E a grande jornada começou...
Sempre procurando ir em frente,
Mas muitas vezes começando tudo de novo...
Dá uma enorme aflição:
Sabe que deve sempre continuar,
Mas se não começar pelo novo caminho...
Então começa...
Não é fácil nem explicar...
A vida vai passando,
E não consegue se realizar...
Se acha!
Tudo passa a ser lindo...
Não se preocupa com mais nada.
De repente...
Lá está de novo,
Fazendo as coisas desde o começo,
Pensando que agora dará certo.
Foz, 07/02/85
Publicação de qualquer assunto que eu achar interessante, como Filosofia, Política, Educação, Psicologia, Segurança Pública...
segunda-feira, 12 de dezembro de 2011
Futebol
Eu, nessa época de final de campeonato, começo a achar que não sou normal (ou que nem sou humano), porque não gosto de futebol (ou melhor, nem não gosto nem gosto) e acho um absurdo como as pessoas torcem a favor ou contra esse ou aquele time.
Mas, sei lá: talvez sejam esses sentimentos que deem sentido à vida das pessoas humanas (Gosto tanto desse termo: "pessoas humanas". Porque o sentimento das pessoas que não são humanas também existe, segundo quem precisa dizer que são "pessoas humanas" mesmo quando é para falar de sentimento, de pensamento, amor, ódio, compreensão... É cada coisa!).
Mas, sei lá: talvez sejam esses sentimentos que deem sentido à vida das pessoas humanas (Gosto tanto desse termo: "pessoas humanas". Porque o sentimento das pessoas que não são humanas também existe, segundo quem precisa dizer que são "pessoas humanas" mesmo quando é para falar de sentimento, de pensamento, amor, ódio, compreensão... É cada coisa!).
quinta-feira, 8 de dezembro de 2011
LIBERDADE
“Todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade” (DUDH, Art. 1º).
Liberdade,
É as folhas serem movidas pelo vento,
É os pássaros voarem com as asas,
E os homens com o pensamento.
Liberdade,
É as pessoas terem sol,
Mas ter sombra quando quiserem.
É ter chuva,
Mas não serem obrigadas a se molhar.
Liberdade,
É correr,
Sempre para algo melhor,
Sem que ninguém trace o caminho.
É receber apoio dos amigos nas horas difíceis.
Liberdade,
É poder pensar num futuro melhor,
Sem o perigo de “forças estranhas” interferirem.
É poder andar descalço,
Sem o perigo de se contaminar
Por sujeiras deixadas por outros.
Liberdade,
É poder alertar para o que está errado;
É poder pensar,
Poder falar,
Escrever...
Liberdade,
É ter silêncio quando se quer ou precisa,
Mesmo numa cidade grande;
É ter ar puro,
Em toda parte do mundo.
Liberdade,
É ser livre para fazer o que se quer,
Para sentir a liberdade...
Foz, 17/05/85
Liberdade,
É as folhas serem movidas pelo vento,
É os pássaros voarem com as asas,
E os homens com o pensamento.
Liberdade,
É as pessoas terem sol,
Mas ter sombra quando quiserem.
É ter chuva,
Mas não serem obrigadas a se molhar.
Liberdade,
É correr,
Sempre para algo melhor,
Sem que ninguém trace o caminho.
É receber apoio dos amigos nas horas difíceis.
Liberdade,
É poder pensar num futuro melhor,
Sem o perigo de “forças estranhas” interferirem.
É poder andar descalço,
Sem o perigo de se contaminar
Por sujeiras deixadas por outros.
Liberdade,
É poder alertar para o que está errado;
É poder pensar,
Poder falar,
Escrever...
Liberdade,
É ter silêncio quando se quer ou precisa,
Mesmo numa cidade grande;
É ter ar puro,
Em toda parte do mundo.
Liberdade,
É ser livre para fazer o que se quer,
Para sentir a liberdade...
Foz, 17/05/85
quarta-feira, 7 de dezembro de 2011
Sociedade Protetora dos Animais Humanos
Vejo tanta gente abandonada, sem cuidados, sofrendo, e tanta Sociedade Protetora dos Animais cuidando apenas de quadrúpedes ou bípedes penosos, que penso estar na hora de alguns desses defensores da vida animal lembrarem que também somos animais, “animais mamíferos, bípedes, que se distinguem dos outros mamíferos, como a baleia, ou bípedes, como a galinha principalmente por duas características: o telencéfalo altamente desenvolvido e o polegar opositor”.
Gostaria que percebessem que: “o telencéfalo altamente desenvolvido permite aos seres humanos armazenar informações, relacioná-las, processá-las e entendê-las; o polegar opositor permite aos seres humanos o movimento de pinça dos dedos o que, por sua vez, permite a manipulação de precisão”, mas que, como animais que também somos, também poderiam dispensar atenção e recursos para com os de nossa espécie que estão à míngua por aí.
Cadê abrigos para os que, por um motivo ou outro, estão sem clãs, sem amigos, sem lar? Cadê comida, carinho? Por que cachorros ou répteis peçonhentos e traiçoeiros merecem mais atenção que, por exemplo, aquela senhora já idosa que anda pelas ruas com um saco nas costas e passa fome e frio até quase morrer? Por que não criam uma SPAH - Sociedade Protetora dos Animais Humanos?
E eu, que por força das circunstâncias existenciais às vezes sou chamado a tentar resolver alguma dessas situações, só tenho para onde encaminhar os quadrúpedes e bípedes penosos, sendo que os da espécie a que penso pertencer não têm ninguém que tenha criado uma estrutura adequada para recebê-los, e não tem ninguém que os queira... Principalmente à noite, nos finais de semana, feriados, recessos...!
Obs.: Partes entre aspas retiradas do curta-metragem Ilha das Flores.
Gostaria que percebessem que: “o telencéfalo altamente desenvolvido permite aos seres humanos armazenar informações, relacioná-las, processá-las e entendê-las; o polegar opositor permite aos seres humanos o movimento de pinça dos dedos o que, por sua vez, permite a manipulação de precisão”, mas que, como animais que também somos, também poderiam dispensar atenção e recursos para com os de nossa espécie que estão à míngua por aí.
Cadê abrigos para os que, por um motivo ou outro, estão sem clãs, sem amigos, sem lar? Cadê comida, carinho? Por que cachorros ou répteis peçonhentos e traiçoeiros merecem mais atenção que, por exemplo, aquela senhora já idosa que anda pelas ruas com um saco nas costas e passa fome e frio até quase morrer? Por que não criam uma SPAH - Sociedade Protetora dos Animais Humanos?
E eu, que por força das circunstâncias existenciais às vezes sou chamado a tentar resolver alguma dessas situações, só tenho para onde encaminhar os quadrúpedes e bípedes penosos, sendo que os da espécie a que penso pertencer não têm ninguém que tenha criado uma estrutura adequada para recebê-los, e não tem ninguém que os queira... Principalmente à noite, nos finais de semana, feriados, recessos...!
Obs.: Partes entre aspas retiradas do curta-metragem Ilha das Flores.
domingo, 4 de dezembro de 2011
BUSCA
Preso ao próprio ser.
Agarrado à própria natureza.
Emprestado ao próprio organismo.
Perdido no deserto humano.
Buscando suas próprias raízes.
Querendo encontrar-se
na sua própria vida.
Eis-me!
(Soly)
Agarrado à própria natureza.
Emprestado ao próprio organismo.
Perdido no deserto humano.
Buscando suas próprias raízes.
Querendo encontrar-se
na sua própria vida.
Eis-me!
(Soly)
sexta-feira, 2 de dezembro de 2011
Propugnar por menos, igual ou mais vereadores?
Várias organizações de Foz do Iguaçu (Veja lista no final) estão empenhadas numa luta pelo não aumento do número de vereadores e, em segundo plano, pela diminuição do orçamento daquela casa de leis para a metade do que faculta a Lei Maior.
A priori parece que quase toda a população é favorável a isso, ainda mais que quem vai contra um "movimento" respaldado por instituições fortes (principalmente no aspecto econômico, que permite fazer "a sua verdade" ser majoritária, imposta) encontra muita oposição, não consegue espaço para apresentar e debater suas ideias. Mas eu vejo que, ao menos no primeiro aspecto da luta, estão totalmente equivocados e prestando um desserviço à democracia, porque quanto mais representantes do povo tivéssemos no Legislativo (Municipal), maior seria a possibilidade de termos nossos anseios atendidos, e isso sem a necessidade de haver maiores gastos.
Eu não analisei individualmente as signatárias, mas, no geral, organizaram e/ou contribuíram para um movimento que, como disse no parágrafo anterior, é equivocado e denotador de inconsistência política ou interesses velados. Primeiro, porque quanto mais vereador tivéssemos, mais representatividade teríamos, fazendo com que uma pessoa mais simples, "sem tanto relacionamento, eloquência convencedora de multidões e recursos financeiros próprios ou de terceiros" pudesse ser eleita, o que faria com que fosse mais provável termos entre os vereadores algumas pessoas mais próximas, mais vizinhas mesmo (mais acessíveis, mais fáceis de serem encontradas, cobradas), ou, mesmo não sendo nossas conhecidas, que fossem em número razoável os que não aceitam esconder a verdade, que, assim, denunciassem qualquer irregularidade que viesse a ocorrer nos bastidores do poder legislativo. Segundo, porque não é o fato de ter mais vereadores que, automaticamente, teríamos mais despesa, porque poderíamos pensar em diminuir drasticamente o número de assessores (que ganham quase igual ou até mais que os vereadores), porque, apesar de um ou outro vereador usá-los realmente para trabalhar, muitos os têm apenas para poder apadrinhar alguém ou mesmo somar mais ganhos aos seus salários. Terceiro, porque uma Câmara poderá ter poucos vereadores e, através de outros salários, mordomias e gastos desnecessários, gastar todo o repasse que a Prefeitura, por lei, é obrigada a fazer. Quarto, porque o movimento foi baseado numa pesquisa feita numa conjuntura em que a sociedade está ignorante quanto à importância e imprescindibilidade dos políticos, sendo que, se fosse para radicalizar (como vi num email que está circulando para chamar as pessoas para lutar contra a corrupção), muita gente acha que poderíamos "acabar com todos os políticos do Legislativo, com todos os Legislativos, porque tudo isso não serve para nada", e, assim, sem conscientização, sem a possibilidade de alguém defender outras alternativas que não esta, com certeza a maioria da população aprova tais medidas reducionistas, e se aproveitar disso para lutar por algo é oportunismo (ou ser ignorante com outros ignorantes).
É isso. Penso que elenquei minhas razões, e penso que vários outros, políticos ou não, não deram suas razões contrárias porque foram massacrados pela onda que, originada de sucessivos abalos, segue esse rumo!
Lista:
Associação Brasileira da Indústria de Hotéis Regional Oeste PR – ABIH; Associação Comercial e Industrial de Foz do Iguaçu – ACIFI; Centro Cultural Beneficente Islâmico; Conselho do Jovem Empreendedor de Foz do Iguaçu – COJEFI; Conselho Municipal do Turismo – COMTUR; Conselho Regional de Contabilidade do Paraná – CRCPR; Igreja Católica; Iguassu Convention & Visitors Bureau; Lions 3 Fronteiras; Lions Clube Itaipu; Loja Maçônica Acácia do Iguaçu; Loja Maçônica Cataratas do Iguaçu; Loja Maçônica União das 3 Fronteiras; Loja Maçônica Universitária Panamericana; OAB Foz do Iguaçu; Observatório Social de Foz do Iguaçu; Sindicato da Habitação e Condomínios do Paraná – SecoviPR; Sindicato da Indústria da Construção Civil do Oeste do Paraná – Sinduscon/OestePR; Sindicato das Empresas de Serviços Contábeis e das Empresas de Assessoramento – SescapPR; Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Foz do Iguaçu e Região – Sindhotéis; Sindicato dos Contadores e Técnicos em Contabilifdades de Foz do Iguaçu – Sincofoz; e Sindicato Patronal do Comércio Varejista de Foz do Iguaçu e Região – Sindlojas.
A priori parece que quase toda a população é favorável a isso, ainda mais que quem vai contra um "movimento" respaldado por instituições fortes (principalmente no aspecto econômico, que permite fazer "a sua verdade" ser majoritária, imposta) encontra muita oposição, não consegue espaço para apresentar e debater suas ideias. Mas eu vejo que, ao menos no primeiro aspecto da luta, estão totalmente equivocados e prestando um desserviço à democracia, porque quanto mais representantes do povo tivéssemos no Legislativo (Municipal), maior seria a possibilidade de termos nossos anseios atendidos, e isso sem a necessidade de haver maiores gastos.
Eu não analisei individualmente as signatárias, mas, no geral, organizaram e/ou contribuíram para um movimento que, como disse no parágrafo anterior, é equivocado e denotador de inconsistência política ou interesses velados. Primeiro, porque quanto mais vereador tivéssemos, mais representatividade teríamos, fazendo com que uma pessoa mais simples, "sem tanto relacionamento, eloquência convencedora de multidões e recursos financeiros próprios ou de terceiros" pudesse ser eleita, o que faria com que fosse mais provável termos entre os vereadores algumas pessoas mais próximas, mais vizinhas mesmo (mais acessíveis, mais fáceis de serem encontradas, cobradas), ou, mesmo não sendo nossas conhecidas, que fossem em número razoável os que não aceitam esconder a verdade, que, assim, denunciassem qualquer irregularidade que viesse a ocorrer nos bastidores do poder legislativo. Segundo, porque não é o fato de ter mais vereadores que, automaticamente, teríamos mais despesa, porque poderíamos pensar em diminuir drasticamente o número de assessores (que ganham quase igual ou até mais que os vereadores), porque, apesar de um ou outro vereador usá-los realmente para trabalhar, muitos os têm apenas para poder apadrinhar alguém ou mesmo somar mais ganhos aos seus salários. Terceiro, porque uma Câmara poderá ter poucos vereadores e, através de outros salários, mordomias e gastos desnecessários, gastar todo o repasse que a Prefeitura, por lei, é obrigada a fazer. Quarto, porque o movimento foi baseado numa pesquisa feita numa conjuntura em que a sociedade está ignorante quanto à importância e imprescindibilidade dos políticos, sendo que, se fosse para radicalizar (como vi num email que está circulando para chamar as pessoas para lutar contra a corrupção), muita gente acha que poderíamos "acabar com todos os políticos do Legislativo, com todos os Legislativos, porque tudo isso não serve para nada", e, assim, sem conscientização, sem a possibilidade de alguém defender outras alternativas que não esta, com certeza a maioria da população aprova tais medidas reducionistas, e se aproveitar disso para lutar por algo é oportunismo (ou ser ignorante com outros ignorantes).
É isso. Penso que elenquei minhas razões, e penso que vários outros, políticos ou não, não deram suas razões contrárias porque foram massacrados pela onda que, originada de sucessivos abalos, segue esse rumo!
Lista:
Associação Brasileira da Indústria de Hotéis Regional Oeste PR – ABIH; Associação Comercial e Industrial de Foz do Iguaçu – ACIFI; Centro Cultural Beneficente Islâmico; Conselho do Jovem Empreendedor de Foz do Iguaçu – COJEFI; Conselho Municipal do Turismo – COMTUR; Conselho Regional de Contabilidade do Paraná – CRCPR; Igreja Católica; Iguassu Convention & Visitors Bureau; Lions 3 Fronteiras; Lions Clube Itaipu; Loja Maçônica Acácia do Iguaçu; Loja Maçônica Cataratas do Iguaçu; Loja Maçônica União das 3 Fronteiras; Loja Maçônica Universitária Panamericana; OAB Foz do Iguaçu; Observatório Social de Foz do Iguaçu; Sindicato da Habitação e Condomínios do Paraná – SecoviPR; Sindicato da Indústria da Construção Civil do Oeste do Paraná – Sinduscon/OestePR; Sindicato das Empresas de Serviços Contábeis e das Empresas de Assessoramento – SescapPR; Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Foz do Iguaçu e Região – Sindhotéis; Sindicato dos Contadores e Técnicos em Contabilifdades de Foz do Iguaçu – Sincofoz; e Sindicato Patronal do Comércio Varejista de Foz do Iguaçu e Região – Sindlojas.
A IGREJA E O MUNDO
A Igreja, quando verdadeira – no sentido de séria –, existe para levar as pessoas a uma vida espiritual que faça com que possam ser felizes. Mas para se ter felicidade é também necessário que se tenha uma vida material digna, que possua o necessário para uma boa alimentação, moradia, educação, instrução, saúde, lazer, etc.
Por isso não há condições de uma instituição, e seus integrantes, ficar simplesmente com preocupações espirituais, sem ligação com o mundo temporal (material, terreno). É preciso que a Igreja esteja também preocupada com a vida material das pessoas.
De nada adianta as pessoas terem esperanças e não fazerem algo concreto. É necessário que a Igreja esteja empenhada, sempre tendo em vista a honestidade, a fraternidade – que é seu carisma natural – para que exista política, segurança, comércio voltados para a construção de um mundo melhor, mais igualitário, fraterno.
A Igreja Católica, desde o Concílio Vaticano II, está mais aberta a essas idéias, e está lutando, com algumas exceções e muitas dificuldades, para que nenhum crente seja um alienado, mas sim ligado à realidade, sem esquecer que, segundo as religiões, tudo o que fazemos é porque Alguém deu-nos condições para conseguir.
Existem outras denominações cristãs (e não-cristãs) que estão percebendo esta necessidade de estarmos engajados na realidade temporal e fazermos algo de concreto, pois perceberam que “Deus quis precisar de nós para realizar sua obra”, ou seja, é através das pessoas que Ele quer construir um mundo onde todos sejamos irmãos, onde todos vivam a solidariedade e a fraternidade.
Só lutando por essa conscientização, para que unidos façamos o nosso destino, é que a Igreja poderá dar a paz espiritual ao homem. A conscientização do ser humano é o caminho inevitável para que a Igreja realize sua missão no mundo. Por isso é necessário que esses padres, pastores, que teimam em dizer que Igreja não tem nada a ver com política, economia, desemprego, favelas, descubram que tem sim, e que passem a “ser Igreja” de uma forma comprometida com o mundo.
Com tal atitude, a Igreja – e seus representantes – passa a ter enormidades de opositores, mas estará levando o homem a viver consciente de o que deve ser feito para existir igualdade e felicidade aqui e agora, não só depois da morte, num lugar ainda utópico.
