatas" (Marx, 1978).
2.2 Diferença Entre
Socialismo e Comunismo
Hoje em dia há muitas dúvidas
sobre o que significa cada termo desse, e muito mais sobre a diferença entre um
e outro, ainda mais que temos partidos "comunistas" que defendem o
Socialismo e partidos "socialistas" que defendem o Comunismo. Por
isso é preciso entender bem o que seja uma coisa e o que seja a outra.
O termo
"socialismo" já era usado por vários outros antes de Marx, mas eram
tão "ingênuos" que chamaram de Socialismo até o movimento da
Revolução Francesa, onde operários e camponeses uniram-se aos burgueses,
acreditando que esses fossem realmente "trabalhar" pela Liberdade,
Igualdade e Fraternidade, mas ao chegar ao poder os burgueses tomaram conta do
Governo e deixaram de lado os outros dois grupos.
A partir daí começa a ser
mais pensada a luta proletária, e Marx e Engels, ao lançar o "Manifesto
Comunista", usa o termo "comunismo" justamente com o
"objetivo de marcar claramente a diferença existente entre a nova teoria
que propunha e aquele conjunto de doutrinas que, na época, era conhecido com o
título de socialismo (incluindo basicamente os diversos tipos de socialismos
utópicos)" (Spindel, 1980).
Porém, como os marxistas
passaram a dominar a política de esquerda, os termos socialista e comunista
passaram a ser usados de forma indiscriminada.
Somente com a Revolução Russa
de 1917 é que Lênin propicia realmente uma distinção, chamando de Comunismo a
teoria que julgava "a verdadeira teoria marxista", e Socialismo,
segundo Lênin e defensores de teorias mais moderadas, seria as ideias
defendidas pelos partidos sociais-democratas europeus, que pretendiam chegar ao
poder pela via eleitoral e pacífica.
Diferenciar Socialismo de
Comunismo foi tentado por Spindel em seu livro "O que é Comunismo",
mas, sem falsa modéstia, prefiro apresentar como mais acertada a explicação por
mim apresentada em “Discutindo um Pouco de Socialismo”, de 1998, quando digo
que:
Socialismo é uma fase para se
chegar ao Comunismo. Os partidos que se denominam comunistas na verdade lutam
pela implantação do Socialismo, porque sabem que antes de chegar ao Comunismo
será preciso um período de governo democrático que faça com que as ideias
comunistas não sejam impossibilitadas por pessoas que gostariam de voltar ao
Capitalismo.
No Socialismo você tem partidos
políticos e um Governo que procura aplicar as teorias marxista-leninistas. Já
no Comunismo não será necessário Governo, porque toda a sociedade estará unida
e organizada a ponto de se autogerir, mas isto é o objetivo, o ideal: enquanto
não chegar lá é preciso o Socialismo, que já é infinitamente melhor que o
Capitalismo, mas não é ainda o “ponto perfeito” a que buscamos (Nascimento,
1998).
Isso é o que também diz
SPINDEL (1980) quando fala que:
Quando o proletariado tomar o
poder terá que imediatamente abolir a maioria das propriedades privadas e
assegurar educação e trabalho para todos, mas no que diz respeito à forma de
governo, far-se-á necessária uma fase de ditadura para consolidar o poder
proletário. (...) Enquanto for preciso essa ditadura, estaremos no Socialismo,
só depois vindo o Comunismo propriamente dito.
Comunismo, então, só virá
após o governo socialista ter conseguido fazer a reforma agrária, desenvolver a
tecnologia e criar consciência sobre as vantagens desse sistema sobre o Capitalismo,
fazendo com que não mais tenham "reacionários" que busquem a
restauração do Capitalismo.
2.3 A Difusão do Socialismo
No mesmo ano em que foi
publicado o "Manifesto Comunista" houve revolução proletária na
Alemanha, o que possibilitou difundir as ideias socialistas, e por volta de
1860 organizou-se uma Liga Internacional dos Trabalhadores (conhecida como I
Internacional), congregando pessoas de vários países da Europa, mas quase
fracassou porque a ideia de Socialismo era ainda majoritariamente ligada aos
utópicos, e seus defensores não lutavam muito pelo ideal socialista por causa
"do fracasso das experiências efetuadas pelos partidários de Proudhon e
pela crise econômica europeia da época" (Spindel, 1992).
Depois entrou em cena
Bakunin, revolucionário que divergia das ideias de se passar pelo Socialismo
antes de chegar ao Comunismo. Pelo modo de pensar a passagem, foram chamados,
ele e seus seguidores, de anarquistas e libertários, sendo que difundiram
bastante a necessidade de mudar de sistema socioeconômico, criando polêmica e
gerando interesse pelas "ideias proletárias".
O socialismo científico de
Marx e Engels tem, hoje, leitura bastante diversificada, o que se acentuou com
a morte de Marx e com a Revolução Russa de 1917, que ajudou descaracterizar a
Social-Democracia como movimento socialista-marxista.
Com a Revolução Russa ficou
mais claro que Socialismo e Comunismo são diferentes mas complementares, ao
passo que Social-Democracia não é parte nem de um nem de outro, e que é apenas
uma tentativa de, no Capitalismo, diminuir seus males, podendo, assim,
perpetuá-lo.
A Revolução Russa fez,
também, com que todos os países passassem a ter suas lutas pelo Socialismo,
inclusive levando a outras revoluções vitoriosas, como China, Vietnã, Coreia do
Norte, Cuba, entre outros. O Brasil, inclusive, já em 1922 tem a fundação do Partido
Comunista do Brasil, ainda com a sigla PCB, que depois se divide e passa a
existir o Partido Comunista Brasileiro - PCB e o Partido Comunista do Brasil - PCdoB, diferenças que serão vistas adiante.
