Disponível em: http://www.brasil247.com/pt/247/mundo/146842/Nasce-nova-ordem-mundial-e-m%C3%ADdia-tenta-esconder.htm. Acesso em: 24.07.2014
Principal fato econômico desde a crise de 2009, criação do Novo Banco de Desenvolvimento e Acordo de Reservas de Contingência fura esquema financeiro global traçado em 1944, em Bretton Woods; prevalência de americanos e europeus no Banco Mundial e no FMI é enfrentada com cartada que muda o jogo; Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul anunciaram US$ 150 bilhões para banco e poupança em comum; colunista Eliane Cantanhêde, na Globo News, insere fato como "mais badalação e fotografias para a presidente Dilma Rousseff"; no Financial Times, da Inglaterra, análise é outra: "BRICS dão notável demonstração de como a ordem econômica está mudando"
Principal fato econômico desde a crise de 2009, criação do Novo Banco de Desenvolvimento e Acordo de Reservas de Contingência fura esquema financeiro global traçado em 1944, em Bretton Woods; prevalência de americanos e europeus no Banco Mundial e no FMI é enfrentada com cartada que muda o jogo; Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul anunciaram US$ 150 bilhões para banco e poupança em comum; colunista Eliane Cantanhêde, na Globo News, insere fato como "mais badalação e fotografias para a presidente Dilma Rousseff"; no Financial Times, da Inglaterra, análise é outra: "BRICS dão notável demonstração de como a ordem econômica está mudando"
Bretton Woods, 1944. Fortaleza, 2014.
Setenta anos depois de terem sido traçadas as regras da governança financeira
do mundo, um fato capaz de inserir outra cidade no mapa das grandes mudanças
econômicas globais aconteceu.
Na capital do Ceará, nesta terça-feira
15, os cinco países que integram a sigla BRICS inauguraram, na prática, uma
nova ordem para o mundo. Eles colocaram em prática a constituição de um bloco
econômico repleto de afinidades políticas. A partir de agora, já se sabe que
Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul terão o seu Novo Banco de
Desenvolvimento, com capital inicial de US$ 50 bilhões, mas que poderá ser
elevado a US$ 100 bilhões, para fazer frente ao Banco Mundial. E também
formarão uma poupança de US$ 100 bilhões no Acordo de Reservas de Contingência,
exatamente para não dependerem exclusivamente do Fundo Monetário Internacional
para serem socorridos em crises. O jornal inglês Financial Times publicou
análise da redação que dá a correta dimensão do conjunto desses fatos: "Notável
demonstração de como a ordem econômica está mudando".
Na mídia tradicional brasileira, no
entanto, o assunto foi publicado, como se diz no jargão do jornalismo, com
"má vontade". A reunião de Fortaleza que impressionou o FT e chama a
atenção de todos os líderes mundiais não mereceu, na terça-feira 15, ocupar o
espaço da manchete de nenhum dos jornais Folha de S. Paulo, Estado e Globo. Na
tevê, a colunista Eliane Cantanhêde, na Globo News, registrou o acontecimento
dentro do contexto da sucessão presidencial:
- A Copa acabou, mas a presidente Dilma
Rousseff engatou uma segunda e já está de novo nas fotografias, registrou a
comentarista. Ao final do comentário, lembrou que nesta quarta-feira, em
Brasília, cerca de 20 presidentes do continente americano serão recebidos para
ter informações sobre como irá funcionar o banco de desenvolvimento e o fundo
de reservas. E pontuou:
- Será mais um momento de badalação e
fotografias para a presidente que é candidato à reeleição.
Ideia estudada pela nata dos
economistas dos governos dos BRICS há pelo menos dois anos, o Novo Banco de
Desenvolvimento poderá emprestar dinheiro para projetos de infraestrutura em
países em desenvolvimento a juros menores que os praticados pelo Banco Mundial.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, explicou que os recursos dos BRICS
poderão ser aplicados em fundos especiais para renderem enquanto aguardam as
demandas dos países.