Não podemos esperar por uma felicidade que “só virá depois da morte”. É necessário que sejamos felizes já neste mundo, por isso é que a Igreja deve ajudar a todos na busca dessa felicidade, ocupando-se do homem em toda sua existência e não só na parte espiritual, pois a espiritual não poderá ser boa se a material também não for.
Postscriptum: Quando escrevi este "assunto", em 27.03.2001, ainda acreditava um pouco mais nas Igrejas. Hoje acredito menos, porque vejo que estamos passando por um período em que surgem muitas Igrejas mais e mais alienantes, sendo que inclusive a Católica Romana, que eu havia dito que era exceção a parte alienada, agora está crescendo essa parte e em muitos lugares já é maioria, ou quese totalidade. Mas na essência continuo pensando que elas precisariam (ou precisam) contribuir mais com as coisas do mundo!
Por isso não há condições de uma instituição, e seus integrantes, ficar simplesmente com preocupações espirituais, sem ligação com o mundo temporal (material, terreno). É preciso que a Igreja esteja também preocupada com a vida material das pessoas.
De nada adianta as pessoas terem esperanças e não fazerem algo concreto. É necessário que a Igreja esteja empenhada, sempre tendo em vista a honestidade, a fraternidade – que é seu carisma natural – para que exista política, segurança, comércio voltados para a construção de um mundo melhor, mais igualitário, fraterno.
A Igreja Católica, desde o Concílio Vaticano II, está mais aberta a essas idéias, e está lutando, com algumas exceções e muitas dificuldades, para que nenhum crente seja um alienado, mas sim ligado à realidade, sem esquecer que, segundo as religiões, tudo o que fazemos é porque Alguém deu-nos condições para conseguir.
Existem outras denominações cristãs (e não-cristãs) que estão percebendo esta necessidade de estarmos engajados na realidade temporal e fazermos algo de concreto, pois perceberam que “Deus quis precisar de nós para realizar sua obra”, ou seja, é através das pessoas que Ele quer construir um mundo onde todos sejamos irmãos, onde todos vivam a solidariedade e a fraternidade.
Só lutando por essa conscientização, para que unidos façamos o nosso destino, é que a Igreja poderá dar a paz espiritual ao homem. A conscientização do ser humano é o caminho inevitável para que a Igreja realize sua missão no mundo. Por isso é necessário que esses padres, pastores, que teimam em dizer que Igreja não tem nada a ver com política, economia, desemprego, favelas, descubram que tem sim, e que passem a “ser Igreja” de uma forma comprometida com o mundo.
Com tal atitude, a Igreja – e seus representantes – passa a ter enormidades de opositores, mas estará levando o homem a viver consciente de o que deve ser feito para existir igualdade e felicidade aqui e agora, não só depois da morte, num lugar ainda utópico.
Não podemos esperar por uma felicidade que “só virá depois da morte”. É necessário que sejamos felizes já neste mundo, por isso é que a Igreja deve ajudar a todos na busca dessa felicidade, ocupando-se do homem em toda sua existência e não só na parte espiritual, pois a espiritual não poderá ser boa se a material também não for.
Postscriptum: Quando escrevi este "assunto", em 27.03.2001, ainda acreditava um pouco mais nas Igrejas. Hoje acredito menos, porque vejo que estamos passando por um período em que surgem muitas Igrejas mais e mais alienantes, sendo que inclusive a Católica Romana, que eu havia dito que era exceção a parte alienada, agora está crescendo essa parte e em muitos lugares já é maioria, ou quese totalidade. Mas na essência continuo pensando que elas precisariam (ou precisam) contribuir mais com as coisas do mundo!
SENTIMENTOS
Tanta gente morrendo de fome,
Mesmo antes de poder lutar pela vida!
Quando se vê tantas coisas erradas
Vêm estranhos sentimentos...
Sente-se raiva dos dirigentes,
Sente-se pena dos injustiçados,
Sente-se na obrigação de ajudar...
Fazer alguma coisa por essa gente!
Quem é responsável,
O que sente com uma realidade como esta?...
Seres humanos nascem e logo morrem... de fome.
Não teve sequer uma chance para “autoviver”!
Os pais já estavam quase mortos também!
Tanta riqueza no mundo!
Eles podiam ajudar,
Acabar com esta situação...
Mas...
Enquanto fabricam armas,
E matam com elas,
Muitos morrem por elas existirem;
Simplesmente por elas existirem...
Tantos gastos!...
Será que todo mundo tem que ser assim?
Quando não tem, diz que não dá porque não tem;
Quando tem,
Nem se lembra mais de ajudar quem precisa...
O que passa a sentir?...
Quem tem o poder nas mãos,
Quais são os sentimentos deles?
Sabem que poderiam usá-lo para o bem,
Mas usam para o mal...
Em vez de fazerem a paz,
Fazem a guerra.
Em vez de ajudarem quem sofre,
Fazem quem não sofria sofrer...
Por que fazem guerras?
Será que não se sentem melhor na paz?
Foz, 04/01/85
Mesmo antes de poder lutar pela vida!
Quando se vê tantas coisas erradas
Vêm estranhos sentimentos...
Sente-se raiva dos dirigentes,
Sente-se pena dos injustiçados,
Sente-se na obrigação de ajudar...
Fazer alguma coisa por essa gente!
Quem é responsável,
O que sente com uma realidade como esta?...
Seres humanos nascem e logo morrem... de fome.
Não teve sequer uma chance para “autoviver”!
Os pais já estavam quase mortos também!
Tanta riqueza no mundo!
Eles podiam ajudar,
Acabar com esta situação...
Mas...
Enquanto fabricam armas,
E matam com elas,
Muitos morrem por elas existirem;
Simplesmente por elas existirem...
Tantos gastos!...
Será que todo mundo tem que ser assim?
Quando não tem, diz que não dá porque não tem;
Quando tem,
Nem se lembra mais de ajudar quem precisa...
O que passa a sentir?...
Quem tem o poder nas mãos,
Quais são os sentimentos deles?
Sabem que poderiam usá-lo para o bem,
Mas usam para o mal...
Em vez de fazerem a paz,
Fazem a guerra.
Em vez de ajudarem quem sofre,
Fazem quem não sofria sofrer...
Por que fazem guerras?
Será que não se sentem melhor na paz?
Foz, 04/01/85
quinta-feira, 1 de dezembro de 2011
Estadunidenses e europeus: os melhores do mundo
Qualquer que seja o assunto, os europeus, e principalmente os estadunidenses, arrogam-se no direito de ensinarem e cobrarem do “resto do mundo” o que deve, o que pode e como deve ser feito.
Assim, ensinaram e cobraram a excessiva complacência para com os erros das crianças e adolescentes; ensinam e cobram como se deve preservar a natureza, flora e fauna; ensinam e cobram que não se polua; que não exponha trabalhadores a serviços insalubres, como na manipulação e fabrico de telhas e outros objetos de amianto; ensinam a democracia, a liberdade de escolha do próprio destino das nações... Eles ensinam e exigem tudo, tanto que se for necessário, invadem militarmente ou organizam e obrigam outras nações a fazerem “embargos econômicos” para que “só o correto aconteça em toda e qualquer nação do mundo”!
Mas, o que vemos?
Nos Estados Unidos e na Europa, principalmente na Inglaterra, já estão percebendo que adolescentes e até crianças precisam ter limites claros e sérios, a ponto de se necessário serem tirados do convívio social por curtos ou mesmo longos períodos. Descobriram, só para eles, que se a criança não tiver limites acabará chegando à idade adulta sem limites, sem princípios, sem respeito, destruidor, criminoso, egocêntrico ao estremo, fazendo os outros, pais e mestres, seus escravos, seus capachos...
Quanto à preservação da natureza, eles acabaram com tudo, com matas, animais, insetos, e agora querem que nós nos responsabilizemos pelo mundo todo. Por que eles não fazem reflorestamento, repovoamento da fauna de seus países? Será que querem ter o direito de usar toda a terra deles para exploração e obrigar que nós não usemos a nossa?
Os estadunidenses e os europeus cobram não-poluição, mas –principalmente aqueles – são os que mais poluem, são os que mais destroem, são os que mais sofrem com doenças provenientes de poluição, de intoxicação. Será que cobram dos outros, de nós, só para poderem ter exclusividade da produção e venda de certos produtos que, segundo apenas eles, são “mais saudáveis” que os nossos?
E a democracia deles? Por que só invadem e “consertam” nações que lhes interessam para serem exploradas, exploradas em seus minerais, suas agriculturas, em suas economias, suas inteligências e seus braços fortes e baratos? Por que não invadem países em que morrem milhares, milhões de seres humanos à míngua, sem comida, sem água, sem nada o que ser explorado?
Assim, ensinaram e cobraram a excessiva complacência para com os erros das crianças e adolescentes; ensinam e cobram como se deve preservar a natureza, flora e fauna; ensinam e cobram que não se polua; que não exponha trabalhadores a serviços insalubres, como na manipulação e fabrico de telhas e outros objetos de amianto; ensinam a democracia, a liberdade de escolha do próprio destino das nações... Eles ensinam e exigem tudo, tanto que se for necessário, invadem militarmente ou organizam e obrigam outras nações a fazerem “embargos econômicos” para que “só o correto aconteça em toda e qualquer nação do mundo”!
Mas, o que vemos?
Nos Estados Unidos e na Europa, principalmente na Inglaterra, já estão percebendo que adolescentes e até crianças precisam ter limites claros e sérios, a ponto de se necessário serem tirados do convívio social por curtos ou mesmo longos períodos. Descobriram, só para eles, que se a criança não tiver limites acabará chegando à idade adulta sem limites, sem princípios, sem respeito, destruidor, criminoso, egocêntrico ao estremo, fazendo os outros, pais e mestres, seus escravos, seus capachos...
Quanto à preservação da natureza, eles acabaram com tudo, com matas, animais, insetos, e agora querem que nós nos responsabilizemos pelo mundo todo. Por que eles não fazem reflorestamento, repovoamento da fauna de seus países? Será que querem ter o direito de usar toda a terra deles para exploração e obrigar que nós não usemos a nossa?
Os estadunidenses e os europeus cobram não-poluição, mas –principalmente aqueles – são os que mais poluem, são os que mais destroem, são os que mais sofrem com doenças provenientes de poluição, de intoxicação. Será que cobram dos outros, de nós, só para poderem ter exclusividade da produção e venda de certos produtos que, segundo apenas eles, são “mais saudáveis” que os nossos?
E a democracia deles? Por que só invadem e “consertam” nações que lhes interessam para serem exploradas, exploradas em seus minerais, suas agriculturas, em suas economias, suas inteligências e seus braços fortes e baratos? Por que não invadem países em que morrem milhares, milhões de seres humanos à míngua, sem comida, sem água, sem nada o que ser explorado?
domingo, 27 de novembro de 2011
Quando
Quando alguém te ferir,
E você tentar sorrir
Mesmo que seja para a dor encobrir
E não conseguir;
Quando não tiver um caminho a seguir
E ainda tentarem te destruir;
Quando perceber que sentiu tudo que agüentava sentir
E ver que muita coisa ainda há de vir;
Quando você passar horas a refletir
E não conseguir se decidir;
Quando sentir que os amigos estão a fugir
Por mais que esteja tentando a eles se unir;
Quando sentir que tem algo a transmitir
Que faça alguém sorrir;
Quando um chamado você ouvir
E sentir que deve seguir,
Que com ele algo de bom vai construir,
Você deve ir
Mesmo que barreiras tenha que destruir
Sua vida vai progredir
E o futuro para você vai sorrir.
Foz, 21/01/85
E você tentar sorrir
Mesmo que seja para a dor encobrir
E não conseguir;
Quando não tiver um caminho a seguir
E ainda tentarem te destruir;
Quando perceber que sentiu tudo que agüentava sentir
E ver que muita coisa ainda há de vir;
Quando você passar horas a refletir
E não conseguir se decidir;
Quando sentir que os amigos estão a fugir
Por mais que esteja tentando a eles se unir;
Quando sentir que tem algo a transmitir
Que faça alguém sorrir;
Quando um chamado você ouvir
E sentir que deve seguir,
Que com ele algo de bom vai construir,
Você deve ir
Mesmo que barreiras tenha que destruir
Sua vida vai progredir
E o futuro para você vai sorrir.
Foz, 21/01/85
sexta-feira, 25 de novembro de 2011
O Caminho
De um momento para outro brota grande felicidade...
Você sente que encontrou o caminho.
De repente
Vê que ainda está perdido...
Vem novamente a depressão,
Fica completamente sem rumo.
Nestes momentos tudo é errado,
Tudo é contradição...
Mas...
Apesar de tudo,
O sofrimento interior é compensador.
Depois dele, a vida passa a ter novo sentido,
Sempre para melhor.
Sempre
O caminho é encontrado,
Pelo amor ou pelo sofrimento.
O encontrado pelo amor é ótimo,
Mas,
O encontrado pelo sofrimento é muito firme...
Todos são interessantes,
Muito válidos...
Foz, 02/01/85
Você sente que encontrou o caminho.
De repente
Vê que ainda está perdido...
Vem novamente a depressão,
Fica completamente sem rumo.
Nestes momentos tudo é errado,
Tudo é contradição...
Mas...
Apesar de tudo,
O sofrimento interior é compensador.
Depois dele, a vida passa a ter novo sentido,
Sempre para melhor.
Sempre
O caminho é encontrado,
Pelo amor ou pelo sofrimento.
O encontrado pelo amor é ótimo,
Mas,
O encontrado pelo sofrimento é muito firme...
Todos são interessantes,
Muito válidos...
Foz, 02/01/85
domingo, 20 de novembro de 2011
Estudos policiais
Ultimamente estou fazendo cursos da Senasp toda vez que abre novos ciclos. Acho que já tenho uns quinze.
São cursos excelentes, a maioria voltados especificamente à formação policial, mas tem, também, por exemplo, cursos de língua portuguesa, castelhano e inglês.
Na verdade agora é obrigatório (para podermos portar armas) que façamos pelo menos oitenta horas de cursos teóricos e práticos por ano, incluindo prática de imobilização, uso de armas letais e não-letais (ou menos-letais, como alguns preferem chamar).
Quando faço esses cursos, excelentes como um que fizemos há alguns anos durante uma semana, dia inteiro, na Uniamérica, fico pensando: Os guardas estão constantemente estudando sobre segurança pública, mas os administradores não e, por isso, como dependemos deles para desenvolver nossas atividades, ficamos sabendo como deve ser mas sem poder agir. Seria necessário que o prefeito e o secretário da administração participassem dos cursos que estamos tendo para que entendessem o que é policiamento comunitário e compreendessem a importância de investir nele.
Outra coisa que fiquei pensando ultimamente, depois de um curso de abordagem, é que nós passamos saber fazer uma abordagem, mas as pessoas em geral não aprendem a ser abordadas. E isso é sério, porque quase todo mundo não entende a gravidade que pode estar envolvida nas abordagens policiais: não sabem se o policial está abordando porque algum facínora que acabara de cometer um crime hediondo tinha características parecidas com o abordado, etc. Portando, já passei a defender que nossa instituição, a Guarda Municipal de Foz do Iguaçu (e quantas outras instituições policiais que queiram adotar) busque realizar “Curso de Abordagem I” para crianças e adolescentes I (12-14 anos) e “Curso de Abordagem II” para adultos e adolescentes II (15-17 anos) para que não coloquem suas vidas em perigo quando de uma abordagem, ensinando-lhes que “na hora da abordagem não é o momento para questionar a ação do policial ou tentar evadir-se dela, sendo que, caso acredite ter havido arbitrariedade, abuso de poder, etc., que busque os meios legais depois da ocorrência”.
Eu, por exemplo, certa vez fiz a abordagem (juntamente com dois colegas) de quatro ocupantes de um carro. Era noite e os vidros de trás tinham películas que dificultavam nosso visão do interior do veículo: os ocupantes não obedeceram a ordem de colocar as mãos na cabeça e ficaram questionando, dizendo que eram cidadãos trabalhadores, etc. Mas eu e meus colegas estávamos muito tensos, imaginando que aquela abordagem inevitavelmente acabaria em troca de tiro, porque aquele caro (e a quantidade de pessoas) batiam totalmente com as características que havíamos recebido por rádio de uma tentativa de assalto em que feriram um policial militar e trocaram tiros com uma equipe de guarda municipais. Portanto, é absurda a ideia que existe por aí de que “bandido tem cara de bandido”, ou de que “o polícia tem que saber que eu sou gente boa”, como se estivesse estampado na cara que a pessoa é boa, meio boa, má ou muito má!
Outro exemplo hilário: Uma vez uma equipe de colegas meus (quando eu ainda era policial militar) chegou num “bailão” e solicitou que todos os homens “fossem pra parede”, mas viram um ancião (bem velhinho mesmo) numa das mesas e um dos policiais disse:
- Você não, vovô. Você pode ficar sentado!
Logo depois outro policial viu o vovô indo com uma faca em direção às costas do policial que falara para ele ficar sentado. Alerta dado, contenção realizada, perguntaram o motivo da tentativa de homicídio e, para surpresa de todos, o velhinho disse:
- Vocês acharam que eu não valho nada? Eu queria provar que precisavam ter cuidado comigo também!
Na visão do velhinho ele havia sido menosprezado. Na visão do policial, o velhinho estava sendo respeitado ao ser liberado do processo de revista.
Portanto, toda abordagem policial precisa ser, na verdade, o contrário do que diz a Justiça e a cultura geral, que “todo mundo é inocente até que prove o contrário”. O policial, na hora da abordagem, precisa considerar que “todo mundo é uma potencial ameaça, até que, depois da revista e da identificação, possa perceber que não”. Aí se tranquiliza, agradece a colaboração, explica o motivo da abordagem e “segue trabalhando”.
Porém, apesar dessa visão diversa da apregoada no dia-a-dia, o policial precisa ser, sempre, o máximo possível educado. Mas quando o abordado entender que não está sendo, que mesmo assim siga as orientações e, depois, busque os recursos, como já está dito acima.
Teoria das Finanças Públicas
“Do nascimento à morte, nossas vidas são afetas de inúmeras maneiras pelas atividades do governo. Nascemos em hospitais subsidiados, quando não públicos... Muitos de nós recebemos uma educação pública... Virtualmente todos nós, em algum momento de nossas vidas, recebemos dinheiro do governo, como crianças – por exemplo, através de bolsas de estudo –; como adultos, se estamos desempregados ou incapacitados; ou como aposentados; e todos nós nos beneficiamos dos serviços públicos". (Joseph Stiglitz, “Economics of the public sector”).