Esse trabalho de difusão
sempre foi algo difícil, porque
o proletário não tem dinheiro
sobrando para propaganda, e os meios de comunicação estão nas mãos dos
capitalistas, e estes não dão acesso aos trabalhadores, porque sabem que caso
as ideias socialistas vençam, eles perderão a chance de continuar explorando o
povo. E aí, inclusive, usam esses meios para “envenenar” o povo contra o
Socialismo e o Comunismo (Nascimento, 1998).
2.4 Alguns Países que
Adotaram o Socialismo
Com a difusão do Socialismo,
quase todos os países passaram a ter defensores dessa ideia, criando partidos e
movimentos para lutar contra o Capitalismo.
Dentre os vários países que
adotaram o Socialismo, é indispensável estudar alguns, que servirão para
caracterizar como era, ou são, organizados. Cada um dos demais é, automaticamente,
mais parecido com este ou aquele dos estudados.
2.4.1 União das Repúblicas
Socialistas Soviéticas - URSS
O primeiro país a implantar o
regime socialista foi a Rússia, em um movimento desencadeado pelos camponeses,
operários e soldados que não estavam mais aguentando as dificuldades
decorrentes da I Guerra Mundial.
Em 1917, o partido
bolchevique, liderado por Lênin, conseguiu articular para que todos os setores
descontentes se unissem para lutar contra a monarquia, e depois, contra o
governo burguês de Aleksandr Fiodorovitch Kerenski. Lênin defendia
"transferência do poder aos Sovietes, instauração de uma república
socialista; nacionalização dos bancos; distribuição das terras aos camponeses e
saída imediata da Guerra" (Apostilas Líder, 1998), o que agradou a todos,
com exceção dos nobres e capitalistas.
Em outubro do mesmo ano houve
a tomada do poder com a fuga de Kerenski, que estava nele desde fevereiro,
quando a burguesia havia conseguido chegar ao poder e fazer o czar abdicar.
Após a vitória socialista na
Rússia, e usando de todo tipo de apoio, esta formou a União das Repúblicas
Socialistas Soviéticas, que congregava, além dela, mais quatorze repúblicas, a
saber: "Estônia, Retônia, Lituânia, Bielorússia, Ucrânia, Moldávia,
Armênia, Geórgia, Azerbaijão, Turcomênia, Usbequistão, Tadjiquistão, Quirguízia
e Cazaquistão" (Carmo, 1994).
Lênin, ao assumir o poder
realmente realizou o que havia proposto, mas em 1921 precisou criar a Nova
Política Econômica - NEP para incentivar a produção. A NEP “injetou doses de
capitalismo em alguns setores da economia, dando permissão para a abertura de
pequenos negócios. Os camponeses voltaram a produzir para vender no mercado, e
as grandes empresas estatais passaram a considerar as necessidades de consumo
do povo” (Ferreira, 1997).
Os planos de desenvolvimento
econômico e social na União Soviética passaram por crises decorrentes da II
Guerra Mundial e por causa da política de Joseph Stálin (substituto de Lênin no
poder), que impôs guerras de anexações em várias partes do mundo, e mais
descontentamentos surgiram tendo em vista que este "suspendeu as medidas
na NEP e decidiu industrializar rapidamente a União Soviética à força"
(Ferreira, 1997), transformando-se em um ditador que impunha suas vontades mesmo
contra a opinião da maioria.
Depois de Stálin, que mesmo
sendo "ditador" estava levando a União Soviética rumo ao Comunismo,
os outros presidentes "a começar por Kruschev até Gorbacheov era
descarados defensores do Capitalismo, inimigos dos ideais revolucionários"
(Amazonas, 1995), culminando com o fim da União Soviética e a volta dos países
integrantes da mesma ao Capitalismo.
Essa volta aconteceu por
causa da política desenvolvida pelos presidentes pós-Stálin, que não buscavam
desenvolver o Socialismo, mas tomar medidas cada vez mais alinhadas aos
capitalistas e formavam uma burocracia aburguesada, desligada dos meios
populares. "Em 1990, o Congresso aboliu o monopólio do Partido Comunista,
abrindo espaço para o pluripartidarismo, e o PC passou a sofrer concorrência de
partidos não socialistas (...)" (Arruda, 1997).
Após vários problemas,
"Gorbachov marcou o dia 31 de dezembro de 1991 para substituir a União
Soviética pela Comunidade de Estados Independentes" (Arruda, 1997), o que
realmente aconteceu, pondo fim à experiência socialista daquela parte do mundo.
2.4.2 China
No século XIX a China foi
alvo de exploração econômica internacional, principalmente por países europeus
e pelos Estados Unidos. Demorou vários anos para que ocorresse uma reação
contrária a essa situação, mas um grupo de pessoas lideradas pelo médico Sun
Yatsen, sonhava em mudar aquela realidade econômica e social, e para isso
fundaram o Kuamintang (Partido Popular Nacional), começando a se organizar e a
buscar novos adeptos entre os jovens. Assim conseguiram mudar o regime político
de Monarquia para República. Mas "o novo regime não resolveu os antigos
problemas. A espoliação internacional persistia nas áreas rurais, onde vivia a
maioria da população chinesa, os latifundiários continuavam oprimindo e
explorando os camponeses" (Ferreira, 1997).
Por isso um novo grupo de
homens – que acreditaram que só a implantação do Socialismo poderia minimizar
esses problemas sofridos pelos chineses – fundaram, com o apoio da União
Soviética, o Partido Comunista Chinês, que conseguiu muitos adeptos e passou a
ameaçar o governo dos Kuamintang. O general Chiang Kai-Shek, sentindo que
estava perdendo o poder, declarou guerra aos comunistas, e com isso milhares de
comunistas que se concentravam nas cidades morreram, principalmente em Shangai.
Enfraquecido, Mao Tsé-Tung reuniu "cerca de 300 mil soldados, além de
mulheres, crianças e camponeses, que empreenderam a chamada 'Longa Marcha', uma
caminhada de 10.000 km em direção à província de Shensi” (Arruda, 1997).