Houve apostas nos jornais brasileiros
de que uma briga de última hora entre as delegações da China e da Índia poderia
matar a ideia de criação do banco de fomento. Não foi o que ocorreu. Os sócios
acordaram rapidamente em que a sede será em Xangai, na China; o primeiro
presidente será da Índia, inaugurando o rodízio de cinco anos no cargo; a
presidência do conselho de administração será do Brasil; a Rússia ficará com a
presidência do conselho de governadores; e a primeira sede regional da
instituição ficará na África do Sul.
- A democracia é uma das marcas
do BRICS, disse Mantega.
Com um mercado consumidor de 3 bilhões
de pessoas e um PIB conjunto que equivale a 20% da riqueza mundial, o BRICS
poderá adotar, no futuro, as moedas nacionais para transações comerciais entre
seus cinco sócios. Na véspera da cúpula, 700 empresários assinaram carta em que
pedem aos líderes políticos a adoção dessa medida, que substituiria o dólar e o
euro em compras e vendas.
O presidente do BNDES, Luciano
Coutinho, estimou no encontro de Fortaleza que a demanda de recursos para
projetos de infraestrutura em países em desenvolvimento chega, hoje, a US$ 800
bilhões. Há, assim, demanda suficiente para o banco do BRICS ter um grande
papel na nova ordem mundial que o grupo está criando a olhos vistos – ainda que
a mídia brasileira tenha má vontade em enxergar.
Abaixo, notícia da Agência Brasil a
respeito:
Países do Brics defendem mudanças no
Fundo Monetário Internacional
Daniel Lima e Sabrina Craide - Enviados
Especiais
Os representantes dos países do Brics
(Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) defenderam a implementação de
reformas do Fundo Monetário Internacional (FMI), para modernizar a estrutura de
governança do órgão e refletir melhor o peso das economias emergentes. Na Declaração
de Fortaleza, documento resultante da 6ª Cúpula do Brics, realizada hoje
(15) em Fortaleza, os cinco países cobraram a revisão geral das cotas do FMI,
sem atrasos.
Após a reunião, a presidenta Dilma
Rousseff também defendeu a reforma das cotas, com o cumprimento dos acordos
firmados pelo G20, que previam a reforma do FMI e do Banco Mundial. Segundo
ela, as modificações nas cotas poderiam garantir que essas entidades
refletissem o real poder das economias emergentes.
A presidenta destacou que a criação do
Novo Banco de Desenvolvimento, que irá financiar projetos dos países do Brics,
não é uma resposta à falta de reforma do FMI. “É uma resposta às nossas
necessidades. Acredito que, mesmo com a criação do banco do Brics, fica ainda
colocada na pauta a mudança das cotas, que é importante para dar sustentação e
legitimidade a uma instituição multilateral, que é o Fundo Monetário”, disse.
Outro tema abordado pelos líderes do
Brics na declaração final do evento é a necessidade de reforma no Conselho de
Segurança da ONU, para torná-lo mais representativo, eficaz e eficiente. “China
e Rússia reiteram a importância que atribuem ao status e papel
de Brasil, Índia e África do Sul em assuntos internacionais e apoiam sua
aspiração de desempenhar um papel maior nas Nações Unidas”, diz o documento.
Sobre esse assunto, a presidenta Dilma
ressaltou que a resolução de conflitos regionais evidenciam a necessidade de o
Conselho de Segurança ser um órgão de maior representatividade. “Nós afirmamos
a paz, a necessidade de priorizar o diálogo como forma de garantir a resolução
de conflitos e consideramos que o melhor padrão é primeiros seguir as regras
das Nações Unidas, respeitar o direito internacional e agir dentro desse
marco”.
Disponível em: http://www.brasil247.com/pt/247/mundo/146842/Nasce-nova-ordem-mundial-e-m%C3%ADdia-tenta-esconder.htm. Acesso em: 24.07.2014
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