“Um príncipe não pode praticar todas aquelas coisas pelas quais os homens são considerados bons... Nunca se procura fugir a um inconveniente sem incorrer em outro e a prudência consiste em saber conhecer a natureza desses inconvenientes e tomar como bem o menos prejudicial”. (Maquiavel, O Príncipe).
Existe a ideia generalizada de que o mercado pode controlar, pela lei da oferta e da procura, a disponibilidade e preço do que as pessoas necessitam. Mas na realidade não é bem assim, porque bens públicos – que não geram concorrência ou exclusão – não têm como ser disponibilizado pela iniciativa privada, porque não geraria lucro, que é o objetivo último dos capitalistas. Assim, faz-se necessária a participação do Governo na oferta de bens, tanto tangíveis quanto intangíveis, e para isso ele precisa recursos (que são obtidos através de impostos).
Muita gente diz que não usa os serviços públicos e que, por isso, deveria pagar menos ou não pagar impostos. Mas na realidade todos usam serviços públicos em maior ou menor proporção, sendo que, mesmo que use pouco, o serviço está à disposição para que qualquer um, caso necessite, use-o em sua plenitude. E isso é que justifica ninguém poder abdicar de pagar os impostos.
Alguns serviços ficariam muito caros se fossem oferecidos por várias empresas (que teriam a concorrência como regulador) – como a energia elétrica ou a água tratada, que se houvessem várias empresas teria que ter várias estruturas (que são caras). Nestes casos surgem os monopólios naturais, sendo que aí o Governo precisa regular o preço ou oferecer ele mesmo o serviço.
Outra situação em que o Governo deve intervir é quanto às externalidades (que são ações individuais que beneficiam ou prejudicam a coletividade ou parte dela). Por exemplo, se uma pessoa ou empresa está poluindo um rio ou o ar, está causando prejuízo para muita gente; ou se está recuperando uma mata ciliar, está beneficiando a si mesmo e à coletividade. Nestes casos o Governo estipula multas e/ou penas para fazer com que uma externalidade negativa seja cessada ou não praticada, ou pode dar incentivos e subsídios para que as externalidades positivas sejam implementadas e praticadas.
Por fim, o Governo deve interferir, também, através de crédito e outros mecanismos, para o desenvolvimento econômico da sociedade, fazendo com que haja mais empregos, mais renda e, assim, mais qualidade de vida.
Portanto, dizer que o Governo não deveria existir é não saber da sua imprescindibilidade (mesmo quando eivado de certos problemas).
GIAMBIAGI, Fabio. ALÉM, Ana Cláudia. Finanças públicas: teoria e prática no Brasil. 2ed. São Paulo: Campus, 1999. (Unidade 1 - páginas 19 a 26).
“Um príncipe não pode praticar todas aquelas coisas pelas quais os homens são considerados bons... Nunca se procura fugir a um inconveniente sem incorrer em outro e a prudência consiste em saber conhecer a natureza desses inconvenientes e tomar como bem o menos prejudicial”. (Maquiavel, O Príncipe).
Existe a ideia generalizada de que o mercado pode controlar, pela lei da oferta e da procura, a disponibilidade e preço do que as pessoas necessitam. Mas na realidade não é bem assim, porque bens públicos – que não geram concorrência ou exclusão – não têm como ser disponibilizado pela iniciativa privada, porque não geraria lucro, que é o objetivo último dos capitalistas. Assim, faz-se necessária a participação do Governo na oferta de bens, tanto tangíveis quanto intangíveis, e para isso ele precisa recursos (que são obtidos através de impostos).
Muita gente diz que não usa os serviços públicos e que, por isso, deveria pagar menos ou não pagar impostos. Mas na realidade todos usam serviços públicos em maior ou menor proporção, sendo que, mesmo que use pouco, o serviço está à disposição para que qualquer um, caso necessite, use-o em sua plenitude. E isso é que justifica ninguém poder abdicar de pagar os impostos.
Alguns serviços ficariam muito caros se fossem oferecidos por várias empresas (que teriam a concorrência como regulador) – como a energia elétrica ou a água tratada, que se houvessem várias empresas teria que ter várias estruturas (que são caras). Nestes casos surgem os monopólios naturais, sendo que aí o Governo precisa regular o preço ou oferecer ele mesmo o serviço.
Outra situação em que o Governo deve intervir é quanto às externalidades (que são ações individuais que beneficiam ou prejudicam a coletividade ou parte dela). Por exemplo, se uma pessoa ou empresa está poluindo um rio ou o ar, está causando prejuízo para muita gente; ou se está recuperando uma mata ciliar, está beneficiando a si mesmo e à coletividade. Nestes casos o Governo estipula multas e/ou penas para fazer com que uma externalidade negativa seja cessada ou não praticada, ou pode dar incentivos e subsídios para que as externalidades positivas sejam implementadas e praticadas.
Por fim, o Governo deve interferir, também, através de crédito e outros mecanismos, para o desenvolvimento econômico da sociedade, fazendo com que haja mais empregos, mais renda e, assim, mais qualidade de vida.
Portanto, dizer que o Governo não deveria existir é não saber da sua imprescindibilidade (mesmo quando eivado de certos problemas).
GIAMBIAGI, Fabio. ALÉM, Ana Cláudia. Finanças públicas: teoria e prática no Brasil. 2ed. São Paulo: Campus, 1999. (Unidade 1 - páginas 19 a 26).
sábado, 19 de novembro de 2011
Direção ao Mar
Quando nasci era quase nada...
Cada dia que passava tornava-me maior,
Com mais experiência.
Já tendo corrido tempos,
Tornava-me mais forte
E vencia barreiras.
Caminhava com dinamismo em direção ao Mar.
Mas sozinho não conseguiria achar o caminho,
Então me ajuntei ao Grande Rio.
Ele sabia o caminho.
Com a junção, ajudei usinas se moverem.
Irrigava plantas e elas ficavam fortes,
Passavam a ter confiança em suas produções...
Depois de percorrer anos,
Houve o fim.
E foi bom,
Pois sem ele não teria chegado onde mais queria:
O Mar!
E como é bom estar no Mar!
Isto aqui é eterno,
Não tem corredeiras nem cachoeiras;
É lindo,
Indescritível...
Como é gratificante ter-me filiado ao Grande Rio,
Ter dado forças para usinas e ter irrigado plantas!
Agora desfruto de tudo Isto aqui...
Foz, 15/01/85
Cada dia que passava tornava-me maior,
Com mais experiência.
Já tendo corrido tempos,
Tornava-me mais forte
E vencia barreiras.
Caminhava com dinamismo em direção ao Mar.
Mas sozinho não conseguiria achar o caminho,
Então me ajuntei ao Grande Rio.
Ele sabia o caminho.
Com a junção, ajudei usinas se moverem.
Irrigava plantas e elas ficavam fortes,
Passavam a ter confiança em suas produções...
Depois de percorrer anos,
Houve o fim.
E foi bom,
Pois sem ele não teria chegado onde mais queria:
O Mar!
E como é bom estar no Mar!
Isto aqui é eterno,
Não tem corredeiras nem cachoeiras;
É lindo,
Indescritível...
Como é gratificante ter-me filiado ao Grande Rio,
Ter dado forças para usinas e ter irrigado plantas!
Agora desfruto de tudo Isto aqui...
Foz, 15/01/85
O Detestável Público
Nota: Esta “opinião” foi copiada exatamente como está na: Revista ÉPOCA de 7 de novembro de 2011, p.19 (Com autorização da Editora Globo).
No circo, a plateia é chamada de "respeitável público" e faz por merecer o tratamento. Ela come pipoca, bate palmas, ri do palhaço, arregala os olhos quando o leão entra no picadeiro, suspira com os volteios da trapezista, de pernas esguias e biografia misteriosa. No circo, o público é família. Mesmo no circo romano, o Coliseu, os espectadores costumavam se dar algum respeito – e eram respeitados pelo imperador, que, vez ou outra, consultava o povo sedento de sangue para saber se um gladiador imobilizado pelo oponente deveria ou não deveria ser executado na arena. Os lutadores e o soberano se dobravam às predileções da turba, que não estava lá para contemplar mesuras e boas maneiras. De sorte que até mesmo ali, a seu modo rude e animalesco, o público era respeitável.
A política de nossos dias não é um circo, nem mesmo de horrores: ela é pior, e isso não porque os políticos desrespeitem o público, mas porque o público abdicou do próprio respeito. Às vezes temos a sensação de que o público em nome do qual se faz a tal política é repugnante, talvez mais do que as pequenas multidões que gargalhavam quando a cabeça dos nobres tamborilava aos pés da guilhotina, no terror da Revolução Francesa. O público é detestável.
Na semana passada, tivemos mais uma prova abrasiva dessa verdade. Imediatamente após a divulgação da notícia de que o ex-presidente Lula contraiu câncer na laringe, entrou em atividade, na internet, um vulcão de baixarias preconceituosas, ofensivas, injuriosas, para agredir um ser humano que adoeceu. Nas redes sociais, um grupo lançou uma campanha para tripudiar. Entre outras maldições, sentenciaram Lula a ir procurar seu tratamento no SUS, e
proclamaram: "É melhor ele continuar vivo, ainda que sem voz, e parar de envenenar o mundo com suas palavras ignorantes".
É claro que não podemos generalizar: não é a totalidade dos frequentadores das redes sociais que se comportam como hienas histéricas, como urubus descompensados, como trogloditas virtuais. Mas é claro, também, que são muitos. São milhares. Tanto que se tornou impossível ignorá-los. Eles constituem um sintoma grave – sintoma em todos os sentidos, do farmacológico ao psicanalítico – em que o ódio de classe atropela o debate das ideias.
Sim, ódio de classe. Quem manda Lula ir se tratar no SUS declara ódio contra Lula e também contra o SUS, contra a lei, contra tudo o que guarde uma reminiscência de assistência social e de pobreza. Esse discurso reedita a velha máxima brasileira: "Aos amigos tudo, aos inimigos, a lei". Traduzindo: o SUS é a lei, e a lei só pode fazer mal; o SUS é como as penitenciárias; todo serviço público é odioso. Essa gente se recusa a admitir que, no SUS, muitos de nós já nos tratamos com sucesso, nem que tenha sido uma única vez na vida, embora a administração pública ainda padeça os males causados pelos ladrões e pelos parasitas incompetentes. Essa gente se enfurece porque Lula foi atendido num hospital de elite, mais ou menos como a personagem caricata da novela das 9, Tereza Cristina, se destempera, aos urros, porque a ex-pobretona Griselda ganhou na loteria e comprou uma casa no mesmo condomínio de luxo em que ela, a afetadíssima Tereza Cristina, tem sua mansão. O detestável público que agora insulta Luiz Inácio Lula da Silva é uma massa ignara de Terezas Cristinas esbravejantes, defendendo aos tapas seu condomínio imaginário. Condomínio que, honestamente, é uma favela moral de palácios com vidro à prova de bala (o SUS é melhor, inclusive para a saúde).
Antes falávamos do câncer e da aids como metáforas de fenômenos menos visíveis. Agora somos forçados a decifrar, na internet, de onde vem a metáfora do ódio e, pior, para onde ela aponta. Um câncer de laringe num líder populista é metáfora? Evidentemente, sim, mas a fúria espalhafatosa que ele atrai é presságio de doença mais preocupante.
Faz décadas, Nelson Rodrigues caçoou de Otto Lara Resende atribuindo a ele uma frase que se tornaria célebre: "O mineiro só é solidário no câncer". Naquele tempo, o público ia ao teatro. Hoje, o público não sabe o que é solidariedade. Nem no câncer. Se ele não se der ao respeito, não haverá mais política. O debate de ideias sucumbirá ao desejo de exterminar o outro. E a voz do povo será a voz da treva.
Eugênio Bucci é jornalista e professor da ESPM e da ECA-USP
Crise Existencial de Deus
José da Silva*
Por que Eu esperaria meu filho – que vejo tonto, ignorante, sofrendo, precisando de ajuda – ter que pedir (e ainda mais, ter que pedir “do jeito certo”) para só então lhe dar algo que lhe será útil, benéfico e enaltecedor?
Não é problema psico-afetivo isso? Não é carência efetiva que leva a ações dessa natureza?
E quando Eu desse algo, por que ficaria ofendido e enraivecido caso meu querido filhinho nem me agradecesse? Esse tipo de sentimento não é, também, denotador de desvio de personalidade? Um ser inteligente e sadio psicologicamente não se satisfaz em ver que pôde ajudar e que essa ajuda deixou o outro melhor e mais feliz?
Quanto às orações: Eu, sendo Deus, poderia atender a todos que rezam (oram) pedindo coisas boas? Não podendo, qual é o critério para atender ou não? É Minha própria onisciência? Então, de que adianta pedirem-Me algo, se só farei segundo meus próprios princípios de verdade, coerência e importância?
Então: Eu ajo por padrões inerentes a problemas de personalidade, ou ajo pelos princípios que devem reger alguém sadio psicologicamente?
Se ajo daquela forma, que Deus sou Eu, que sou suscetível aos sentimentos baixos da humanidade? Se ajo desta maneira, de quê adianta pedirem ou agradecerem, se Eu já percebo e faço o que é melhor antes de alguém precisar pensar ou sentir tal necessidade, e quando faço, faço sem querer nada em troca, nem agradecimentos, porque não Sou “sentimentalão” nem interesseiro e, portanto, me satisfaço em ver o bem que fiz “de graça”, apenas porque fazer o bem é, em si, satisfatório, porque correto, porque em mim não existe incorreção.
Mas, se é desta maneira que ajo, e não daquela, por que não está “tudo da melhor forma possível” no mundo? Será que ajo daquela maneira, ou tento agir desta maneira e não consigo? Se tento algo bom e não consigo, novamente, que Deus sou Eu?
Ou será que não sou Eu quem está em crise existencial? Não seria quem fala de Mim que tenta transpor para Minha personalidade suas próprias fraquezas?
O ideal seria ninguém tentar entender-Me por isso ser algo totalmente impossível, ou existe certa possibilidade para eles (todo e qualquer ser dotado de inteligência) dizer algo coerente sobre Mim?
Só deixo uma reflexão, uma reflexão que foi feita por um pequeno ser humano, um homem comum, que considerava sem importância toda sua existência, mas que ousou (mesmo sentindo um certo medo de ser castigado por Mim, por pesadelos próprios ou pelos seus semelhantes) dizer o seguinte:
“Se eu fosse Deus, não deixaria existir nada de mal; não deixaria ninguém sofrer nem muito menos se perder para eternamente chorar e ranger os dentes no inferno. Não esperaria, portanto, que um pobre sofredor precisasse saber pedir, nem esperaria ele ter que pedir: dar-lhe-ia tudo de bom e de melhor, inclusive a capacidade de, com tudo isso, continuar bom, simples, humilde e, portanto, feliz e – se é que é – salvo.
“Outra coisa: sendo eu Deus, portanto onisciente, nunca nem precisaria fazer como dizem alguns que Deus deveria mandar um raio para fulminar os maus, os que trazem desgraças aos bons que existem pelo mundo, porque ainda antes da concepção eu já interviria para que as junções óvulo-espermatozóicas somente ocorressem quando disso fosse resultar pessoas boas e felizes”.
Portanto, com tantas contradições entre o que dizem que Sou, ou sou como dizem e não sou bom, ou sou realmente bom e não sou o que dizem que sou. Ou, então, pode ser que Eu seja diferente: pode ser que Eu nem aja no mundo, que tenha preferido deixar que tudo siga aleatoriamente, num verdadeiro caos, num verdadeiro pandemônio, cada um jogado à própria sorte. Ou, por fim, sei lá, e se Nietzsche acertou algo? E se Descartes errou ao ultrapassar a idéia do gênio enganador e, na verdade, além de enganar quanto à existência de tudo, inclusive dos seres materiais, esse gênio mesmo for uma enganação, mas uma enganação que ri de tudo o que todos fazem e pensam, tendo que, segundo a visão desse gênio, tudo não passa de ilusão, ou ignorância, ou perda de tempo, ou um drama, que às vezes, só às vezes, parece comédia, que sempre termina em tragédia e, depois, em nada, em nada absoluto?
* José da Silva é um ex-padre que resolveu afastar-se para uma vida campesina de subsistência e espera. Espera por algo que, segundo diz, nem sabe se virá.
E-mail para contato: expadrejose@hotmail.com
Por que Eu esperaria meu filho – que vejo tonto, ignorante, sofrendo, precisando de ajuda – ter que pedir (e ainda mais, ter que pedir “do jeito certo”) para só então lhe dar algo que lhe será útil, benéfico e enaltecedor?
Não é problema psico-afetivo isso? Não é carência efetiva que leva a ações dessa natureza?
E quando Eu desse algo, por que ficaria ofendido e enraivecido caso meu querido filhinho nem me agradecesse? Esse tipo de sentimento não é, também, denotador de desvio de personalidade? Um ser inteligente e sadio psicologicamente não se satisfaz em ver que pôde ajudar e que essa ajuda deixou o outro melhor e mais feliz?
Quanto às orações: Eu, sendo Deus, poderia atender a todos que rezam (oram) pedindo coisas boas? Não podendo, qual é o critério para atender ou não? É Minha própria onisciência? Então, de que adianta pedirem-Me algo, se só farei segundo meus próprios princípios de verdade, coerência e importância?
Então: Eu ajo por padrões inerentes a problemas de personalidade, ou ajo pelos princípios que devem reger alguém sadio psicologicamente?
Se ajo daquela forma, que Deus sou Eu, que sou suscetível aos sentimentos baixos da humanidade? Se ajo desta maneira, de quê adianta pedirem ou agradecerem, se Eu já percebo e faço o que é melhor antes de alguém precisar pensar ou sentir tal necessidade, e quando faço, faço sem querer nada em troca, nem agradecimentos, porque não Sou “sentimentalão” nem interesseiro e, portanto, me satisfaço em ver o bem que fiz “de graça”, apenas porque fazer o bem é, em si, satisfatório, porque correto, porque em mim não existe incorreção.
Mas, se é desta maneira que ajo, e não daquela, por que não está “tudo da melhor forma possível” no mundo? Será que ajo daquela maneira, ou tento agir desta maneira e não consigo? Se tento algo bom e não consigo, novamente, que Deus sou Eu?