No interior, Mao Tsé-Tung
convocava seus soldados para ajudar os camponeses e com isso conseguia novos
adeptos, já que um dos seus principais discursos era a reforma agrária. Em
poucos anos o Exército Vermelho (comunista) já tinha forças para tomar o poder,
e com esses acontecimentos os Estados Unidos (que apoiava financeiramente o
governo de Sun Yatsen),
pressentindo que seu aliado
seria incapaz de reverter a situação, os americanos o abandonaram, permitindo o
avanço rápido dos comunistas liderados por Mao. Em 1949 Chiang procura refúgio
na ilha de Formosa, de onde pretendia retornar ao continente. Mas a 1º de
outubro de 1949, com o país inteiramente dominado pelo Exército Vermelho, foi
proclamada a República Popular da China (Arruda, 1997).
Sem perspectivas de volta ao poder
na China, Chiang organiza em Formosa, ilha do Mar da China Continental, ainda
em 1949, "a República da China Nacionalista, alinhada ao bloco
capitalista" (Ferreira, 1997). Assim, passou a existir "a China
Comunista", de Mao Tsé-Tung, e "a China Nacionalista", de Chiang
Kai-Shek. Hoje, porém, já não se fala em "duas chinas", porque a
Nacionalista é atualmente chamada de Taiwan.
Com a tomada do poder por
Mao, a China Comunista fechou-se quase que totalmente a influências externas,
com isso ficando quase que esquecida pelos países ocidentais. Sua intenção era
adaptar o Socialismo à realidade de seu país, que era quase que totalmente
agrícola. Criou-se o "Congresso Nacional do Povo" que era eleito por
quatro anos.
No campo social o Governo da
China Comunista dedicou-se à eliminação da antiga classe dominante. "O
Comunismo Chinês libertou as mulheres de sua antiga dominação, estabelecendo a
igualdade entre os sexos, a liberdade de casamento, o acesso às mais altas
funções públicas, o que representava para a China uma enorme revolução nos
costumes milenares" (Arruda, 1997).
Com essa mudança de costumes
houve uma "explosão" demográfica que obrigou o governo a trabalhar o
controle da natalidade.
No governo de Mao foi
implantada a reforma agrária, e em um segundo momento os camponeses foram
reunidos em "cooperativas agrícolas" deixando de ser proprietários e
passando a receber salários. As indústrias foram nacionalizadas, ficando a
direção das mesmas nas mãos do Estado ou de cooperativas, com apoio, nos dois
primeiros anos, da União Soviética.
Após a morte de Mao Tse-Tung,
em 1976, houve uma longa disputa pelo poder e somente na década seguinte é que
Deng Xiaoping assume o poder e passa a abrir as portas da China Comunista para
investimentos financeiros, onde acaba ocorrendo profundas reformas na economia,
sendo que "a propriedade privada no campo foi permitida. Investimentos
estrangeiros passaram a ser incentivados. Entre 1978 e 1988 verificou-se
vigorosa retomada das atividades econômicas, com crescimento médio anual de
10%" (Arruda, 1997).
Mas parte da população, não
concordando com a tendência de volta ao Capitalismo, manifestou-se contra,
ocorrendo fatos como os enfrentamentos de 1989, quando "milhões de
estudantes se mobilizaram para pedir reformas" (Arruda, 1997).
No entanto, mesmo com tais
manifestações, a China Comunista continuou abrindo-se ao mercado internacional,
chegando aos anos 90 do séc. XX a exportar volumes gigantescos de bens de
consumo, tudo a preços extremamente baixos, o que gerou grande desenvolvimento
econômico, enfraquecendo as lutas pela manutenção das proteções socialistas.
"Mas com a prosperidade econômica, de cunho competitivo e capitalista,
aparece o outro lado da moeda: corrupção, prostituição, tráfico de drogas,
contrabando" (Arruda, 1997).
2.4.3 Vietnã
Ho Chi Minh, grande líder
político asiático, organizou uma resistência à dominação do Japão e França no
Sudeste asiático, região conhecida por Indochina. Em 1945 os japoneses foram
vencidos no norte da região, mas no sul os franceses resistiram, sendo derrotados
somente em 1954.
Como os vencedores eram
simpáticos ao Comunismo e eram apoiados pela China, os Estados Unidos e demais
países do bloco capitalista, porque "temiam a existência de um governo
comunista no Sudeste asiático, o que poderia fazer com que todos os demais
países da região (como Laos, Camboja, Indonésia, Tailândia e Birmânia) se
tornassem comunistas" (Arruda, 1997), fizeram com que a Organização das
Nações Unidas – ONU criasse dois países na região: um ao norte, governado pelos
comunistas, e outro ao sul, capitalista de forte influência estadunidense.
O sul, porém, não teve um
governo simpático ao povo, fazendo com que houvesse revoltas de boa parte da
população apoiada pelos comunistas do norte. Os EUA, com medo da vitória
comunista, mandaram tropas para apoiar o sul, mas desde 1961 foram
sucessivamente vencidos, chegando a precisar ter 500 mil soldados na região no
ano de 1966.
"Apesar da superioridade
bélica, as tropas norte-americanas não conseguiram vencer a resistência do
exército norte vietnamita e dos guerrilheiros, e o conflito se prolongava sem
perspectivas de uma definição" (Carmo, 1994). "Em 1970 e 1971, os EUA
intensificaram a guerra, bombardeando o Vietnã e países vizinhos, mas os
vietcongues (guerrilheiros comunistas) continuaram a resistir" (Ferreira,
1997). Assim, como o governo dos EUA percebia que dificilmente venceria a
guerra, e tanto a opinião pública internacional como a nacional já estava
contra a continuidade da mesma, tendo em vista a enormidade de mortes – mais ou
menos um milhão e meio de vietnamitas e cinquenta mil estadunidenses –, em 1973
os Estados Unidos deixam o Vietnã, e em 1975 os vietcongues e norte vietnamitas
tomam Saigon e unificam-no.
