O movimento “Fora, Temer” retoma o fôlego e ganha um importante aliado a partir da denúncia divulgada na noite desta quinta-feira (24) de que o ex-ministro da Cultura Marcelo Calero não foi só pressionado pelo Secretário de Governo Geddel Vieira Lima, mas que o próprio presidente, Michel Temer, havia o enquadrado igualmente em favor da liberação de obras de interesse particular. Como algum tempo não se via, a imprensa nacional está repercutindo o caso.
Foto: Beto Barata/PR
Geddel pediu demissão por e-mail ao presidente Michel Temer na manhã desta sexta-feira (25)
Após divulgação desta denúncia feita à Polícia Federal e com possibilidades de provas das conversas, a mídia deu uma estrondosa repercussão do caso, ressaltando que a oposição irá entrar com abertura de um processo de impeachment logo na segunda-feira (28).Ainda na noite desta quinta (24), a revista Exame, publicou que o senador Lindbergh Farias, representando a oposição, iria entrar com o pedido de impeachment contra Temer. “Calero fez um depoimento muito grave a PF. O presidente usou seu cargo para defender interesses privados, pressionando o ministro Calero. A gente classifica isso como crime de responsabilidade”, afirmou Lindbergh à revista.
Foi o que declarou também o líder do PT na Câmara, Afonso Florence (BA). “Identificado o crime de responsabilidade, o caminho é a abertura de um processo de impeachment de Temer. O governo Temer derrete”.
A senadora Vanessa Grazziotin também tratou das graves denúncias contra o presidente Michel Temer e ressaltou que seria melhor para o país se ele deixasse a presidência e convocasse eleições diretas. Segundo ela, para que a democracia retomasse é preciso que o povo escolhesse, por eleições diretas, o novo presidente do Brasil.
O caso Calero x Geddel x Temer
Pelo que narrou o ex-ministro à Polícia Federal, Michel Temer o convocou para uma reunião no último dia 17. Na ocasião, disse-lhe que o embargo do Iphan ao prédio de Geddel Vieira Lima havia criado ‘dificuldades operacionais’ no Planalto. Por isso, pediu a Marcelo Calero que encontrasse uma solução junto à Advocacia-Geral da União.
Segundo o ex-ministro, o peemedebista lhe advertiu que "a política tem dessas coisas, esse tipo de pressão’. Calero disse ainda que Temer ‘demonstrava insistência’ em fazer com que ele "interferisse indevidamente" no processo do edifício La Vue.
A transcrição do depoimento foi enviada ao Supremo Tribunal Federal e à Procuradoria-Geral da República, que podem abrir inquérito.
Impeachment de Temer
A Folha reproduz o trecho da lei do impeachment pinçado pelo PT para enquadrar Michel Temer: “Servir-se das autoridades sob sua subordinação imediata para praticar abuso de poder, ou tolerar que essas autoridades o pratiquem sem repressão sua”.
O colunista de O Globo, Ricardo Noblat publicou às 5 horas da manhã desta sexta (25) a informação com o título: “A nova crise política só tem um pai: Temer”. No texto, o colunista publica parte do artigo que define crime de responsabilidade e pode levar “um presidente a julgamento e à perda do mandato”.
“Diz o inciso três do artigo que é crime “não tornar efetiva a responsabilidade dos seus subordinados, quando manifesta em delitos funcionais ou na prática de atos contrários à Constituição”. Diz o inciso sete do mesmo artigo que é crime “proceder de modo incompatível com a dignidade, a honra e o decoro do cargo”.
“Haverá certamente quem encontre em tais disposições amparo bastante para propor o impeachment do presidente Michel Temer caso reste provado que ele fez o que o ex-ministro da Cultura Marcelo Calero lhe imputa”, questionou o colunista.
Consequências imprevisíveis
Logo após a queda de Geddel, outro colunista de O Globo comentou sobre a responsabilidade de Michel Temer no caso. Jorge Moreno publicou nesta sexta-feira (25): “Geddel pode deixar o governo hoje. Mas sua demissão, a esta altura, não ameniza a crise em que o governo mergulhou, por conta do episódio do edifício de Salvador. Temer demorou a agir e acabou sendo contaminado pelo escândalo, cujas consequências tornaram-se agora imprevisíveis.
Ação da PGR
Um desdobramento do depoimento de Marcelo Calero à PF é o possível pedido da Procuradoria-Geral da República para que o Supremo Tribunal Federal autorize a abertura de inquérito contra o ministro Geddel.
Segundo a Folha, a inclusão dos nomes de Michel Temer e Eliseu Padilha neste pedido ao STF é cogitada, mas dependerá de uma análise mais profunda.
Temer sem apoio
A colunista Denise Rothenburg, do Correio Braziliense, reitera que há um consenso entre os empresários de que a ‘lua de mel’ com o peemedebista está chegando ao fim e, até agora, não há resultados contundentes na economia.
Crise na economia
A imprensa começou a admitir que a economia nacional demonstra que a situação não será resolvida em pouco tempo, como admitiu o próprio ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. Manchetes do Estadão, da revista Época trataram da revisão negativa de crescimento da economia para 2017. Desde então, inúmeros dados mais reais da economia vem sendo divulgados pela imprensa.
Segundo admitiu recentemente a colunista do Estadão, Eliane Cantanhêde - que geralmente defende o golpista presidente -, em vez da "pacificação nacional" prometida, o governo Temer trouxe "várias guerras simultâneas" a Brasília.
Do Portal Vermelho, Eliz Brandão, com agências
Disponível em: <http://www.vermelho.org.br/noticia/290190-1>. Acesso em: 25/11/2016.
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