Ou será que não sou Eu quem está em crise existencial? Não seria quem fala de Mim que tenta transpor para Minha personalidade suas próprias fraquezas?
O ideal seria ninguém tentar entender-Me por isso ser algo totalmente impossível, ou existe certa possibilidade para eles (todo e qualquer ser dotado de inteligência) dizer algo coerente sobre Mim?
Só deixo uma reflexão, uma reflexão que foi feita por um pequeno ser humano, um homem comum, que considerava sem importância toda sua existência, mas que ousou (mesmo sentindo um certo medo de ser castigado por Mim, por pesadelos próprios ou pelos seus semelhantes) dizer o seguinte:
“Se eu fosse Deus, não deixaria existir nada de mal; não deixaria ninguém sofrer nem muito menos se perder para eternamente chorar e ranger os dentes no inferno. Não esperaria, portanto, que um pobre sofredor precisasse saber pedir, nem esperaria ele ter que pedir: dar-lhe-ia tudo de bom e de melhor, inclusive a capacidade de, com tudo isso, continuar bom, simples, humilde e, portanto, feliz e – se é que é – salvo.
“Outra coisa: sendo eu Deus, portanto onisciente, nunca nem precisaria fazer como dizem alguns que Deus deveria mandar um raio para fulminar os maus, os que trazem desgraças aos bons que existem pelo mundo, porque ainda antes da concepção eu já interviria para que as junções óvulo-espermatozóicas somente ocorressem quando disso fosse resultar pessoas boas e felizes”.
Portanto, com tantas contradições entre o que dizem que Sou, ou sou como dizem e não sou bom, ou sou realmente bom e não sou o que dizem que sou. Ou, então, pode ser que Eu seja diferente: pode ser que Eu nem aja no mundo, que tenha preferido deixar que tudo siga aleatoriamente, num verdadeiro caos, num verdadeiro pandemônio, cada um jogado à própria sorte. Ou, por fim, sei lá, e se Nietzsche acertou algo? E se Descartes errou ao ultrapassar a idéia do gênio enganador e, na verdade, além de enganar quanto à existência de tudo, inclusive dos seres materiais, esse gênio mesmo for uma enganação, mas uma enganação que ri de tudo o que todos fazem e pensam, tendo que, segundo a visão desse gênio, tudo não passa de ilusão, ou ignorância, ou perda de tempo, ou um drama, que às vezes, só às vezes, parece comédia, que sempre termina em tragédia e, depois, em nada, em nada absoluto?
* José da Silva é um ex-padre que resolveu afastar-se para uma vida campesina de subsistência e espera. Espera por algo que, segundo diz, nem sabe se virá.
E-mail para contato: expadrejose@hotmail.com
quarta-feira, 16 de novembro de 2011
Nossa Bandeira Poderia Ter Vermelho
Estive estudando as cores das bandeiras de diversos países e notei que o vermelho está em muitas (mas, muitas mesmo) e o interessante é que esta cor está nelas para representar a luta do povo pela independência ou por tudo o que se precisa lutar (mesmo que não seja luta armada, com derramamento de sangue - que, a princípio, poderia fazer crer). Ou está para representar a garra do povo. Ou está para representar ambas as coisas.
Eu gostaria de ter o vermelho em nossa Bandeira, porque acho a cor mais bonita e penso que realmente representa este aspecto que está presente na maioria dos brasileiros, porque tudo de bom que já conseguimos até hoje foi com carra e muita luta! O vermelho poderia ser a cor das letras "Ordem e Progresso" (que muita gente não lembra qual é quando é inquirido à queima-roupa); ou poderia ser a própria faixa que hoje é branca, deixando, nesse caso, as letras na cor branca... Além de que braca já são as estrelas!
Não me lembro bem, mas acho que logo que o Lula foi eleito eu mandei um e-mail sugerindo isso a ele!
Alternativas para a Estrada do Colono
Já divulguei por aí que deveria ser feito um túnel para resolver o dilema da Estrada do Colono. Bem, quase já divulguei, porque levei num Jornal e nunca foi publicado... Mas não muito tempo depois saiu uma matéria parecida com a minha, com algum avanço que já colocava até a Unesco no meio da solução. Outra hora explico melhor; por agora aí vai a minha ideia que tinha sido levada para o dito Jornal:
Tendo em vista que a Estrada do Colono torna a ligação entre o sudoeste e o estremo oeste do Paraná muito mais rápida e econômica que a pelo contorno do Parque Nacional do Iguaçu - PNI, e que vários anos já se passaram após o início da luta entre defensores de sua manutenção e especialistas em ecologia que dizem que tal fato é muito prejudicial à fauna da região, três são as alternativas: a) desenvolver um antigo projeto do Sr. Antônio Bordin, onde seriam construídas cercas em toda a extensão da estrada, fazendo-se pontes sobre os desníveis existentes naquele percurso, possibilitando que os animais passem de um lado para o outro com segurança; b) construir uma “ponte” acima das arvores, deixando toda aquela extensão livre para o trafego de animais, como me sugeriu um importante formador de opinião aqui de Foz do Iguaçu; c) fazer um túnel ligando os dois lados do Parque, deixando sobre ele terra suficiente para que a flora se desenvolva.
A primeira alternativa “é a mais lógica”, porque é a mais barata, mas muitos especialistas em ecologia dizem ser ineficiente, pois ficariam barulho e poucos espaços de trânsito para os animais. A segunda é interessante porque resolveria o problema do espaço de tráfego dos animais, mas, apesar de eu não ter conversado com especialistas em ecologia sobre ela, provavelmente argumentarão que o barulho dos veículos, mesmo sobre as árvores, espantaria os animais a ponto de causar tanto dano quanto a estrada ora contestada. Portanto, a terceira alternativa parece-me a menos danosa – ou mesmo “não danosa” – à Natureza, porque o barulho, sob uma camada de terra razoável, seria mínimo, ou até inexistente.
Muitos, ao lerem essas duas últimas alternativas, devem estar achando que são “maluquices” não viáveis economicamente. Mas não são, porque, já que a integridade do PNI naquela região é tão importante, e os gastos para dar-se a volta pelo seu lado leste são enormes, qualquer investimento para resolver esse impasse é válido; ainda mais que uma ponte sobre as árvores ou um túnel “só para preservar a Natureza” traria enorme credibilidade ao Brasil e, com certeza, se tornaria grande ponto turístico. Além disso, apesar de eu achar que é viável e função do poder público arcar com tal empreendimento, uma ou outra construção desse porte e com tais características poderia ser arcada até pela iniciativa privada, que em troca exploraria pedágios e comércios nos dois extremos do Parque.
Outra coisa: Por que não fazer uma “Ponte” ou um Túnel entre o oeste e o sudoeste do Paraná, numa extensão pouco maior que a “Rio-Niterói”, menor que o “Eurotúnel” e várias outras obras do gênero, onde a mata é, segundo os especialistas em ecologia, um mar verdejante intocável em que só as alternativas da transposição por cima ou por baixo seriam ponderáveis, tal como o ocorrido entre Rio e Niterói e entre Inglaterra e França?
Tendo em vista que a Estrada do Colono torna a ligação entre o sudoeste e o estremo oeste do Paraná muito mais rápida e econômica que a pelo contorno do Parque Nacional do Iguaçu - PNI, e que vários anos já se passaram após o início da luta entre defensores de sua manutenção e especialistas em ecologia que dizem que tal fato é muito prejudicial à fauna da região, três são as alternativas: a) desenvolver um antigo projeto do Sr. Antônio Bordin, onde seriam construídas cercas em toda a extensão da estrada, fazendo-se pontes sobre os desníveis existentes naquele percurso, possibilitando que os animais passem de um lado para o outro com segurança; b) construir uma “ponte” acima das arvores, deixando toda aquela extensão livre para o trafego de animais, como me sugeriu um importante formador de opinião aqui de Foz do Iguaçu; c) fazer um túnel ligando os dois lados do Parque, deixando sobre ele terra suficiente para que a flora se desenvolva.
A primeira alternativa “é a mais lógica”, porque é a mais barata, mas muitos especialistas em ecologia dizem ser ineficiente, pois ficariam barulho e poucos espaços de trânsito para os animais. A segunda é interessante porque resolveria o problema do espaço de tráfego dos animais, mas, apesar de eu não ter conversado com especialistas em ecologia sobre ela, provavelmente argumentarão que o barulho dos veículos, mesmo sobre as árvores, espantaria os animais a ponto de causar tanto dano quanto a estrada ora contestada. Portanto, a terceira alternativa parece-me a menos danosa – ou mesmo “não danosa” – à Natureza, porque o barulho, sob uma camada de terra razoável, seria mínimo, ou até inexistente.
Muitos, ao lerem essas duas últimas alternativas, devem estar achando que são “maluquices” não viáveis economicamente. Mas não são, porque, já que a integridade do PNI naquela região é tão importante, e os gastos para dar-se a volta pelo seu lado leste são enormes, qualquer investimento para resolver esse impasse é válido; ainda mais que uma ponte sobre as árvores ou um túnel “só para preservar a Natureza” traria enorme credibilidade ao Brasil e, com certeza, se tornaria grande ponto turístico. Além disso, apesar de eu achar que é viável e função do poder público arcar com tal empreendimento, uma ou outra construção desse porte e com tais características poderia ser arcada até pela iniciativa privada, que em troca exploraria pedágios e comércios nos dois extremos do Parque.
Outra coisa: Por que não fazer uma “Ponte” ou um Túnel entre o oeste e o sudoeste do Paraná, numa extensão pouco maior que a “Rio-Niterói”, menor que o “Eurotúnel” e várias outras obras do gênero, onde a mata é, segundo os especialistas em ecologia, um mar verdejante intocável em que só as alternativas da transposição por cima ou por baixo seriam ponderáveis, tal como o ocorrido entre Rio e Niterói e entre Inglaterra e França?
Espanhol como segundo idioma do Brasil
Qualquer hora dissertarei sobre minha teoria de que o Brasil deve adotar o Espanhol (Castelhano) como segunda língua.
segunda-feira, 14 de novembro de 2011
Direção ao Mar
Quando nasci era quase nada...
Cada dia que passava tornava-me maior,
Com mais experiência.
Já tendo corrido tempos,
Tornava-me mais forte
E vencia barreiras.
Caminhava com dinamismo em direção ao Mar.
Mas sozinho não conseguiria achar o caminho,
Então me ajuntei ao Grande Rio.
Ele sabia o caminho.
Com a junção, ajudei usinas se moverem.
Irrigava plantas e elas ficavam fortes,
Passavam a ter confiança em suas produções...
Depois de percorrer anos,
Houve o fim.
E foi bom,
Pois sem ele não teria chegado onde mais queria:
O Mar!
E como é bom estar no Mar!
Isto aqui é eterno,
Não tem corredeiras nem cachoeiras;
É lindo,
Indescritível...
Como é gratificante ter-me filiado ao Grande Rio,
Ter dado forças para usinas e ter irrigado plantas!
Agora desfruto de tudo Isto aqui...
Foz, 15/01/85
Cada dia que passava tornava-me maior,
Com mais experiência.
Já tendo corrido tempos,
Tornava-me mais forte
E vencia barreiras.
Caminhava com dinamismo em direção ao Mar.
Mas sozinho não conseguiria achar o caminho,
Então me ajuntei ao Grande Rio.
Ele sabia o caminho.
Com a junção, ajudei usinas se moverem.
Irrigava plantas e elas ficavam fortes,
Passavam a ter confiança em suas produções...
Depois de percorrer anos,
Houve o fim.
E foi bom,
Pois sem ele não teria chegado onde mais queria:
O Mar!
E como é bom estar no Mar!
Isto aqui é eterno,
Não tem corredeiras nem cachoeiras;
É lindo,
Indescritível...
Como é gratificante ter-me filiado ao Grande Rio,
Ter dado forças para usinas e ter irrigado plantas!
Agora desfruto de tudo Isto aqui...
Foz, 15/01/85
quarta-feira, 9 de novembro de 2011
Na Guerra
Nosso soldado mata,
Um, dois, três...
Nós aplaudimos quem mata,
Afinal,
É para defender nossa pátria!
E se não defendermos nossa pátria?
Ela ficará aqui mesmo.
Não importa o nome,
Importa que ninguém morra;
Que nenhum soldado mate,
Um, dois, três...
De que adianta você dizer que não mata,
Se aplaude quem mata?
Pela terra que não sai do lugar,
Um ser humano,
Que não pode dispor nem da própria vida,
Tira de um,
Dois, três...
Foz, 18/04/85
Um, dois, três...
Nós aplaudimos quem mata,
Afinal,
É para defender nossa pátria!
E se não defendermos nossa pátria?
Ela ficará aqui mesmo.
Não importa o nome,
Importa que ninguém morra;
Que nenhum soldado mate,
Um, dois, três...
De que adianta você dizer que não mata,
Se aplaude quem mata?
Pela terra que não sai do lugar,
Um ser humano,
Que não pode dispor nem da própria vida,
Tira de um,
Dois, três...
Foz, 18/04/85
sábado, 10 de setembro de 2011
Análise Sobre a GMFI
ANÁLISE SOBRE A GUARDA MUNICIPAL DE FOZ DO IGUAÇU
Nome: Guarda Municipal de Foz do Iguaçu
Área de atuação: Segurança Pública
Visão: Superar a ideia que se tem da mesma como um órgão de policiamento repressivo e, dentro da concepção de polícia comunitária apresentada pela Secretaria Nacional de Segurança Pública, passar a ser vista como órgão de policiamento preventivo eficaz.
Valores:
1. Segurança pública como cidadania, sendo direito de todos e obrigação do Estado, com a Guarda Municipal como seu representante deste aspecto;
2. Desenvolvimento e manutenção da ideia de serviço ao munícipe, com ética e respeito absolutos;
3. Planejamento e desenvolvimento de suas ações pautados na participação da comunidade através do conhecimento, sugestões, ajuda e fiscalização;
4. Formação permanente de seus integrantes para o aperfeiçoamento psicológico, intelectual e técnico, buscando chegar a que se seja a instituição de segurança mais respeitada e admirada dentre as que atuam na cidade, porque sendo municipal precisa ser a que está mais próxima aos munícipes, participando positivamente em todas suas necessidades e anseios.
Missão: Fazer policiamento com eficácia, chegando ao ideal de se ter o mínimo de ações repressivas, com um trabalho quase exclusivamente preventivo, desenvolvendo a formação das pessoas para que, antes de se chegar ao estágio da delinqüência, estas percebam a importância de uma vida honesta e se encaminhe nesse sentido.
Fatores externos e internos da organização a serem considerados que influenciam no desempenho da mesma: Sobre a análise dos itens:
1. Apesar de se ter bastantes cursos oferecidos e realizados nessa área, os integrantes da base têm muita dificuldade em aceitar esse tipo de policiamento; os gestores internos da instituição têm entendimentos diversos, o que dificulta a implementação de ações coesas; e os gestores “externos”, como prefeito e secretário de segurança, não participam da formação que visa mudar a ideia de policiamento repressivo para policiamento comunitário, preventivo.
2. O Governo Federal tem investido bastante em Segurança Pública preventiva, disponibilizando formação e recursos financeiros, bastando aos estados e municípios elaborarem projetos coerentes e aplicáveis.
3. O Governo Municipal não entende a importância e amplitude do policiamento comunitário e, por isso, não investe em saúde e satisfação do servidor, além de não investir nas secretarias correlatas à ação da segurança preventiva.
4. Apesar de o Governo Federal ter disponibilizado verbas vultosas, precisaria contrapartida do município, o que, conforme já mencionado no item 3, não ocorre no patamar necessário.
5. É uma oportunidade interessante, porque a maioria da população é contra o modelo de policiamento repressivo e busca que a polícia seja comunitária, preventiva.
6. O plano de carreira atual é visto com bons olhos por alguns, mas não por outros. Assim, ainda não se tem uma noção clara sobre se precisa ser mudado ou se como está é algo positivo, negativo ou neutro.
7. A Guarda Municipal de Foz do Iguaçu era vista positivamente nesse aspecto de forma generalizada em sua primeira década de existência. Hoje, com alguns integrantes agindo de forma arrogante e antiética, esse conceito já não é unânime, mas ainda se mantém em bom nível, sendo que os casos de “desvio de conduta” que são detectados são consequentemente punidos pela justiça comum e/ou pelo regimento interno, e a maioria absoluta do pessoal trabalha com afinco em busca de se ser reconhecido como “servidor público por excelência”.
8. Como especificado no item 7, com certos problemas ocorridos nos últimos sete anos, não se tem um estudo que permita dizer como está, atualmente, essa percepção junto à comunidade.
9. A atuação é tão vasta que uns imaginam que isso seja positivo, porque todos os setores da sociedade são alcançados, mas isso faz com que não se tenha um norte, uma especificidade, e com que sempre se esteja trabalhando no limite das disponibilidades de recursos humanos. Essa ambiguidade faz não se saber se é positivo ou negativo atuar em tantas frentes.
10. Hoje existem vários servidores descompromissados, que não dedicam esforços pessoais para a boa imagem da instituição e, apesar de serem minoria, fazem com que os demais sejam sobrecarregados e existam críticas à atuação da instituição. É necessário descobrir uma forma de motivar todos a agirem de forma proativa.
11. Como explanado no item 1, os altos gestores do município têm muita dificuldade de entender a ideia de polícia comunitária, porque são vindos da época do policiamento repressivo e não participam das formações atualmente disponíveis e praticadas pelos “operadores” da segurança pública municipal, fazendo com que estes fiquem conscientes, mas sem condições de agir nesse novo conceito por falta de apoio dos gestores máximos do setor. Isso coloca em risco todo o processo e visão.
12. Como a Guarda Municipal é algo novo e falta regulamentação federal, muitos outros órgãos de segurança na a vê como tal, e às vezes dificultam ou impedem sua ação, sendo que, na verdade, todo ente que busca apoiar a segurança seve ser bem vindo.
Nome: Guarda Municipal de Foz do Iguaçu
Área de atuação: Segurança Pública
Visão: Superar a ideia que se tem da mesma como um órgão de policiamento repressivo e, dentro da concepção de polícia comunitária apresentada pela Secretaria Nacional de Segurança Pública, passar a ser vista como órgão de policiamento preventivo eficaz.