2.4.3.1 O Vietnã Hoje
Após a guerra de unificação o
Vietnã teve "um recomeço" difícil, porque tanto o norte quanto o sul
estavam arrasados.
Nos anos 80, com as mudanças
que passaram a ocorrer principalmente na União Soviética e China, o Vietnã
também mudou a Constituição e abriu a economia à iniciativa privada.
Hoje, além do Japão, que foi
um dos primeiros países a investir no Vietnã, vários outros países têm empresas
e negócios lá e desde 1995 os EUA voltaram a ter relações diplomáticas com
aquele país.
2.4.4 Coreia do Norte
Após a II Guerra Mundial, a
Coreia, que estivera sob domínio do Japão, foi dividida entre EUA e URSS. A
parte sul, controlada pelos Estados Unidos, organizou-se com o nome de
República da Coreia, e a norte, pelos soviéticos, como República Popular
Democrática da Coreia.
Por volta de 1950, como as
duas Coreias estavam “em-pé-de-guerra”, os Estados Unidos intervieram
militarmente para apoiar o sul, e a União Soviética e China comunista apoiaram
o norte. "A guerra durou três anos, sem que se definissem vencidos e
vencedores. Em julho de 1953, foi feito um acordo de paz, que manteve
exatamente a situação anterior, com as duas Coreias divididas" (Carmo,
1994).
Após esta guerra é que se
criou o "Pacto de Varsóvia", um tratado de cooperação, amizade e
assistência recíproca entre os países do bloco socialista, ficando o mundo mais
claramente dividido entre bloco socialista e bloco capitalista.
Hoje a Coreia do Sul é
considerada um dos países grandemente desenvolvidos, e a Coreia do Norte está
passando por grandes necessidades, porque não existe mais a União Soviética
para apoiá-la, e a China também está mais preocupada com a adequação ao
Capitalismo do que em ajudar um dos poucos países que ainda mantém as ideias
socialistas. Sem apoio, e tendo em vista que ela é pequena e não tem terras e
clima bons, não consegue desenvolver-se (Nascimento, 1998).
2.4.5 Cuba
Na década de 50, Cuba era
governada por Fulgêncio Batista, um típico ditador latino-americano apoiado
pelo exército, pelas burocracias sindicais e pelos EUA. O regime de Batista
caracterizava-se pela corrupção e pela repressão às oposições (...). A economia
baseava-se na plantação de cana-de-açúcar, praticamente controlada pelos
Estados Unidos, e a população vivia na pobreza (Arruda & Piletti, 1997).
Essa situação fez com que o
advogado Fidel Castro, que estava exilado no México, organizasse, com o médico
argentino Ernesto "Che" Guevara, um grupo de pessoas que em 1956
desembarcou em Cuba, ocultou-se nas montanhas, e de lá, com o apoio de
camponeses passou a lutar contra Fulgêncio.
Em 1958, achando que Fidel
seria melhor para eles, os Estados Unidos tiram o apoio a Batista, fazendo com
que no ano seguinte este fugisse.
Assumindo o poder, Fidel
Castro e seus aliados implantou um regime socialista, o que causou forte reação
do governo estadunidense, não mais comprando produtos cubanos. Cuba, então,
buscou apoio e intercâmbio comercial da União Soviética.
Com o apoio da URSS, os EUA
não arriscaram uma intervenção direta em Cuba, mas passaram a praticar um
bloqueio econômico contra esse país em proporções tão grandes que este ficou
completamente isolado no Ocidente. Mas enquanto existiam vários outros países socialistas,
ainda era possível manter-se e até evoluir.
Um dos aspectos mais
desenvolvidos em Cuba é a educação, que passou da quase inexistência de
professores graduados em 1958 para “23% em 1972, 60% em 1976 e tem previsão de
que em 1980 100% dos professores sejam formados" (Cepera, 1981). ''Em
1958-59 31 pessoas graduaram-se em curso superior; em 1984-85 o número estimado
é de 28.486" (Silva, 1986).
Além disso, "todas as
áreas do conhecimento foram desenvolvidas, chegando ao ponto que Cuba ainda é um
país muito desenvolvido em Física, Biologia e em Medicina Clínica"
(Nascimento, 1998).
Agora, a alternativa para a
ilha está sendo a permissão da entrada de capitais estrangeiros para o
desenvolvimento do turismo, além de autorização para a criação de empresas
privadas de pequeno e médio porte, bem como a posse de moeda estrangeira, o que
era proibido antes. Esse último item, inclusive, fez com que de uns tempos para
cá voltasse a existir uma política que havia desaparecido durante os tempos de
aplicação mais rígida do marxismo-leninismo: a prostituição, ou “o turismo
sexual". "Atualmente, Cuba ainda vive sob o embargo econômico
determinado pelos EUA. Isso faz a ilha atravessar um período de profunda crise
econômica e social, ameaçando jogar por terra todas as conquistas do passado.
Com a derrocada da União Soviética, ela perdeu a ajuda econômica e o apoio
político que recebia" (Ferreira, 1997).
Além dos países estudados,
têm outros que adotaram o Socialismo. É o caso de Angola, Camboja, Mongólia,
Iêmen do Sul, Moçambique, República Democrática Alemã, Polônia,
Tchecoslováquia, Hungria, Renânia, Iugoslávia, Albânia, Bulgária, Nicarágua e
Chile, sendo que com a volta ao sistema capitalista houve reunificações,
divisões ou mudança de nome de alguns deles.
2.5 Dificuldades e Volta ao
Capitalismo
A maioria dos países que têm
experiências socialistas já voltou ao Capitalismo, e dos que ainda permanecem
quase todos estão em processo de volta, porque com a fim da União Soviética
todos passaram a enfrentar grandes dificuldades para continuarem enfrentando a
pressão dos capitalistas.
Esse é o caso da Nicarágua,
que teve a vitória dos "sandinistas" (que eram socialistas) em 1979,
mas conseguiram permanecer apenas até 1989, quando, através de eleições, foram
derrotados, e do Chile, onde em 1970 Salvador Allende, candidato marxista,
chegou ao poder através de eleições diretas, nacionalizando diversas estatais
e, por isso, sendo morto num golpe militar apoiado pelos Estados Unidos. Além
de ser difícil chegar ao poder através de eleições, é muito difícil manter-se
nele, "porque os capitalistas detêm o poder da mídia e sempre conseguem
colocar a maior parte da população alheia à compreensão política, sem
informações que os faça optar pelas ideias mais adequadas a eles"
(Nascimento, 1998).
2.6 O Socialismo no Brasil
O Brasil tem dois partidos
que se dizem comunistas e outros que se dizem socialistas, como o Partido dos Trabalhadores - PT, o Partido Socialista dos Trabalhadores Unificados - PSTU, Partido Democrático Trabalhista - PDT, o Partido da Causa Operária - PCO e,
mais recentemente, o Partido Socialismo e Liberdade - PSOL.
Nilton Bobato, do Partido
Comunista do Brasil, diz que os partidos que realmente defendem o Socialismo,
além do dele, pode-se dizer que são apenas "o PSTU, o PCB e correntes
políticas do PT" (Bobato, 1998), sendo que depois pode-se incluir aí o PCO
e o PSOL.
Um questionamento que pode
surgir é o motivo de estes partidos, que são defensores do Socialismo, não se
unirem formando um só e mais forte partido. Para essa questão são interessantes
duas opiniões: Nilton Aparecido Bobato diz que "a unificação num só
partido não acontece devido a forma diferente que cada um dos partidos e grupos
projetam para implantar o Socialismo no Brasil. A forma de organizar e os
caminhos para chegar lá são vistos por cada um por prismas diferentes"
(Bobato, 1998). Já BRASILEIRO (1998), comunista atuante no PCdoB, em sindicatos
e na Saúde de Foz do Iguaçu, salienta que: "do ponto de vista programático
não existe nenhum partido com o nosso conteúdo".
Essas opiniões deixam claro o
ponto-de-vista desse partido. Dos outros partidos, foram colhidas informações
de outro material meu mesmo, onde abordo, em linhas gerais, sobre todos eles.
Os partidos políticos estão
divididos basicamente em três linhas diversas, que são: Liberais,
Sociais-Democratas e Socialistas/Comunistas. Estatutariamente, os que defendem
o Socialismo e o Comunismo são: PT, PDT, PCB, PSTU, PSB e PCdoB. Porém, como
nas demais vertentes, a prática anda mostrando que tanto o PT como o PDT e o
PSB, dependendo de quem assume a direção nacional, estadual ou local, pende
desde o que está em seus estatutos, até o oposto, que é o Capitalismo.
(Nascimento, 1998)
Portanto, os estatutos não
indicam o modo de agir dos integrantes de um partido, sendo necessário observar
a ação de seus membros.
Os dois partidos considerados "autênticos" pelos socialistas, como alguns dizem, como sendo
realmente defensores do marxismo-leninismo, são o Partido Comunista do
Brasil - PCdoB e o Partido Comunista Brasileiro - PCB.
Esses dois partidos têm uma
história interessante:
Fundado no dia 25 de março de
1922, o PCdoB luta pelo ideal marxista há 76 anos, sendo, portando, o partido
mais antigo da América Latina (...). Mas é um partido pequeno, devido
principalmente a ter que viver na ilegalidade até 1985 e ter sido praticamente
destruído durante a Ditadura Militar, quando suas principais lideranças foram assassinadas (...) (Bobato, 1998).
Existe uma confusão quanto a
qual seja o partido comunista mais antigo: o PCB reivindica o estatuto de mais
antigo, e o PCdoB também. O fato é que ao ser criado, em 1922, a sigla era PCB,
e o nome era Partido Comunista do Brasil: porém, com as mudanças da União
Soviética, já de linha menos radical, mais ligada aos países capitalistas, uma
ala do partido resolveu mudar também: aí os que ficaram permaneceram com o nome
e tiveram que mudar a sigla, ficando Partido Comunista do Brasil - PCdoB e os
que saíram ficaram com a sigla e mudaram o nome, ficando Partido Comunista
Brasileiro - PCB.
Assim, apesar da sigla ser a
antiga, pelos motivos que levaram à divisão, fica que, realmente, o PCdoB é
mais antigo e original que o PCB" (Nascimento, 1998).
Com isso, dá-se para notar a
complexidade da luta socialista, que passa por mudanças consideradas boas por
uns e ruins por outros, mesmo que todos "professem" o ideal
comunista. "(...) E pior: com as mudanças feitas pela perestroika de
Gorbachov, o PCB mudou novamente. Sob a liderança de Roberto Freire, passou a
se chamar Partido Progressista Social - PPS, o que não agradou a todos: uns
foram para o PSTU e outros ‘recriaram’ o PCB" (Nascimento, 1998).
2.6.1 Como Chegar ao Poder
Os meios para se chegar ao
poder são: o processo eleitoral ou a revolução armada.
Como foi visto, vários países
passaram ao regime socialista através de lutas, como Rússia, China, Vietnã,
Coreia do Norte; mas outros, como Nicarágua e Chile, chegaram pelas eleições.
No Brasil de João Goulart também chegou a ter indícios de que esse presidente
estava na linha socialista, o que acabou com o Golpe Militar de 1964.
Chegar ao poder através de
eleições é muito difícil, como já foi citado anteriormente, mas este é o
objetivo de todos os partidos, senão não participariam de eleições, mas
organizariam grupos dedicados a ações de desestabilização do sistema vigente ou
mesmo de guerrilhas para vencer o Governo.