Valores:
1. Segurança pública como cidadania, sendo direito de todos e obrigação do Estado, com a Guarda Municipal como seu representante deste aspecto;
2. Desenvolvimento e manutenção da ideia de serviço ao munícipe, com ética e respeito absolutos;
3. Planejamento e desenvolvimento de suas ações pautados na participação da comunidade através do conhecimento, sugestões, ajuda e fiscalização;
4. Formação permanente de seus integrantes para o aperfeiçoamento psicológico, intelectual e técnico, buscando chegar a que se seja a instituição de segurança mais respeitada e admirada dentre as que atuam na cidade, porque sendo municipal precisa ser a que está mais próxima aos munícipes, participando positivamente em todas suas necessidades e anseios.
Missão: Fazer policiamento com eficácia, chegando ao ideal de se ter o mínimo de ações repressivas, com um trabalho quase exclusivamente preventivo, desenvolvendo a formação das pessoas para que, antes de se chegar ao estágio da delinqüência, estas percebam a importância de uma vida honesta e se encaminhe nesse sentido.
Fatores externos e internos da organização a serem considerados que influenciam no desempenho da mesma: Sobre a análise dos itens:
1. Apesar de se ter bastantes cursos oferecidos e realizados nessa área, os integrantes da base têm muita dificuldade em aceitar esse tipo de policiamento; os gestores internos da instituição têm entendimentos diversos, o que dificulta a implementação de ações coesas; e os gestores “externos”, como prefeito e secretário de segurança, não participam da formação que visa mudar a ideia de policiamento repressivo para policiamento comunitário, preventivo.
2. O Governo Federal tem investido bastante em Segurança Pública preventiva, disponibilizando formação e recursos financeiros, bastando aos estados e municípios elaborarem projetos coerentes e aplicáveis.
3. O Governo Municipal não entende a importância e amplitude do policiamento comunitário e, por isso, não investe em saúde e satisfação do servidor, além de não investir nas secretarias correlatas à ação da segurança preventiva.
4. Apesar de o Governo Federal ter disponibilizado verbas vultosas, precisaria contrapartida do município, o que, conforme já mencionado no item 3, não ocorre no patamar necessário.
5. É uma oportunidade interessante, porque a maioria da população é contra o modelo de policiamento repressivo e busca que a polícia seja comunitária, preventiva.
6. O plano de carreira atual é visto com bons olhos por alguns, mas não por outros. Assim, ainda não se tem uma noção clara sobre se precisa ser mudado ou se como está é algo positivo, negativo ou neutro.
7. A Guarda Municipal de Foz do Iguaçu era vista positivamente nesse aspecto de forma generalizada em sua primeira década de existência. Hoje, com alguns integrantes agindo de forma arrogante e antiética, esse conceito já não é unânime, mas ainda se mantém em bom nível, sendo que os casos de “desvio de conduta” que são detectados são consequentemente punidos pela justiça comum e/ou pelo regimento interno, e a maioria absoluta do pessoal trabalha com afinco em busca de se ser reconhecido como “servidor público por excelência”.
8. Como especificado no item 7, com certos problemas ocorridos nos últimos sete anos, não se tem um estudo que permita dizer como está, atualmente, essa percepção junto à comunidade.
9. A atuação é tão vasta que uns imaginam que isso seja positivo, porque todos os setores da sociedade são alcançados, mas isso faz com que não se tenha um norte, uma especificidade, e com que sempre se esteja trabalhando no limite das disponibilidades de recursos humanos. Essa ambiguidade faz não se saber se é positivo ou negativo atuar em tantas frentes.
10. Hoje existem vários servidores descompromissados, que não dedicam esforços pessoais para a boa imagem da instituição e, apesar de serem minoria, fazem com que os demais sejam sobrecarregados e existam críticas à atuação da instituição. É necessário descobrir uma forma de motivar todos a agirem de forma proativa.
11. Como explanado no item 1, os altos gestores do município têm muita dificuldade de entender a ideia de polícia comunitária, porque são vindos da época do policiamento repressivo e não participam das formações atualmente disponíveis e praticadas pelos “operadores” da segurança pública municipal, fazendo com que estes fiquem conscientes, mas sem condições de agir nesse novo conceito por falta de apoio dos gestores máximos do setor. Isso coloca em risco todo o processo e visão.
12. Como a Guarda Municipal é algo novo e falta regulamentação federal, muitos outros órgãos de segurança na a vê como tal, e às vezes dificultam ou impedem sua ação, sendo que, na verdade, todo ente que busca apoiar a segurança seve ser bem vindo.
quinta-feira, 8 de setembro de 2011
Aula de Ensino Religioso
A orientação é que o(a) professor(a) de Ensino Religioso não diga qual é sua crença, qual Igreja freqüenta, nem mesmo se freqüenta ou não uma Igreja. Isso deixando claro para os alunos que como professora de alunos que são de Igrejas e, talvez, até mesmo de religiões diferentes, ela deve abster-se de dar opiniões pessoais, explicando que as crianças devem seguir as orientações dos pais ou responsáveis sobre como e onde viver sua religiosidade, e quando adultos, então, eles decidirão se continuarão onde e como seus pais orientaram ou se seguirão outro caminho.
Basicamente o(a) professor(a) deverá deixar claro que ela não trabalhará temas que sejam causa de contradição entre religiões e denominações diferentes, mas sim assuntos que são comuns a todas as religiões, como: amor, generosidade, paciência, entusiasmo, misericórdia, responsabilidade, amizade, compaixão, perseverança, disciplina, prudência, bom humor, gratidão, simplicidade, justiça, trabalho, humildade, tolerância, coragem, fidelidade, temperança, polidez, pureza, doçura, solidariedade, perdão, respeito...
Mas, apenas para dar uma introdução ao que seja Religião, é importante dizer que todas elas buscam ou devem buscar que as pessoas entendam e vivam os itens acima descritos, e que, para fins de estudos escolares, religiões não são, como as pessoas geralmente pensam, as divisões (diferentes denominações) existentes dentro do cristianismo, mas sim algo mais amplo, tendo as cinco religiões mais conhecidas no mundo que são, por ordem de antiguidade: Judaísmo e Hinduismo (+ 2000 anos antes de Cristo); Budismo (+ 600 anos antes de Cristo); Cristianismo (Ano 1 da era cristã); Islamismo (Ano 622 d.C) e, também, outras inumeráveis religiões que devemos ter o mesmo respeito, porque cada pessoa que tem uma crença espera que os outros pelo menos respeite o que ele pensa sobre este assunto.
Portanto, só poderemos, e deveremos, denunciar (principalmente às autoridades competentes) caso saibamos de alguma denominada religião que esteja praticando algum crime ou colocando em risco a vida ou a saúde das pessoas. O que é apenas uma hipótese, porque eu, pessoalmente, não sei de nenhuma que se enquadra nessa situação.
Nota: Pelo que vi na data de criação deste documento, ele é de 13.02.2004, mas não me lembro se foi escrito por mim ou se copiado de outrem. Infelizmente eu não coloquei nenhuma referência, quando escrevi, para, agora, saber a verdade. Mas creio que pelo menos este quadro não é meu!
Basicamente o(a) professor(a) deverá deixar claro que ela não trabalhará temas que sejam causa de contradição entre religiões e denominações diferentes, mas sim assuntos que são comuns a todas as religiões, como: amor, generosidade, paciência, entusiasmo, misericórdia, responsabilidade, amizade, compaixão, perseverança, disciplina, prudência, bom humor, gratidão, simplicidade, justiça, trabalho, humildade, tolerância, coragem, fidelidade, temperança, polidez, pureza, doçura, solidariedade, perdão, respeito...
Mas, apenas para dar uma introdução ao que seja Religião, é importante dizer que todas elas buscam ou devem buscar que as pessoas entendam e vivam os itens acima descritos, e que, para fins de estudos escolares, religiões não são, como as pessoas geralmente pensam, as divisões (diferentes denominações) existentes dentro do cristianismo, mas sim algo mais amplo, tendo as cinco religiões mais conhecidas no mundo que são, por ordem de antiguidade: Judaísmo e Hinduismo (+ 2000 anos antes de Cristo); Budismo (+ 600 anos antes de Cristo); Cristianismo (Ano 1 da era cristã); Islamismo (Ano 622 d.C) e, também, outras inumeráveis religiões que devemos ter o mesmo respeito, porque cada pessoa que tem uma crença espera que os outros pelo menos respeite o que ele pensa sobre este assunto.
Portanto, só poderemos, e deveremos, denunciar (principalmente às autoridades competentes) caso saibamos de alguma denominada religião que esteja praticando algum crime ou colocando em risco a vida ou a saúde das pessoas. O que é apenas uma hipótese, porque eu, pessoalmente, não sei de nenhuma que se enquadra nessa situação.
Nota: Pelo que vi na data de criação deste documento, ele é de 13.02.2004, mas não me lembro se foi escrito por mim ou se copiado de outrem. Infelizmente eu não coloquei nenhuma referência, quando escrevi, para, agora, saber a verdade. Mas creio que pelo menos este quadro não é meu!
Foz do Iguaçu tem religiões para todos os gostos
Outro dia estive dando uma pesquisada nas igrejas que existem em Foz, porque me pareceu ter muitas. E essa percepção foi porque em meu bairro, o Jardim São Paulo, costumam dizer que "antigamente tinha um buteco em cada esquina: hoje cada esquina tem um salão de beleza e uma igreja". Daí, dando uma olhada e parecendo que tinham razão os que falavam assim, resolvi buscar alguns dados. Olha só a lista que encontrei num sítio web de telefones (http://www.apontador.com.br/em/pr_foz-do-iguacu/religiao?):
1. A Igreja Que Está Em Foz do Iguaçu
2. Casa de Umbanda Tupinambá
3. Ceifa
4. Comunidade Cristã Vide
5. Comunidade Evangélica Consagrada Em Cristo
6. Comunidade Evangélica das Nações
7. Comunidade Evangélica Missionária de Adoração
8. Comunidade Missionária Luterana
9. Congregação Cristã no Brasil
10. Congregação Evangélica Luterana Cristo Redentor
11. Esotherik Center
12. Igreja Adventista do Sétimo Dia
13. Igreja Assembleia de Deus Para As Nações
14. Igreja Assembleia de Deus Para As Nações Ministério Internacional
15. Igreja Batista
16. Igreja Batista Renovada
17. Igreja Bom Jesus do Migrante
18. Igreja Católica Apostólica Brasileira
19. Igreja Católica Apostólica Romana
20. Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo
21. Igreja do Evangelho Quadrangular
22. Igreja Episcopal Anglicana do Brasil
23. Igreja Evangélica Assembleia de Deus
24. Igreja Evangélica Assembleia de Deus Renovada
25. Igreja Evangélica Assembleia de Deus-Missão Argentina no Brasil
26. Igreja Evangélica Assembleia Missão da Última Hora
27. Igreja Evangélica Avivamento Bíblico
28. Igreja Evangélica da Reconciliação
29. Igreja Internacional da Graça de Deus
30. Igreja Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias
31. Igreja Metodista
32. Igreja Presbiteriana do Brasil
33. Igreja Universal do Reino de Deus
34. Instituição Adventista Sul Brasileira de Educação e Assistência Social
35. Jovens Com Uma Missão
36. Ministério Luz Para Os Povos
37. Ministério Pão da Vida
38. Primeira Igreja Batista de Foz do Iguaçu
39. Primeira Igreja Evangélica de Confissão Luterana Brasil
40. Primeira Igreja Evangélica Pentecostal o Brasil Para Cristo
41. Seicho-No-Ie do Brasil
42. Sociedade Espírita (Kardecista)
43. Sociedade Islâmica de Foz do Iguaçu
Mas, apesar de tantas "denominações", sei que ainda faltam várias, porque só de cabeça eu vejo que nessa lista não consta que entre os islâmicos tem os xiitas e os sunitas, e tem também: o Centro de Altos Estudos da Conscienciologia (que dizem não ser uma religião, mas pelo que sei é como se fosse, porque acreditam em algo além da matéria e na não finitude dos seres humanos quando da morte), a Ordem Budista Internacional - ORBI (que tem um templo tão imponente que é um dos cartões postais de Foz do Iguaçu), a Igreja Greco-Católica Ucraniana e as Testemunhas de Jeová.
E olha que muitas e muitas dessas denominações têm vários "templos". E já vi outros templos com nomes que não constam aí em cioma, mas que agora não me lembro para disponibilizar.
É isso. Ser alguém tiver alguma denominação de Igreja que não esteja na lista, que tal me avisar para que eu possa enriquecer "esse banco de dados"?
1. A Igreja Que Está Em Foz do Iguaçu
2. Casa de Umbanda Tupinambá
3. Ceifa
4. Comunidade Cristã Vide
5. Comunidade Evangélica Consagrada Em Cristo
6. Comunidade Evangélica das Nações
7. Comunidade Evangélica Missionária de Adoração
8. Comunidade Missionária Luterana
9. Congregação Cristã no Brasil
10. Congregação Evangélica Luterana Cristo Redentor
11. Esotherik Center
12. Igreja Adventista do Sétimo Dia
13. Igreja Assembleia de Deus Para As Nações
14. Igreja Assembleia de Deus Para As Nações Ministério Internacional
15. Igreja Batista
16. Igreja Batista Renovada
17. Igreja Bom Jesus do Migrante
18. Igreja Católica Apostólica Brasileira
19. Igreja Católica Apostólica Romana
20. Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo
21. Igreja do Evangelho Quadrangular
22. Igreja Episcopal Anglicana do Brasil
23. Igreja Evangélica Assembleia de Deus
24. Igreja Evangélica Assembleia de Deus Renovada
25. Igreja Evangélica Assembleia de Deus-Missão Argentina no Brasil
26. Igreja Evangélica Assembleia Missão da Última Hora
27. Igreja Evangélica Avivamento Bíblico
28. Igreja Evangélica da Reconciliação
29. Igreja Internacional da Graça de Deus
30. Igreja Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias
31. Igreja Metodista
32. Igreja Presbiteriana do Brasil
33. Igreja Universal do Reino de Deus
34. Instituição Adventista Sul Brasileira de Educação e Assistência Social
35. Jovens Com Uma Missão
36. Ministério Luz Para Os Povos
37. Ministério Pão da Vida
38. Primeira Igreja Batista de Foz do Iguaçu
39. Primeira Igreja Evangélica de Confissão Luterana Brasil
40. Primeira Igreja Evangélica Pentecostal o Brasil Para Cristo
41. Seicho-No-Ie do Brasil
42. Sociedade Espírita (Kardecista)
43. Sociedade Islâmica de Foz do Iguaçu
Mas, apesar de tantas "denominações", sei que ainda faltam várias, porque só de cabeça eu vejo que nessa lista não consta que entre os islâmicos tem os xiitas e os sunitas, e tem também: o Centro de Altos Estudos da Conscienciologia (que dizem não ser uma religião, mas pelo que sei é como se fosse, porque acreditam em algo além da matéria e na não finitude dos seres humanos quando da morte), a Ordem Budista Internacional - ORBI (que tem um templo tão imponente que é um dos cartões postais de Foz do Iguaçu), a Igreja Greco-Católica Ucraniana e as Testemunhas de Jeová.
E olha que muitas e muitas dessas denominações têm vários "templos". E já vi outros templos com nomes que não constam aí em cioma, mas que agora não me lembro para disponibilizar.
É isso. Ser alguém tiver alguma denominação de Igreja que não esteja na lista, que tal me avisar para que eu possa enriquecer "esse banco de dados"?
A Criação da Bíblia (Ou A Bíblia do Ex-Padre José)
PREFÁCIO
“Não foi dada a ninguém a capacidade de saber algo sobre o futuro, nem sobre o passado – a não ser através da história oral ou documental. Mas muitos, acreditando realmente ter tido visões ou algo semelhante, ou ainda falando por parábolas, como era costume de determinadas épocas, falaram coisas que fizeram multidões acreditarem nas maiores esquisitices. Por isso, com o poder que todos temos para refletir e chegar a conclusões, passo, a seguir, a reescrever o que foi, é e ainda será motivo de muitas divergências, crenças, sofrimentos e alienações.”
“Espero, pois, que tudo o que será por mim escrito seja para o bem de todos que venham a conhecer esta obra, isto é, para a liberdade plena, sem falsas crenças, que surgem por má interpretação de quem escreveu há milênios, quando o estilo literário, as crenças ou os interesses não permitiam que fossem diferentes os ditos e ensinamentos”.
1 – GÊNESIS
UM
Como é impossível sabermos quando e como iniciou o mundo, ou mesmo se ele não é eterno, se existe desde sempre, é conveniente que elaboremos uma parábola, que com certeza depois de bom tempo passará a ser considerada “lenda” por outras religiões, para explicar que segundo nossa crença tudo foi criado por Deus: o céu e a Terra, o Sol com sua luz, as águas, os animais, as plantas, e o ser humano: homem e mulher.
Mas como nós sempre tivemos que o homem é superior à mulher, incluamos nessa parábola a idéia de que esta foi criada a pedido daquele e que foi tirada de uma costela dele, para que se tenha uma “justificativa divina” à sua inferioridade. Assim, façamos a parábola sobre Adão e Eva. Mas, antes de “criarmos” esses dois, façamos um capítulo que, confrontado com o seguinte, “dubifique” a idéia da Criação, pelos motivos que oportunamente ficarão claros.
Primeiro, digamos que Deus levou seis dias trabalhando nessa obra e que descansou no sétimo, pois assim acreditamos que seja bom: trabalhar seis e descansar um, já que mais que isso causa muito cansaço nas pessoas, e dizendo que Deus fez isso, fica justificado que também façamos assim. Digamos isso para justificar a necessidade de se descansar, pois a verdade sobre a origem do mundo é, com certeza, impossível de ser descoberta.
Depois, o que é muito importante nessa parábola, passemos que Deus nos fez à sua imagem e semelhança, para sermos “buscadores” de uma perfeição como a que sempre dizemos que Ele tem. Isso para que diminua a mesquinhez, a soberba, a arrogância, enfim, todos os males que existem por causa da inumanidade dos seres que se dizem racionais e que faz existir as guerras, os assassinatos, a fome, a humilhação e muitas outras situações praticadas sem justificativas e que são indignas do ser humano.