Muitos comunistas acreditam
que "a revolução" possa ser através do voto, por isso trabalham pela
conscientização do povo. Eles dizem que com isso chegarão ao poder, e nele
poderão fazer as mudanças necessárias para passar do Capitalismo ao Socialismo
e deste ao Comunismo. Isto é o que se vê nos projetos eleitorais e nos
programas de governo dos partidos que seguem essa linha.
2.6.2 A Proposta Socialista
Para o Brasil
Na leitura dos estatutos e
projetos de governo dos partidos socialistas do Brasil fica clara uma confusão:
muita gente acredita que os socialistas ganhando o poder tomarão toda
propriedade privada, mas tais documentos mostram que não é bem assim: eles
lutam "para que todos tenham, não para que ninguém seja dono de nada"
(Nascimento, 1998).
Nessa linha é que o PT
defende que "só será tirado para reforma agrária o que passar de 500
hectares e que não esteja sendo produtivo" (Nascimento, 1998).
E outra coisa: "Muitos
juristas famosos consideram que o latifúndio que não cumpre a função social,
que é produzir alimentos de forma 'não predatória', é não só injusto mas
ilegal, e defendem que as ocupações não são apenas justas, mas legais"
(Stédile & Gorgen, 1993).
Tal citação de Stédile &
Gorgen é porque a Constituição de 1988 diz que "compete à União
desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural
que não esteja cumprindo sua função social, mediante (...) títulos da dívida
agrária (...) resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano
de sua emissão (...)" (Constituição, 1988. Art. 184).
Quanto à vida urbana, os
partidos socialistas pregam que pequenas e até médias indústrias e comércio
privados poderão - e até deverão - funcionar num Brasil por eles governado. Isso
para que as pessoas não fiquem desestimuladas ou obrigadas a serem sempre
"empregadas do Estado".
"O que não pode é
permitir que pessoas tenham empresas ou terras suficientes para, às vezes,
torná-las mais poderosas que certos estados, além de levar muita gente ao
trabalho explorativo" (Nascimento, 1998).
Além dessas duas áreas, os
socialistas pregam muito o desenvolvimento educacional e tecnológico do país, o
que realmente todos os países que passaram ou estão passando por essa
experiência procuraram adotar. Cuba, por exemplo, "passou de 8,5% com
segundo grau e 2,4% com curso superior em 1959 para 46,2% e 10,7% em 1986
respectivamente" (Silva, 1986), o que demonstra o aumento da escolaridade,
que leva, também, à possibilidade de desenvolvimento em todas as outras áreas.
2.6.3 A Manutenção da
Democracia
Tem-se falado muito dos
socialistas como se eles pretendessem acabar com a democracia, mas todo
socialista sabe que é inviável tentar governar sem o apoio da maioria, nem é a
intenção deles: o objetivo deles é "governar para o povo", e quando a
maioria estiver contra, então o Governo não mais estará sendo democrático. Por
isso já não se pretende chegar ao poder e nele manter-se pela força. Isso fica
claro quando João Batista Lemos, no documento da 8ª Conferência Nacional do
PCdoB, fala sobre "A Classe Operária no Limiar do Século XXI" (Lemos,
1995).
E tem mais: "Democracia é
governo para o povo. Então, quando um Governo está trabalhando pelo povo ele
está sendo democrático, quando está trabalhando para minorias, mesmo que tenha
sido eleito, não está sendo democrático, e é isso que geralmente anda ocorrendo
hoje em dia" (Nascimento, 1998).
Portanto, os socialistas
sentem-se os verdadeiros defensores da democracia, e sentem que os outros
Governos são falsos democratas que se elegem dizendo uma coisa e, enganando o
povo, faz outra, geralmente defendendo interesses de grandes proprietários
nacionais e estrangeiros.
2.6.4 A Revisão da Dívida
Externa
Como já ocorreu com o Brasil,
com a Rússia, a Argentina e outros, o não pagamento da dívida externa
(moratória) é um método usado por países que estejam passando por crise
financeira muito grave. O problema é que o país que decreta moratória acaba
sendo "boicotado" por outras nações que dominam o comércio e a
economia mundial, ou passa e ter que aceitar outras imposições prejudiciais,
como desnacionalização de empresas, economia e terras, como está ocorrendo na
Argentina atualmente.
Mas, mesmo assim, defensores
do Socialismo acreditam e defendem que a dívida externa brasileira não deveria
ser paga, porque "os juros de tal dívida foram aumentados indevidamente, e
caso isso não tivesse ocorrido, já teríamos pagado tudo" (Nascimento,
1998). Também porque "o dinheiro que os especuladores tiram todo dia do
nosso país é muito mais do que emprestaram para o Brasil. Indiretamente já
pagamos a dívida várias vezes" (Martins, 1998).
Caso o país deixe de pagar a
dívida externa – o que, segundo exposto acima, não seria imoral –, todo o
dinheiro que sai "às claras" e o que sai como lucro das
multinacionais poderia ser investido em melhorias sociais como saúde, educação,
salário para produção e desenvolvimento tecnológico. “No Brasil,
especificamente, um bloqueio capitalista internacional não surtiria muito
efeito, pois o nosso país tem condições de sobreviver com suas próprias
riquezas" (Brasileiro, 1998).
(...) e os outros é que
precisariam de nós. Nós temos todo tipo de matéria-prima e ótimas terras: só é
necessário investir e pagar bem os cientistas. Assim, a matéria-prima que eles
levam quase de graça ficaria aqui e produziríamos tecnologia como qualquer
outro, e eles, caso quisessem produzir – como é o caso do Japão –, teriam que
pagar nosso preço por nossos produtos (Nascimento, 1998).
Assim, os socialistas dizem
que um país naturalmente rico como o Brasil poderia dar melhores condições de
vida à sua população caso não ficasse mais atrelado ao Fundo Monetário
Internacional – FMI e aos países ricos do mundo capitalista.
2.6.5 Como Manter as
Conquistas
Para os socialistas, manter
as conquistas alcançadas no decorrer de sua história é fundamental no processo
de passagem ao Comunismo, porque, caso não haja um cuidado muito grande, os
capitalistas voltarão ao poder e todos os avanços serão anulados. Para isso
''na maioria dos momentos nacionais os grupos e partidos de esquerda se unem em
um único bloco. É o caso das atuais eleições nacionais, onde o PT, PCdoB e PCB
estão na mesma coligação, fato que se repete na maioria dos estados nas
eleições para governadores" (Bobato, 1998). O que ocorreu também nas
eleições de 2002 e de 2005.
Dessa forma, tais partidos,
além de estarem juntos contra os que eles classificam como
"neoliberais" durante as eleições, buscam permanecer unidos na hora
de votar projetos do Governo ou de seus aliados, rejeitando todos que não são
vistos na ótica socialista.
Eles têm dificuldades em
aprovar projetos socialistas, ou mesmo impedir que os outros aprovem projetos
capitalistas, porque são minoria. "Dos mais de quinhentos parlamentares do
Brasil, a esquerda tem não mais que cem, e com isso ela não consegue mostrar a
que veio" (Nascimento, 1998).
No entanto, esses partidos
acreditam na importância de estarem participando, mesmo que de forma minoritária,
"porque os outros sabem que se fizerem falcatruas que sejam descobertas
por nós, tentaremos denunciar ao público e à justiça" (Bobato, 1998).
Hoje, com Luís Inácio Lula da
Silva tendo sido eleito presidente, o seu partido, PT, e outros, de esquerda,
estão na condição de situação, experimentando a necessidade de – por uma
questão de governabilidade dentro de uma conjuntura ainda capitalista – tentar
aprovar projetos que antes lutavam para não serem aprovados. Mas aqueles
partidos que realmente lutam pelo Socialismo, mesmo estando no Governo,
continuam com postura ética e defendendo as mudanças que acham necessárias para
caminhar rumo aos seus ideais.
2.6.5.1 Os Meios de
Comunicação
No sistema capitalista, os
meios de comunicação que realmente chegam à população são deles. Portanto,
diretamente ou nas entrelinhas, sempre estão enaltecendo tal modelo e
depreciando o Socialismo. Isto porque sabem que caso os socialistas tenham a
simpatia do povo assumirão o poder, e assumindo não permitirão que os meios de
comunicação possam continuar sendo formador de tendências consumistas, o que
prejudicaria toda a perspectiva de lucro capitalista.
Os capitalistas lutam com
todas as forças contra o Socialismo, porque sabem que "o lucro no
Socialismo será para a sociedade como um todo, enquanto no Capitalismo é para
uns poucos privilegiados" (Brasileiro, 1998).
Isto é: para os donos dos
meios de comunicação e para quem os mantêm – os grandes empresários –, permitir
que ideias socialistas entrem em seus canais de televisão, rádios, revistas e
jornais é algo absurdo.
Para vencer tais empecilhos,
os partidos socialistas organizam grupos de reuniões para estudo e posterior
divulgação e luta entre colegas de trabalho, estudo, religião ou lazer. Dessa
forma é que:
Além do partido, existem a União
da Juventude Socialista - UJS que procura reunir jovens, a União Brasileira de
Mulheres - UBM, a Comissão Nacional de Associações de Moradores - CONAM, que reúne
dirigentes de associações de moradores defensores da causa socialista, a Corrente Sindical Classista - CSC, que organiza os dirigentes sindicais
socialistas, além de algumas outras entidades. Além de possuir editora
especializada na publicação de revistas e livros de cunho político (Bobato,
1998).
Quase todo mundo assiste a Globo, e
ela luta sempre contra o Socialismo, influenciando todos a pensarem que socialistas
– e comunistas – são o terror da humanidade. E como essa ideia já está
enraizada na mente do povo desde o início do Socialismo no Brasil, quando os
positivistas de plantão conseguiram convencer cristãos e militares a se opor
totalmente a qualquer mudança, até hoje você vê pessoas fugindo de alguém que
se diz comunista como o diabo foge da cruz (Nascimento, 1998).
Outra coisa importante
"é que a comunicação faz a realidade. Assim, uma coisa passa a existir no
momento em que é comunicada, é notícia. Se não é comunicada, para a maioria das
pessoas deixa de existir (...). Um outro belo exemplo é a ‘construção da
realidade’" (Guareschi, 1998), onde os meios de comunicação
"criam" a realidade que lhes interessa.
Assim, tais meios
"criam" a realidade onde Socialismo é ruim e Capitalismo é bom;
Socialismo é sinônimo de ditadura e Capitalismo de democracia.
2.6.5.2 O Sistema Educacional
Acredita-se que a melhor
forma para mudar a visão do povo sobre o que seja o Socialismo é através da
educação.
No Socialismo, como já foi
dito no item que foi abordado o desenvolvimento tecnológico, estudar é
fundamental para o desenvolvimento do povo. Mas esse estudo deve ser para a
formação da liberdade, da autonomia. Paulo Freire mesmo, que era socialista
militante do Partido dos Trabalhadores, buscou desenvolver propostas
pedagógicas que possibilitassem aos marginalizados social e economicamente o
aprendizado rápido e crítico, como pode ser visto em seus vários escritos.
É interessante notar a
preocupação com a formação, e formação crítica. Assim, Paulo Freire cita:
Um homem que fora, durante muito tempo, operário (participando de um debate onde) se estabeleceu uma dessas discussões em que se afirmava a “periculosidade da consciência crítica”. No meio da discussão, disse esse homem: “Talvez seja eu, entre os senhores, o único de origem operária. Não posso dizer que haja entendido todas as palavras que foram ditas aqui, mas uma coisa posso afirmar: cheguei a esse curso ingênuo e, ao descobrir-me ingênuo, comecei a tornar-me crítico” (Freire, 1987. O parênteses é nosso).