Enfim, façamos essa parábola para dizer que tudo foi criado por Deus: uma coisa, outra coisa, um ser, outro ser. E digamos que Ele mesmo chamou o primeiro homem para que este desse nome aos entes, pois como não sabemos quem fez isso, nem quando foi feito, atribuindo ao primeiro homem, por vontade de Deus, estaremos parecendo ter explicação para tudo.
E falemos sobre a Criação dizendo que cada coisa foi criada, e descrevamos as coisas tal como são conhecidas hoje, não que realmente tenha sido sempre assim, com cada coisa já sendo criada exatamente como é agora, mas porque Ele pode ter criado uma pequena partícula, “um infinitesimal nada”, e dado a isso “uma dinâmica” para que com o tempo chegasse a desenvolver-se e realizar seus objetivos, e agora, depois de muito tempo, passamos a ter todas as coisas conhecidas, que foram criadas por Ele num processo evolutivo pensado, intencionado.
DOIS
Digamos que o ser humano foi criado do pó da terra, pois com certeza ela existiu antes, e dela as outras coisas foram surgindo, direta ou indiretamente, saindo dela mesma ou de outros entes saídos dela. Isto é: podem ter saído da terra, da água ou do ar, pois tudo isso faz parte de uma mesma realidade, pois são surgidos do processo desencadeado pelo mesmo “infinitesimal nada” que está evoluindo incessantemente até hoje e certamente continuará evoluindo por muito tempo ainda.
O lugar onde iniciou a vida humana, o Éden, localizemos numa região atrás das grandes montanhas existentes ao Norte, pois elas são intransponíveis e isso dará crédito à parábola, e será então uma utopia chegar a esse local tão prazível. Ficará como “o paraíso perdido” mas possível de existência real, dando crédito à nossa invenção.
Façamos uma lista dos nomes de rios, cidades e locais conhecidos, colocando seus nomes e atribuindo também a Deus essas denominações, pois são muito antigos e também não sabemos quem os nomeou. E colocando em Deus tal feito, esses rios, cidades e regiões serão, com certeza, considerados sagrados e eternos, o que ajuda na preservação e no uso dos mesmos.
A seguir, digamos que o homem pediu a Deus uma companheira, e que foi atendido. Adiante, como nós, homens, estamos inventando a história, criemos “uma serpente espiritual”, um gênio maligno, que levará a mulher a desobedecer a Deus e convencer o homem a também fazer isso, levando, tal desobediência, à existência dos sofrimentos e da morte. Assim estaremos – nós, os homens –, nos livrando quase que por completo da culpa desses males; estaremos culpando a mulher, que não interfere na elaboração dessa parábola, mas ainda dando uma chance a ela, dizendo que foi um gênio maligno o “culpado último” por tudo de ruim que existe no mundo.
Sim. Tudo isso é importante que digamos, pois do contrário será impossível ter justificativas para o surgimento do homem, da mulher, da má índole que acomete a maioria das pessoas e de todo o sofrimento, de toda a fadiga que somos obrigados a suportar na vida.
E não será necessário tanta preocupação com a coerência da história inventada, pois neste tempo em que vivemos e para quem estamos inventando, dificilmente alguém as encontrará.
Assim, não nos preocupemos se mesmo antes de dizer que foi a desobediência que criou a labuta já dissermos – no versículo 15 do capítulo 2, por exemplo – que o homem terá que lavrar a terra e depois dissermos que foi após ter comido a fruta proibida é que tal fato passou a ser necessário. Ou, como está no versículo 24 desse mesmo capítulo, que ainda “não criamos o fato que levaria ao surgimento de pais, mães e filhos”, digamos já que “deixará o homem a seu pai e a sua mãe, e unir-se-á à sua mulher, e serão uma só carne”, pois isso é importante ser dito como algo prescrito por Deus, já que assim estamos ensinando como sendo o correto, ou já que percebe-se a ocorrência desse fenômeno em todas as regiões conhecidas. Digamos isso, mesmo que aqui não seja o melhor lugar, nem o tempo certo para tal dito caso quiséssemos que a parábola cronologicamente correta.
TRÊS
Dizendo que ao comer “do fruto da árvore proibida” o ser humano, homem e mulher, “traiu a confiança de Deus”, passemos a narrar que Deus os castigou com um castigo muito grande dizendo à mulher: “multiplicarei grandemente a dor da tua concepção, sendo que em dor darás à luz filhos, e tu não terás desejos próprios, pois será dominada por teu marido, sujeitando-te completamente a ele, e ele te dominará”. E ao homem: “porquanto deste ouvidos à voz de tua mulher, e comeste da árvore de que te ordenei dizendo para que não comesses, maldita será terra por tua causa, sendo que naturalmente ela produzirá espinhos e todo tipo de dificuldades para o cultivo, como ervas imprestáveis à alimentação que terão que ser arrancadas com grande dispêndio de forças, pragas e doenças que farão com que tenhas que sofrer muito, suar muito para produzir o alimento”. E digamos que, além disso, foi a partir dessa desobediência que Deus fez com que o ser humano sentisse a necessidade de se vestir, não para proteger-se do frio ou do sol excessivo, mas porque sentiu vergonha de andar nu. Desta forma teremos desvelado o motivo de a mulher sofrer tanto para gestar e dar à luz, de não poder ter desejos próprios e ter que se sujeitar ao homem; o motivo de tanto sofrimento para se conseguir o necessário à alimentação e à proteção das intempéries, como casas e vestimentas.
QUATRO
Quando falarmos sobre o nascimento do primeiro filho de Adão e Eva, digamos que ela pronunciou palavras de agradecimento a Deus por ter tido um filho e não uma filha. Isto porque nós, os homens, precisamos justificar o fato de todos preferirem ter filhos à filhas, e também para reafirmarmos nossa maior importância, mesmo quando são as mães a descobrirem o sexo de seu rebento.
Depois de dizermos que Adão e Eva tiveram mais um filho, Abel, digamos que este deu oferendas que foram aceitas por Deus, e digamos que o outro filho do casal também ofereceu mas que Deus não aceitou. Só não expliquemos o motivo, pois é difícil inventar um, e também não é importante explicar, pois a intenção é dizer que Caim ficou ofendido por não ter suas ofertas aceitas e zangado com seu irmão que então era o “bonzinho”, vindo, daí, a matá-lo.
Assim, teremos criado uma situação em que algo de muito ruim foi cometido, e a partir daí poderemos explicar para as pessoas de onde descendem os vagabundos, os maus, os “praticadores” de atos considerados ruins e sem justificativa plausível, porque foram castigados por Deus a ponto de não conseguirem tirar da terra seus sustentos. Diremos que são descendentes de Caim, que se multiplicaram e se espalharam por toda a terra, e hoje são os que habitam em tendas e possuem gado, os que tocam harpa e flauta, os fabricantes de instrumentos cortantes de cobre e ferro.
Mas, como foi que tais pessoas descenderam de Caim se até agora só trabalhamos a idéia da existência de um casal, Adão e Eva, que gerou apenas dois homens: este que foi o pai de todos os vagabundos, e Abel, que foi morto? E mesmo depois, quando trabalharmos a idéia de Set, o antepassado nosso, os que acreditamos sermos escolhidos para uma vida longa e feliz por sermos bons e “arrependedores” de uns ou outros pecados cometidos contra a vontade, os propósitos de Deus?
Bem, aqui poderíamos dar uma de duas explicações: ou que Adão e Eva tiveram também filhas – mas que estas são inferiores, ou simples peças necessárias à realização dos objetivos dos homens, e por isso é desnecessário mencioná-las – e Caim uniu-se a uma delas, pois eram as únicas mulheres existentes na terra, e ele precisava relacionar-se sexualmente com uma para gerar filhos; ou que a história de Adão e Eva seja “a história de um povo, o povo escolhido por Deus para fazer a Sua vontade”, sendo que existiam também outros povos, de onde tanto Caim quanto Set conheceram suas mulheres. E, inclusive, para esse tipo de argumento servirá o fato de colocarmos, na verdade, duas “narrativas” sobre a Criação, onde uma poderia ser a criação dos outros povos, e outra a criação “do povo escolhido”. Ou seja, a criação de nossos antepassados, que vêm de Adão e Eva.
Porém, caso parta para a primeira interpretação, poder-se-ia explicar que como não existiam outras mulheres, naquele tempo não era “pecado” irmão e irmã unirem-se e ter relações sexuais, para que aumentasse a população, e poderíamos dizer que depois não era pecado unir-se e ter relações sexuais entre primo e prima, e assim sucessivamente, até o tempo em que seja pecado ou apenas desaconselhável que isso aconteça entre parentes de qualquer grau, e até entre sogra e genro viúvo ou separado segundo o que a lei permita.
Já no segundo caso, apesar de ficar melhor por conseguirmos evitar a idéia de incesto desde o início por parte do povo escolhido, complicaria a nossa parábola, pois não conseguiríamos explicar o motivo de Deus ter criado um povo que não fosse “o escolhido”, e depois, criando “o escolhido” ainda ter acontecido “a perdição” de Caim. Assim, como o que estamos fazendo é mesmo uma parábola porque não sabemos realmente como tudo surgiu, e acreditamos fielmente que as pessoas às quais essas explicações se destinam não vão aprofundar-se tanto no raciocínio a ponto de questionar fatos como esses, é melhor mesmo que deixemos uma escrita ambígua, de forma que seja possível interpretar de uma maneira ou outra e, principalmente, ficar em dúvida mas acreditar que nós sabíamos mesmo como foi “o Princípio”. E para que exista essa ambigüidade, é melhor que pulemos essa polêmica e escrevamos apenas “o fato” de um e outro terem conhecido suas mulheres e sido “pais” de um e outro tipo de gente dos que povoam a terra em nossos dias.
CINCO
Agora é preciso fazer uma genealogia completa de nosso povo, desde Set, que é o terceiro filho de Adão e Eva, até nós. Isto para que não reste dúvidas sobre nossa história, e que saibam que somos descendentes do filho bom do casal feito por Deus para realizar Sua vontade na terra.
Mas, além de fazer a genealogia, sempre preocupados apenas com os nomes masculinos e com seus descendentes, agora, para melhorar as coisas, coloquemos também houveram filhas, porque é preciso dizer que gerou-se muitas mulheres, pois isso é óbvio tendo em vista a grande quantidade delas na face da terra.
Nessa genealogia, façamos, também, uma divisão sobre o tempo de vida dos homens, colocando que o primeiro grupo viveu muitos e muitos anos, chegando a quase mil anos, até que, com a rebelião que causou o dilúvio, Deus não mais permitiu que se vivesse mais que seiscentos anos, e depois, com a outra rebelião, a da ... não se vive mais que cento e poucos anos. Isso porque é corrente entre nós e nosso povo a idéia de que as bênçãos de Deus manifestam-se pela felicidade e pelos anos vividos aqui na terra, e não por uma possível vida espiritual posterior à morte, como poderia imaginar alguém de outro povo ou tempo, e como o ser humano descumpriu os acordos feitos com Deus, mesmo que hoje tenhamos entre nós pessoas boas, alguma conseqüência temos que suportar por causa dos erros cometidos voluntariamente pelos antepassados, e essa conseqüência é a vida mais curta, menos tempo para aproveitar as felicidades, os prazeres da existência.
Digamos isso. Não que acreditamos em uma vida tão longa de nossos antepassados, mas simplesmente para chamar a atenção dos ouvintes de uma forma tão contundente que os convença do quanto era boa a vida e quanto perdemos ao desrespeitar o Ser que criou todas as coisas para nosso proveito e só queria em contrapartida o respeito às suas vontades. E que esse convencimento faça com que doravante todos sigam os ensinamentos dos sacerdotes, não mais desrespeitando os preceitos por nós passados como sendo a vontade de Deus. Se bem que deve mesmo ser a vontade Dele, pois apesar de exagerarmos para convencê-los, realmente, após prestarmos atenção nos ensinamentos dos antepassados, e termos observado atentamente os acontecimentos do dia-a-dia, além de procurarmos interpretar sonhos, que afinal não entendemos mas acreditamos ser mensagens de entes espirituais que querem nos fazer entender o sentido da vida, só pode mesmo ser esse o caminho a ser seguido pelo povo que queira viver o máximo possível e da forma mais feliz possível.
SEIS
Como é passado pelos antigos, que receberam dos mais antigos, o acontecimento de uma grande inundação, que chamam dilúvio, aproveitemos tal história (ou estória) para dizermos mais alguma coisa sobre o desrespeito às vontades de Deus e as conseqüências disso. Mas procuremos falar de uma inundação tão grandiosa que somente com a intervenção direta de Deus é que tenha acabado sendo possível continuar existindo a vida sobre a terra.
Iniciemos mais uma vez, mesmo que indiretamente, culpando as mulheres pela ação do homem que acabou desagradando a Deus, sempre para reafirmar a inferioridade dela. Digamos que foi por as mulheres de povos não “protegidos por Deus” serem muito bonitas que nossos filhos foram atraídos por elas e que unir-se a elas era coisa reprovável aos olhos de Deus, e que por isso Ele, que deve ter sentimentos de felicidade e arrependimento, alegria e ódio, como é próprio de todo ser que pensa, como nós, arrependeu-se de ter criado tudo isso e ver que a obra mais perfeita, o homem, não tem tido a preocupação de respeitar suas vontades, e por isso resolveu destruir tudo: os homens, os animais, as plantas e até mesmo o planeta inteiro.
Porém, para justificarmos o fato de ainda estarmos aqui, e termos tudo o que há, digamos que um homem, Noé, era tão bom que Deus compadeceu dele e fez com que ele sentisse que uma chuva colossal iria destruir tudo, a não ser que fosse construída uma grande barca em que pudesse ser colocados animais, sementes e quantas pessoas quisessem ser salvas.
Digamos que ainda tentou convencer outras pessoas a fazerem o mesmo, mas que todos acharam ser loucura e nada fizeram. Digamos isso para ficar claro que ele era realmente bom, preocupado com seus semelhantes.
Depois, para mostrar que foi mesmo colossal a chuva, falemos que todo o mundo foi alagado e só restou, para reiniciar tudo o que existe, o que estava na barca. Assim, teremos que dizer que foi colocado um casal de cada tipo de animal, um pouco de semente de cada tipo de planta e alguns casais de pessoas, os filhos e noras do próprio Noé, enfim, um pouco de tudo o que vive em nossos dias.
É claro: qualquer um que racionalize um pouco verá que nenhuma barca caberia um pouco de tudo o que existe, mas nesse ponto não tem importância que seja incoerente, pois em nossos dias é comum falar em parábolas, inventar uma estória para ficar mais fácil explicar o sentido mais amplo de alguma outra coisa. Assim, todos saberão, pela incoerência história dessa narrativa, que não é algo real, mas simbólico. E não terá problema, pois os outros temas que foram e serão abordados com mais coerência serão suficientes para convencê-los, e terão essa parte como um complemento irreal mas importante para reafirmar a grandiosidade de alguns que, mesmo estando só em suas respectivas épocas, conseguem fazer com que muitos sejam beneficiados nela mesma ou no futuro.
SETE E OITO
Sobre a chuva, digamos que foi sobre toda a face da terra e que durou quarenta dias e quarenta noites, destruindo tudo que não estava na barca. E digamos que entre chuva e fim das águas foram algo em torno de sete e dez meses, isso para ficar claro que nada sobreviveu à inundação.
Acabemos o relato sobre esse episódio dizendo que Noé agradeceu a Deus queimando alguns animais perfeitos para que o cheiro da fumaça dos mesmos fosse sentido por Ele, e que tendo Ele sentido tal cheiro, ficou feliz e prometeu nunca mais acabar com todo o ser vivente da terra como tinha feito naquele dilúvio. E isso tem que ser dito para que possamos falar com o povo sobre os outros tipos de destruição que vemos e consideramos que sejam “castigos” de Deus, ou sinais para que nos arrependamos dos desvios e voltemos ao caminho certo, o caminho querido por Ele.
E, no versículo 22, terminemos “colocando na boca de Deus” que “enquanto a terra durar, não deixará de haver sementeira e ceifa, frio e calor, verão e inverno, dia e noite”. Mas não expliquemos nada sobre esse “enquanto a terra durar”, pois na verdade não sabemos o que isso quer dizer. Será que um dia ela explodirá com um desses grandes vulcões, será derretida por um aumento descomunal dos mares, ou desintegrada por uma pedra grande dessas que quando caem do espaço, mesmo pequeninas, fazem um estrago medonho? E mesmo: será que esse “enquanto” é exclusivo da terra, sendo que nesse momento nós estejamos seguros em algum outro lugar, em alguma estrela, ou será que a terra é o único local possível para a vida tal como conhecemos, material assim, e que com seu fim a odisséia humana também terá chegado ao seu fim?
Essas divagações vêm, não que fossem necessárias aqui, nem porque as colocaremos na Escritura, mas porque, como sabemos, já desde há muito que existem as histórias de carruagens que vêm do espaço, que dizemos serem de emissários divinos, mas que na verdade não temos certeza disso, criando, por isso, sonhos de podermos, um dia, ir a outros planetas, conhecermos outros filhos de Deus espalhados pelo universo. E não convêm colocarmos essas crenças em nosso escrito, pois muitos não acreditam nisso, acham que somos os únicos viventes, e por isso uns ficariam descrentes em nossa obra, outros com raiva, e outros, talvez, até mesmo adulterassem-na para conformá-la às suas crenças limitadas, só baseadas no que eles mesmos presenciaram ou no que é lógico apenas para eles.
NOVE
Repitamos a idéia passada sobre Adão e Eva, onde ficou claro que a “frutificação, a multiplicação e povoamento da Terra” foi uma “ordem” recebida de Deus, e digamos, também, que “terão medo e pavor de vós todo animal da terra, toda ave do céu, tudo o que se move sobre a terra e todos os peixes do mar; nas vossas mãos são entregues”. Isso para que fique justificada a dominação e o uso de tudo o que existe pelo homem.
Mas coloquemos que Deus proibiu que se comesse o sangue dos animais e a carne de porco, para que fique justificada a proibição que impomos há muito quanto a isso. E está claro que Deus proíbe mesmo tal atitude, pois no decorrer da história muitos sacerdotes, que são os únicos que se dedicam a esse tipo de observação, perceberam que entre aqueles que faziam uso do sangue de qualquer animal, ou, principalmente da carne de porco, muitos acabavam ficando doentes e até morrendo. Assim, mesmo Deus não tendo falado diretamente que eram proibidas tais coisas, só pode ser sinais de Sua vontade o que acontecia e acontece com aqueles que faziam e fazem uso dessas partes da Criação, desrespeitando leis que foram criadas pelos representantes de Deus.