Um homem que fora, durante muito tempo, operário (participando de um debate onde) se estabeleceu uma dessas discussões em que se afirmava a “periculosidade da consciência crítica”. No meio da discussão, disse esse homem: “Talvez seja eu, entre os senhores, o único de origem operária. Não posso dizer que haja entendido todas as palavras que foram ditas aqui, mas uma coisa posso afirmar: cheguei a esse curso ingênuo e, ao descobrir-me ingênuo, comecei a tornar-me crítico” (Freire, 1987. O parênteses é nosso).
Os socialistas preocupam-se
tanto com a educação que é fácil perceber nos deputados federais que têm no
Paraná uma luta constante pelo "ensino público, gratuito e de
qualidade", como pronunciamento de Ricardo Gomyde no Parlamento, onde diz
que "não é possível que um Estado da importância do Paraná seja tratado da
forma que o MEC faz em relação ao crédito educativo" (Gomyde, 1997).
E mostram a melhoria da
qualidade educacional ao assumirem o poder, tanto na formação dos educandos,
como citado anteriormente, quanto na valorização do professor: "Os
salários (em Cuba) não são iguais. O mais baixo é da ordem de 100 pesos, e o
mais alto da ordem de 500. Professor de escola secundária ganha entre 170 e 260
pesos; professor universitário, 295 a 450 pesos" (Silva, 1986).
Isto é: Como os salários
variam só de um para cinco, significa que os lucros sociais são melhor
divididos, possibilitando um padrão melhor a todos, e um professor secundário
recebe entre um pouco menos da média e um pouco mais, enquanto um universitário
fica quase no topo.
Comparando com os países
capitalistas, percebe-se que professores recebem muito abaixo da média, ou que
jamais chegam a receber perto dos salários mais altos existentes.
Toda essa preocupação com a
educação está ligada à necessidade de se desenvolver tecnológica, ética e
socialmente a população que caminha rumo ao Comunismo.
Por isso o Governo que se
apresenta socialista a caminho do Comunismo fará grandes investimentos na
educação para que tenhamos tecnologia e sensibilidade para fazer com que as
riquezas materiais (minérios, plantas do Brasil, e gêneros agrícolas, por
exemplo) fiquem aqui mesmo e sejam usados por nós, gerando trabalho e produtos
acabados para nosso próprio uso e para caso os outros queiram, exportarmos ao
nosso preço (Nascimento, 1997).
2.6.5.3 A Necessidade de Um
Projeto de Ética
Além do aspecto estritamente
"instrucional" do sistema educativo de qualidade a que os socialistas
pretendem implantar, muito importante é a necessidade de um projeto de ética,
onde eles buscariam formar as pessoas para a liberdade com responsabilidade, e
para a formação de "outros valores vitais".
É preciso que se crie um
Projeto de Ética para nossa sociedade, porque hoje em dia a maioria das pessoas
não está tendo um sentido para a vida, e com isso não encontra motivos para uma
vivência social em que os outros sejam respeitados.
Está na hora da sociedade
reunir alguns de seus representantes, como Ordem dos Advogados do Brasil - OAB, Conferência Nacional dos Bispos dos Brasil - CNBB, Associação Brasileira
de Imprensa - ABI, Academia Brasileira de Letras - ABL, partidos políticos realmente
interessados em ajudar a sociedade, e muitas outras entidades – principalmente
as não-governamentais – para discutir os rumos do Brasil, pois do jeito que
está indo o comportamento, as atitudes dos adolescentes e das crianças não
chegaremos muito longe sem problemas muito, muito sérios (Nascimento, 1998).
Nesse "Projeto de
Ética", que alguns acabam vendo como uma interferência na liberdade do
cidadão, os socialistas dizem até da necessidade de se "escolher" o
que passar ou não na televisão
Porque censura seria o Governo
proibir que este ou aquele programa, filme ou jornalismo seja veiculado para
que não se conheça a realidade por que o mundo passa, mas os próprios
representantes da sociedade civil escolher o que querem consumir não é censura,
e sim um direito de todos aqueles que zelam pelo desenvolvimento sadio de suas
crianças, dos futuros cidadãos, que agirão bem ou mal dependendo do que
assimilaram em seu desenvolvimento (Nascimento, 1998).
III CONCLUSÃO
Neste trabalho ficou claro
que o Socialismo não é aquela monstruosidade que os meios de comunicação
geralmente passam. Deu para entender o que realmente é e os motivos dessa visão
distorcida dos fatos.
É importante salientar,
então, que ninguém deve aceitar as ideias passadas por um setor da sociedade
como se ele fosse o dono da verdade, sendo, portanto, necessário buscar outras
fontes para, com vários pontos-de-vista, chegar-se a uma conclusão que seja a
mais isenta possível.
Com relação ao Socialismo,
chama a atenção o que foi descoberto sobre as intenções daqueles que criaram
tal teoria e de seus defensores, porque é raro observar, hodiernamente, pessoas
que se dediquem a buscar uma sociedade mais justa. Por isso, só saber o que
essas pessoas pretendem já é suficiente para despertar interesse e questionar a
visão atual de que ninguém mais está na política por vontade de ajudar a
coletividade. O que se pode concluir é que, além dos religiosos, existe mais
esse pessoal lutando por melhorias dentro de uma visão científica, e, portanto,
tem sim perspectivas de que nem tudo esteja perdido, pois apesar de as
experiências socialistas já havidas terem, na maioria, fracassado, muitos dos
que defendem esse sistema como opção para melhores dias acreditam, conforme
ficou claro nas citações de socialistas atuais, que ainda existe a real
possibilidade de que em outros lugares – inclusive no Brasil – as experiências
futuras acontecerão e poderão ser melhores que as de antes ou as atuais, não
fracassando e levando a humanidade a um padrão melhor de existência.
IV BIBLIOGRAFIA
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