Falando no dilúvio, aqui é um momento importante para trabalharmos a idéia de que Deus não mais destruirá a vida da Terra com água, com outro dilúvio. Coloquemos isso para dizermos que Deus fez um pacto com a humanidade de que não mais aconteceria isso, e usemos a existência do arco-íris, que não sabemos porquê existe, mas que admiramos sua beleza, para dizermos que foi criado ao final do dilúvio como forma de lembrança do pacto todo vez que se iniciar uma chuva. Assim estará explicado o arco-íris e preparado o terreno para, mais há frente, defendermos outro tipo de punição para os que não seguem as vontades de Deus, não seguem nossos ensinamentos.
Para terminarmos a história de Noé, e explicarmos porque os que se consideram originários de Canaã são escravizados, criemos o seguinte fato: digamos que cada qual dos três filhos se Noé seria pai de um povo, sendo que um dia, após beber muito vinho e embebedar-se, este foi visto por Cão, seu filho, gerador dos cananeus, e que este não apiedou-se do pai, mas foi contar aos irmãos de forma zombeteira, sedo que estes é que cuidaram do pai. Assim, digamos que quando Noé soube do ocorrido, amaldiçoou os descendentes de Cão, ou seja, toda a Canaã, dizendo que esta seria serva dos “filhos” dos que se apiedarem dele, ou seja, dos povos que surgissem a partir das descendências de Sem e Jafé, os filhos que agiram corretamente com relação ao pai.
DEZ
Após termos falado sobre o dilúvio e “maldição” proferida por Noé a Canaã, por causa de seu “pai” Cão, é conveniente que façamos uma relação dos povos que descendem dos filhos de Noé. Não é preciso sabermos realmente se todos os povos listados existem ou existiram, ou se grau mesmo geneticamente pertencentes aos ramos em que os agrupamos, é necessário colocar Canaã como descendente de Cão e os povos que dominam ou dominaram-na como descendentes de Sem e Jafé. Isso para ficar coerente com o que relatamos antes e para ficar, de vez, justificada a dominação de Canaã.
Assim, digamos que de Jafé surgiram descendentes, e que estes receberam as ilhas hoje povoadas; de Cão, digamos que surgiram Cuche, Mizraim, Pute e Canaã, e que de Cuche surgiram vários, dentre eles Ninrode, e deste Babel e vários outros lugares, além de Nínive e outras, já na Assíria. E seguindo, cheguemos a dizer que dessas descendências de Cão é que foram geradas também Sodoma e Gomorra; de Sem, digamos que surgiram Assur e outros, e desses, Uz, Hul, Geter, Más, Selá, Eber, Pelegue, Joctã, Almodá, Selefe, Hazarmavé, Jerá, Hadorão, Usal, Dicla, Obal, Abimael, Sebá, Ofir, Havilá e Jobabe, tudo numa seqüência de várias gerações, que habitaram desde Messa até Sefar, montanha do oriente.
Tudo bem que coloquemos nomes desconhecidos de todos, pois queremos criar uma seqüência que justifique as situações dos povos conhecidos atualmente, dizendo que este ou aquele tem esta ou aquela característica porque descendem de alguém que fez algo errado ou certo, que foi amaldiçoado ou abençoado. O importante é que incluamos os que têm problemas entre os descendentes de Cão, e os prósperos e dominadores entre os de Sem e Jafé, sim, porque acreditamos – e é importante passar isso – que os prósperos e dominadores o são pela vontade de Deus, porque merecem. E não nos preocupemos se futuramente os adoradores de Deus e outros interessados saibam se os nomes aqui colocados são pessoas ou cidades, ou povos inteiros, porque por agora nós mesmos poderemos explicar, até mesmo criando na hora uma saída para perguntas impertinentes; além de que, na verdade isso é irrelevante, pois se se acredita que é uma pessoa, conclui-se que dessa pessoa surgiram cidades e povos inteiros, e se se conclui que é uma cidade ou povo, conclui-se que surgiram de uma pessoa, que ao final é pai de todos.
ONZE
Tendo que existem muitos idiomas, e que é preciso Ter uma explicação de porquê existem tantos, causando as dificuldades que conhecemos na comunicação entre os povos, e após refletir bastante sobre o assunto com toda a boa-vontade possível, aproveitemos a história que já vem sendo passada de pai para filho desde tempos indeterminados que fala sobre a construção de uma grande torre construída pelo ser humano com o fim de alcançar o céu.
Digamos que tal construção era egoísmo do ser humano, pois o céu é de Deus e querer chegar lá sem ser através da “pós-vida” é inaceitável a Ele, e que por isso houve toda aquela história de confusão provocada pela imposição divina de diversidade idiomática para que tal obra não prosseguisse.
Após esse problema, que nem era necessário colocar nesse momento, mas também não precisaria ser deixado para depois, e que para não virmos a esquecê-lo já é melhor que tenhamos colocado, voltemos à genealogia dos filhos de Noé, destacando a de Sem, pois segundo seu modo de vida destacado anteriormente, é dele que descenderá os escolhidos, e os personagens importantes na luta desse povo, ou de nosso povo, para conseguirmos a unidade necessária à prosperidade, a liberdade e à felicidade.
Assim, coloquemos que Sem gerou Arfaxade, outros filhos e filhas; Arfaxade gerou Selá, e mais filhos e filhas, até chegarmos à geração de Abrão, cuja história deverá ser trabalhada com bastante detalhe. Mas cuidemos que entre Sem e este seja colocada uma longa seqüência, para dizermos que já fazia muitas gerações que havia ocorrido o dilúvio.
Com tais detalhes, citando nomes e tempo de vida, com certeza as informações serão consideradas verdadeiras, e nós teremos uma história coerente, dando ao nosso povo muito mais força, muito mais garra para continuarmos vivendo nesse mundo, e a nós uma autoridade inquestionável, idolatrável até.
DOZE
Sem nos esquecermos que muito, ou quase tudo o que escrevemos não é invenção nossa, mas registro do que a tradição oral já nos deu, trabalhemos sobre o personagem Abrão.
Digamos que ele, por ouvir uma ordem de Deus nesse sentido, saiu de sua terra, de perto de seus parentes, e foi para outra região, onde o Criador disse que era o local adequado, onde seria abençoado e teria filhos e filhas, chegando, através de seus descendentes, a gerar uma grande nação. E digamos que Deus falou a ele sobre o fato de que todo aquele que estivesse ao seu lado seria também abençoado, e todo que fosse seu inimigo seria amaldiçoado. Assim estaremos reforçando no povo a crença de que estando do lado dos protegidos de Deus a vida é uma bênção, mas estando contra, é uma maldição. E desta forma estaremos nos garantindo, pois sempre fomos considerados os “representantes diretos de Deus na Terra”, e estaremos “obrigando” a que todos façam conforme nós mandamos para não serem castigados, mas abençoados.
Coloquemos, também, uma história sobre fome na região de Canaã, que é para onde Abrão havia rumado, para justificar sua ida para o Egito, que só sabemos ter ocorrido através da história oral. Mas justifiquemos a saída de lá por causa do ocorrido entre o faraó e sua mulher, Sarai: digamos que o faraó, sem saber que ela era mulher de Abrão, tomou-a por esposa, e que por isso foi castigado por Deus com várias pragas, vindo a saber, depois que havia cometido adultério, e então mandou Abrão, a mulher e todas suas posses embora. Digamos isso para explicarmos a história e aproveitar para dizer que o adultério é castigado por Deus. E isso sabemos porque observando, tanto nós como nossos antepassados que nos passaram tal certeza oralmente, sempre percebemos que o adultério traz desgraças: são angústias, brigas e mortes. Por isso, definitivamente não é vontade de Deus que ocorra esse tipo e coisa.
“Não foi dada a ninguém a capacidade de saber algo sobre o futuro, nem sobre o passado – a não ser através da história oral ou documental. Mas muitos, acreditando realmente ter tido visões ou algo semelhante, ou ainda falando por parábolas, como era costume de determinadas épocas, falaram coisas que fizeram multidões acreditarem nas maiores esquisitices. Por isso, com o poder que todos temos para refletir e chegar a conclusões, passo, a seguir, a reescrever o que foi, é e ainda será motivo de muitas divergências, crenças, sofrimentos e alienações.”
“Espero, pois, que tudo o que será por mim escrito seja para o bem de todos que venham a conhecer esta obra, isto é, para a liberdade plena, sem falsas crenças, que surgem por má interpretação de quem escreveu há milênios, quando o estilo literário, as crenças ou os interesses não permitiam que fossem diferentes os ditos e ensinamentos”.
1 – GÊNESIS
UM
Como é impossível sabermos quando e como iniciou o mundo, ou mesmo se ele não é eterno, se existe desde sempre, é conveniente que elaboremos uma parábola, que com certeza depois de bom tempo passará a ser considerada “lenda” por outras religiões, para explicar que segundo nossa crença tudo foi criado por Deus: o céu e a Terra, o Sol com sua luz, as águas, os animais, as plantas, e o ser humano: homem e mulher.
Mas como nós sempre tivemos que o homem é superior à mulher, incluamos nessa parábola a idéia de que esta foi criada a pedido daquele e que foi tirada de uma costela dele, para que se tenha uma “justificativa divina” à sua inferioridade. Assim, façamos a parábola sobre Adão e Eva. Mas, antes de “criarmos” esses dois, façamos um capítulo que, confrontado com o seguinte, “dubifique” a idéia da Criação, pelos motivos que oportunamente ficarão claros.
Primeiro, digamos que Deus levou seis dias trabalhando nessa obra e que descansou no sétimo, pois assim acreditamos que seja bom: trabalhar seis e descansar um, já que mais que isso causa muito cansaço nas pessoas, e dizendo que Deus fez isso, fica justificado que também façamos assim. Digamos isso para justificar a necessidade de se descansar, pois a verdade sobre a origem do mundo é, com certeza, impossível de ser descoberta.
Depois, o que é muito importante nessa parábola, passemos que Deus nos fez à sua imagem e semelhança, para sermos “buscadores” de uma perfeição como a que sempre dizemos que Ele tem. Isso para que diminua a mesquinhez, a soberba, a arrogância, enfim, todos os males que existem por causa da inumanidade dos seres que se dizem racionais e que faz existir as guerras, os assassinatos, a fome, a humilhação e muitas outras situações praticadas sem justificativas e que são indignas do ser humano.
Enfim, façamos essa parábola para dizer que tudo foi criado por Deus: uma coisa, outra coisa, um ser, outro ser. E digamos que Ele mesmo chamou o primeiro homem para que este desse nome aos entes, pois como não sabemos quem fez isso, nem quando foi feito, atribuindo ao primeiro homem, por vontade de Deus, estaremos parecendo ter explicação para tudo.
E falemos sobre a Criação dizendo que cada coisa foi criada, e descrevamos as coisas tal como são conhecidas hoje, não que realmente tenha sido sempre assim, com cada coisa já sendo criada exatamente como é agora, mas porque Ele pode ter criado uma pequena partícula, “um infinitesimal nada”, e dado a isso “uma dinâmica” para que com o tempo chegasse a desenvolver-se e realizar seus objetivos, e agora, depois de muito tempo, passamos a ter todas as coisas conhecidas, que foram criadas por Ele num processo evolutivo pensado, intencionado.
DOIS
Digamos que o ser humano foi criado do pó da terra, pois com certeza ela existiu antes, e dela as outras coisas foram surgindo, direta ou indiretamente, saindo dela mesma ou de outros entes saídos dela. Isto é: podem ter saído da terra, da água ou do ar, pois tudo isso faz parte de uma mesma realidade, pois são surgidos do processo desencadeado pelo mesmo “infinitesimal nada” que está evoluindo incessantemente até hoje e certamente continuará evoluindo por muito tempo ainda.
O lugar onde iniciou a vida humana, o Éden, localizemos numa região atrás das grandes montanhas existentes ao Norte, pois elas são intransponíveis e isso dará crédito à parábola, e será então uma utopia chegar a esse local tão prazível. Ficará como “o paraíso perdido” mas possível de existência real, dando crédito à nossa invenção.
Façamos uma lista dos nomes de rios, cidades e locais conhecidos, colocando seus nomes e atribuindo também a Deus essas denominações, pois são muito antigos e também não sabemos quem os nomeou. E colocando em Deus tal feito, esses rios, cidades e regiões serão, com certeza, considerados sagrados e eternos, o que ajuda na preservação e no uso dos mesmos.
A seguir, digamos que o homem pediu a Deus uma companheira, e que foi atendido. Adiante, como nós, homens, estamos inventando a história, criemos “uma serpente espiritual”, um gênio maligno, que levará a mulher a desobedecer a Deus e convencer o homem a também fazer isso, levando, tal desobediência, à existência dos sofrimentos e da morte. Assim estaremos – nós, os homens –, nos livrando quase que por completo da culpa desses males; estaremos culpando a mulher, que não interfere na elaboração dessa parábola, mas ainda dando uma chance a ela, dizendo que foi um gênio maligno o “culpado último” por tudo de ruim que existe no mundo.
Sim. Tudo isso é importante que digamos, pois do contrário será impossível ter justificativas para o surgimento do homem, da mulher, da má índole que acomete a maioria das pessoas e de todo o sofrimento, de toda a fadiga que somos obrigados a suportar na vida.
E não será necessário tanta preocupação com a coerência da história inventada, pois neste tempo em que vivemos e para quem estamos inventando, dificilmente alguém as encontrará.
Assim, não nos preocupemos se mesmo antes de dizer que foi a desobediência que criou a labuta já dissermos – no versículo 15 do capítulo 2, por exemplo – que o homem terá que lavrar a terra e depois dissermos que foi após ter comido a fruta proibida é que tal fato passou a ser necessário. Ou, como está no versículo 24 desse mesmo capítulo, que ainda “não criamos o fato que levaria ao surgimento de pais, mães e filhos”, digamos já que “deixará o homem a seu pai e a sua mãe, e unir-se-á à sua mulher, e serão uma só carne”, pois isso é importante ser dito como algo prescrito por Deus, já que assim estamos ensinando como sendo o correto, ou já que percebe-se a ocorrência desse fenômeno em todas as regiões conhecidas. Digamos isso, mesmo que aqui não seja o melhor lugar, nem o tempo certo para tal dito caso quiséssemos que a parábola cronologicamente correta.
TRÊS
Dizendo que ao comer “do fruto da árvore proibida” o ser humano, homem e mulher, “traiu a confiança de Deus”, passemos a narrar que Deus os castigou com um castigo muito grande dizendo à mulher: “multiplicarei grandemente a dor da tua concepção, sendo que em dor darás à luz filhos, e tu não terás desejos próprios, pois será dominada por teu marido, sujeitando-te completamente a ele, e ele te dominará”. E ao homem: “porquanto deste ouvidos à voz de tua mulher, e comeste da árvore de que te ordenei dizendo para que não comesses, maldita será terra por tua causa, sendo que naturalmente ela produzirá espinhos e todo tipo de dificuldades para o cultivo, como ervas imprestáveis à alimentação que terão que ser arrancadas com grande dispêndio de forças, pragas e doenças que farão com que tenhas que sofrer muito, suar muito para produzir o alimento”. E digamos que, além disso, foi a partir dessa desobediência que Deus fez com que o ser humano sentisse a necessidade de se vestir, não para proteger-se do frio ou do sol excessivo, mas porque sentiu vergonha de andar nu. Desta forma teremos desvelado o motivo de a mulher sofrer tanto para gestar e dar à luz, de não poder ter desejos próprios e ter que se sujeitar ao homem; o motivo de tanto sofrimento para se conseguir o necessário à alimentação e à proteção das intempéries, como casas e vestimentas.
QUATRO
Quando falarmos sobre o nascimento do primeiro filho de Adão e Eva, digamos que ela pronunciou palavras de agradecimento a Deus por ter tido um filho e não uma filha. Isto porque nós, os homens, precisamos justificar o fato de todos preferirem ter filhos à filhas, e também para reafirmarmos nossa maior importância, mesmo quando são as mães a descobrirem o sexo de seu rebento.
Depois de dizermos que Adão e Eva tiveram mais um filho, Abel, digamos que este deu oferendas que foram aceitas por Deus, e digamos que o outro filho do casal também ofereceu mas que Deus não aceitou. Só não expliquemos o motivo, pois é difícil inventar um, e também não é importante explicar, pois a intenção é dizer que Caim ficou ofendido por não ter suas ofertas aceitas e zangado com seu irmão que então era o “bonzinho”, vindo, daí, a matá-lo.
Assim, teremos criado uma situação em que algo de muito ruim foi cometido, e a partir daí poderemos explicar para as pessoas de onde descendem os vagabundos, os maus, os “praticadores” de atos considerados ruins e sem justificativa plausível, porque foram castigados por Deus a ponto de não conseguirem tirar da terra seus sustentos. Diremos que são descendentes de Caim, que se multiplicaram e se espalharam por toda a terra, e hoje são os que habitam em tendas e possuem gado, os que tocam harpa e flauta, os fabricantes de instrumentos cortantes de cobre e ferro.
Mas, como foi que tais pessoas descenderam de Caim se até agora só trabalhamos a idéia da existência de um casal, Adão e Eva, que gerou apenas dois homens: este que foi o pai de todos os vagabundos, e Abel, que foi morto? E mesmo depois, quando trabalharmos a idéia de Set, o antepassado nosso, os que acreditamos sermos escolhidos para uma vida longa e feliz por sermos bons e “arrependedores” de uns ou outros pecados cometidos contra a vontade, os propósitos de Deus?
Bem, aqui poderíamos dar uma de duas explicações: ou que Adão e Eva tiveram também filhas – mas que estas são inferiores, ou simples peças necessárias à realização dos objetivos dos homens, e por isso é desnecessário mencioná-las – e Caim uniu-se a uma delas, pois eram as únicas mulheres existentes na terra, e ele precisava relacionar-se sexualmente com uma para gerar filhos; ou que a história de Adão e Eva seja “a história de um povo, o povo escolhido por Deus para fazer a Sua vontade”, sendo que existiam também outros povos, de onde tanto Caim quanto Set conheceram suas mulheres. E, inclusive, para esse tipo de argumento servirá o fato de colocarmos, na verdade, duas “narrativas” sobre a Criação, onde uma poderia ser a criação dos outros povos, e outra a criação “do povo escolhido”. Ou seja, a criação de nossos antepassados, que vêm de Adão e Eva.
Porém, caso parta para a primeira interpretação, poder-se-ia explicar que como não existiam outras mulheres, naquele tempo não era “pecado” irmão e irmã unirem-se e ter relações sexuais, para que aumentasse a população, e poderíamos dizer que depois não era pecado unir-se e ter relações sexuais entre primo e prima, e assim sucessivamente, até o tempo em que seja pecado ou apenas desaconselhável que isso aconteça entre parentes de qualquer grau, e até entre sogra e genro viúvo ou separado segundo o que a lei permita.
Já no segundo caso, apesar de ficar melhor por conseguirmos evitar a idéia de incesto desde o início por parte do povo escolhido, complicaria a nossa parábola, pois não conseguiríamos explicar o motivo de Deus ter criado um povo que não fosse “o escolhido”, e depois, criando “o escolhido” ainda ter acontecido “a perdição” de Caim. Assim, como o que estamos fazendo é mesmo uma parábola porque não sabemos realmente como tudo surgiu, e acreditamos fielmente que as pessoas às quais essas explicações se destinam não vão aprofundar-se tanto no raciocínio a ponto de questionar fatos como esses, é melhor mesmo que deixemos uma escrita ambígua, de forma que seja possível interpretar de uma maneira ou outra e, principalmente, ficar em dúvida mas acreditar que nós sabíamos mesmo como foi “o Princípio”. E para que exista essa ambigüidade, é melhor que pulemos essa polêmica e escrevamos apenas “o fato” de um e outro terem conhecido suas mulheres e sido “pais” de um e outro tipo de gente dos que povoam a terra em nossos dias.
CINCO
Agora é preciso fazer uma genealogia completa de nosso povo, desde Set, que é o terceiro filho de Adão e Eva, até nós. Isto para que não reste dúvidas sobre nossa história, e que saibam que somos descendentes do filho bom do casal feito por Deus para realizar Sua vontade na terra.
Mas, além de fazer a genealogia, sempre preocupados apenas com os nomes masculinos e com seus descendentes, agora, para melhorar as coisas, coloquemos também houveram filhas, porque é preciso dizer que gerou-se muitas mulheres, pois isso é óbvio tendo em vista a grande quantidade delas na face da terra.
Nessa genealogia, façamos, também, uma divisão sobre o tempo de vida dos homens, colocando que o primeiro grupo viveu muitos e muitos anos, chegando a quase mil anos, até que, com a rebelião que causou o dilúvio, Deus não mais permitiu que se vivesse mais que seiscentos anos, e depois, com a outra rebelião, a da ... não se vive mais que cento e poucos anos. Isso porque é corrente entre nós e nosso povo a idéia de que as bênçãos de Deus manifestam-se pela felicidade e pelos anos vividos aqui na terra, e não por uma possível vida espiritual posterior à morte, como poderia imaginar alguém de outro povo ou tempo, e como o ser humano descumpriu os acordos feitos com Deus, mesmo que hoje tenhamos entre nós pessoas boas, alguma conseqüência temos que suportar por causa dos erros cometidos voluntariamente pelos antepassados, e essa conseqüência é a vida mais curta, menos tempo para aproveitar as felicidades, os prazeres da existência.
Digamos isso. Não que acreditamos em uma vida tão longa de nossos antepassados, mas simplesmente para chamar a atenção dos ouvintes de uma forma tão contundente que os convença do quanto era boa a vida e quanto perdemos ao desrespeitar o Ser que criou todas as coisas para nosso proveito e só queria em contrapartida o respeito às suas vontades. E que esse convencimento faça com que doravante todos sigam os ensinamentos dos sacerdotes, não mais desrespeitando os preceitos por nós passados como sendo a vontade de Deus. Se bem que deve mesmo ser a vontade Dele, pois apesar de exagerarmos para convencê-los, realmente, após prestarmos atenção nos ensinamentos dos antepassados, e termos observado atentamente os acontecimentos do dia-a-dia, além de procurarmos interpretar sonhos, que afinal não entendemos mas acreditamos ser mensagens de entes espirituais que querem nos fazer entender o sentido da vida, só pode mesmo ser esse o caminho a ser seguido pelo povo que queira viver o máximo possível e da forma mais feliz possível.
SEIS
Como é passado pelos antigos, que receberam dos mais antigos, o acontecimento de uma grande inundação, que chamam dilúvio, aproveitemos tal história (ou estória) para dizermos mais alguma coisa sobre o desrespeito às vontades de Deus e as conseqüências disso. Mas procuremos falar de uma inundação tão grandiosa que somente com a intervenção direta de Deus é que tenha acabado sendo possível continuar existindo a vida sobre a terra.
Iniciemos mais uma vez, mesmo que indiretamente, culpando as mulheres pela ação do homem que acabou desagradando a Deus, sempre para reafirmar a inferioridade dela. Digamos que foi por as mulheres de povos não “protegidos por Deus” serem muito bonitas que nossos filhos foram atraídos por elas e que unir-se a elas era coisa reprovável aos olhos de Deus, e que por isso Ele, que deve ter sentimentos de felicidade e arrependimento, alegria e ódio, como é próprio de todo ser que pensa, como nós, arrependeu-se de ter criado tudo isso e ver que a obra mais perfeita, o homem, não tem tido a preocupação de respeitar suas vontades, e por isso resolveu destruir tudo: os homens, os animais, as plantas e até mesmo o planeta inteiro.
Porém, para justificarmos o fato de ainda estarmos aqui, e termos tudo o que há, digamos que um homem, Noé, era tão bom que Deus compadeceu dele e fez com que ele sentisse que uma chuva colossal iria destruir tudo, a não ser que fosse construída uma grande barca em que pudesse ser colocados animais, sementes e quantas pessoas quisessem ser salvas.
Digamos que ainda tentou convencer outras pessoas a fazerem o mesmo, mas que todos acharam ser loucura e nada fizeram. Digamos isso para ficar claro que ele era realmente bom, preocupado com seus semelhantes.
Depois, para mostrar que foi mesmo colossal a chuva, falemos que todo o mundo foi alagado e só restou, para reiniciar tudo o que existe, o que estava na barca. Assim, teremos que dizer que foi colocado um casal de cada tipo de animal, um pouco de semente de cada tipo de planta e alguns casais de pessoas, os filhos e noras do próprio Noé, enfim, um pouco de tudo o que vive em nossos dias.
É claro: qualquer um que racionalize um pouco verá que nenhuma barca caberia um pouco de tudo o que existe, mas nesse ponto não tem importância que seja incoerente, pois em nossos dias é comum falar em parábolas, inventar uma estória para ficar mais fácil explicar o sentido mais amplo de alguma outra coisa. Assim, todos saberão, pela incoerência história dessa narrativa, que não é algo real, mas simbólico. E não terá problema, pois os outros temas que foram e serão abordados com mais coerência serão suficientes para convencê-los, e terão essa parte como um complemento irreal mas importante para reafirmar a grandiosidade de alguns que, mesmo estando só em suas respectivas épocas, conseguem fazer com que muitos sejam beneficiados nela mesma ou no futuro.
SETE E OITO
Sobre a chuva, digamos que foi sobre toda a face da terra e que durou quarenta dias e quarenta noites, destruindo tudo que não estava na barca. E digamos que entre chuva e fim das águas foram algo em torno de sete e dez meses, isso para ficar claro que nada sobreviveu à inundação.
Acabemos o relato sobre esse episódio dizendo que Noé agradeceu a Deus queimando alguns animais perfeitos para que o cheiro da fumaça dos mesmos fosse sentido por Ele, e que tendo Ele sentido tal cheiro, ficou feliz e prometeu nunca mais acabar com todo o ser vivente da terra como tinha feito naquele dilúvio. E isso tem que ser dito para que possamos falar com o povo sobre os outros tipos de destruição que vemos e consideramos que sejam “castigos” de Deus, ou sinais para que nos arrependamos dos desvios e voltemos ao caminho certo, o caminho querido por Ele.
E, no versículo 22, terminemos “colocando na boca de Deus” que “enquanto a terra durar, não deixará de haver sementeira e ceifa, frio e calor, verão e inverno, dia e noite”. Mas não expliquemos nada sobre esse “enquanto a terra durar”, pois na verdade não sabemos o que isso quer dizer. Será que um dia ela explodirá com um desses grandes vulcões, será derretida por um aumento descomunal dos mares, ou desintegrada por uma pedra grande dessas que quando caem do espaço, mesmo pequeninas, fazem um estrago medonho? E mesmo: será que esse “enquanto” é exclusivo da terra, sendo que nesse momento nós estejamos seguros em algum outro lugar, em alguma estrela, ou será que a terra é o único local possível para a vida tal como conhecemos, material assim, e que com seu fim a odisséia humana também terá chegado ao seu fim?
Essas divagações vêm, não que fossem necessárias aqui, nem porque as colocaremos na Escritura, mas porque, como sabemos, já desde há muito que existem as histórias de carruagens que vêm do espaço, que dizemos serem de emissários divinos, mas que na verdade não temos certeza disso, criando, por isso, sonhos de podermos, um dia, ir a outros planetas, conhecermos outros filhos de Deus espalhados pelo universo. E não convêm colocarmos essas crenças em nosso escrito, pois muitos não acreditam nisso, acham que somos os únicos viventes, e por isso uns ficariam descrentes em nossa obra, outros com raiva, e outros, talvez, até mesmo adulterassem-na para conformá-la às suas crenças limitadas, só baseadas no que eles mesmos presenciaram ou no que é lógico apenas para eles.
NOVE
Repitamos a idéia passada sobre Adão e Eva, onde ficou claro que a “frutificação, a multiplicação e povoamento da Terra” foi uma “ordem” recebida de Deus, e digamos, também, que “terão medo e pavor de vós todo animal da terra, toda ave do céu, tudo o que se move sobre a terra e todos os peixes do mar; nas vossas mãos são entregues”. Isso para que fique justificada a dominação e o uso de tudo o que existe pelo homem.
Mas coloquemos que Deus proibiu que se comesse o sangue dos animais e a carne de porco, para que fique justificada a proibição que impomos há muito quanto a isso. E está claro que Deus proíbe mesmo tal atitude, pois no decorrer da história muitos sacerdotes, que são os únicos que se dedicam a esse tipo de observação, perceberam que entre aqueles que faziam uso do sangue de qualquer animal, ou, principalmente da carne de porco, muitos acabavam ficando doentes e até morrendo. Assim, mesmo Deus não tendo falado diretamente que eram proibidas tais coisas, só pode ser sinais de Sua vontade o que acontecia e acontece com aqueles que faziam e fazem uso dessas partes da Criação, desrespeitando leis que foram criadas pelos representantes de Deus.
Falando no dilúvio, aqui é um momento importante para trabalharmos a idéia de que Deus não mais destruirá a vida da Terra com água, com outro dilúvio. Coloquemos isso para dizermos que Deus fez um pacto com a humanidade de que não mais aconteceria isso, e usemos a existência do arco-íris, que não sabemos porquê existe, mas que admiramos sua beleza, para dizermos que foi criado ao final do dilúvio como forma de lembrança do pacto todo vez que se iniciar uma chuva. Assim estará explicado o arco-íris e preparado o terreno para, mais há frente, defendermos outro tipo de punição para os que não seguem as vontades de Deus, não seguem nossos ensinamentos.
Para terminarmos a história de Noé, e explicarmos porque os que se consideram originários de Canaã são escravizados, criemos o seguinte fato: digamos que cada qual dos três filhos se Noé seria pai de um povo, sendo que um dia, após beber muito vinho e embebedar-se, este foi visto por Cão, seu filho, gerador dos cananeus, e que este não apiedou-se do pai, mas foi contar aos irmãos de forma zombeteira, sedo que estes é que cuidaram do pai. Assim, digamos que quando Noé soube do ocorrido, amaldiçoou os descendentes de Cão, ou seja, toda a Canaã, dizendo que esta seria serva dos “filhos” dos que se apiedarem dele, ou seja, dos povos que surgissem a partir das descendências de Sem e Jafé, os filhos que agiram corretamente com relação ao pai.
DEZ
Após termos falado sobre o dilúvio e “maldição” proferida por Noé a Canaã, por causa de seu “pai” Cão, é conveniente que façamos uma relação dos povos que descendem dos filhos de Noé. Não é preciso sabermos realmente se todos os povos listados existem ou existiram, ou se grau mesmo geneticamente pertencentes aos ramos em que os agrupamos, é necessário colocar Canaã como descendente de Cão e os povos que dominam ou dominaram-na como descendentes de Sem e Jafé. Isso para ficar coerente com o que relatamos antes e para ficar, de vez, justificada a dominação de Canaã.
Assim, digamos que de Jafé surgiram descendentes, e que estes receberam as ilhas hoje povoadas; de Cão, digamos que surgiram Cuche, Mizraim, Pute e Canaã, e que de Cuche surgiram vários, dentre eles Ninrode, e deste Babel e vários outros lugares, além de Nínive e outras, já na Assíria. E seguindo, cheguemos a dizer que dessas descendências de Cão é que foram geradas também Sodoma e Gomorra; de Sem, digamos que surgiram Assur e outros, e desses, Uz, Hul, Geter, Más, Selá, Eber, Pelegue, Joctã, Almodá, Selefe, Hazarmavé, Jerá, Hadorão, Usal, Dicla, Obal, Abimael, Sebá, Ofir, Havilá e Jobabe, tudo numa seqüência de várias gerações, que habitaram desde Messa até Sefar, montanha do oriente.
Tudo bem que coloquemos nomes desconhecidos de todos, pois queremos criar uma seqüência que justifique as situações dos povos conhecidos atualmente, dizendo que este ou aquele tem esta ou aquela característica porque descendem de alguém que fez algo errado ou certo, que foi amaldiçoado ou abençoado. O importante é que incluamos os que têm problemas entre os descendentes de Cão, e os prósperos e dominadores entre os de Sem e Jafé, sim, porque acreditamos – e é importante passar isso – que os prósperos e dominadores o são pela vontade de Deus, porque merecem. E não nos preocupemos se futuramente os adoradores de Deus e outros interessados saibam se os nomes aqui colocados são pessoas ou cidades, ou povos inteiros, porque por agora nós mesmos poderemos explicar, até mesmo criando na hora uma saída para perguntas impertinentes; além de que, na verdade isso é irrelevante, pois se se acredita que é uma pessoa, conclui-se que dessa pessoa surgiram cidades e povos inteiros, e se se conclui que é uma cidade ou povo, conclui-se que surgiram de uma pessoa, que ao final é pai de todos.
ONZE
Tendo que existem muitos idiomas, e que é preciso Ter uma explicação de porquê existem tantos, causando as dificuldades que conhecemos na comunicação entre os povos, e após refletir bastante sobre o assunto com toda a boa-vontade possível, aproveitemos a história que já vem sendo passada de pai para filho desde tempos indeterminados que fala sobre a construção de uma grande torre construída pelo ser humano com o fim de alcançar o céu.
Digamos que tal construção era egoísmo do ser humano, pois o céu é de Deus e querer chegar lá sem ser através da “pós-vida” é inaceitável a Ele, e que por isso houve toda aquela história de confusão provocada pela imposição divina de diversidade idiomática para que tal obra não prosseguisse.
Após esse problema, que nem era necessário colocar nesse momento, mas também não precisaria ser deixado para depois, e que para não virmos a esquecê-lo já é melhor que tenhamos colocado, voltemos à genealogia dos filhos de Noé, destacando a de Sem, pois segundo seu modo de vida destacado anteriormente, é dele que descenderá os escolhidos, e os personagens importantes na luta desse povo, ou de nosso povo, para conseguirmos a unidade necessária à prosperidade, a liberdade e à felicidade.
Assim, coloquemos que Sem gerou Arfaxade, outros filhos e filhas; Arfaxade gerou Selá, e mais filhos e filhas, até chegarmos à geração de Abrão, cuja história deverá ser trabalhada com bastante detalhe. Mas cuidemos que entre Sem e este seja colocada uma longa seqüência, para dizermos que já fazia muitas gerações que havia ocorrido o dilúvio.
Com tais detalhes, citando nomes e tempo de vida, com certeza as informações serão consideradas verdadeiras, e nós teremos uma história coerente, dando ao nosso povo muito mais força, muito mais garra para continuarmos vivendo nesse mundo, e a nós uma autoridade inquestionável, idolatrável até.
DOZE
Sem nos esquecermos que muito, ou quase tudo o que escrevemos não é invenção nossa, mas registro do que a tradição oral já nos deu, trabalhemos sobre o personagem Abrão.
Digamos que ele, por ouvir uma ordem de Deus nesse sentido, saiu de sua terra, de perto de seus parentes, e foi para outra região, onde o Criador disse que era o local adequado, onde seria abençoado e teria filhos e filhas, chegando, através de seus descendentes, a gerar uma grande nação. E digamos que Deus falou a ele sobre o fato de que todo aquele que estivesse ao seu lado seria também abençoado, e todo que fosse seu inimigo seria amaldiçoado. Assim estaremos reforçando no povo a crença de que estando do lado dos protegidos de Deus a vida é uma bênção, mas estando contra, é uma maldição. E desta forma estaremos nos garantindo, pois sempre fomos considerados os “representantes diretos de Deus na Terra”, e estaremos “obrigando” a que todos façam conforme nós mandamos para não serem castigados, mas abençoados.
Coloquemos, também, uma história sobre fome na região de Canaã, que é para onde Abrão havia rumado, para justificar sua ida para o Egito, que só sabemos ter ocorrido através da história oral. Mas justifiquemos a saída de lá por causa do ocorrido entre o faraó e sua mulher, Sarai: digamos que o faraó, sem saber que ela era mulher de Abrão, tomou-a por esposa, e que por isso foi castigado por Deus com várias pragas, vindo a saber, depois que havia cometido adultério, e então mandou Abrão, a mulher e todas suas posses embora. Digamos isso para explicarmos a história e aproveitar para dizer que o adultério é castigado por Deus. E isso sabemos porque observando, tanto nós como nossos antepassados que nos passaram tal certeza oralmente, sempre percebemos que o adultério traz desgraças: são angústias, brigas e mortes. Por isso, definitivamente não é vontade de Deus que ocorra esse tipo e coisa.
O Socialismo Como Opção Política
A Nilton Bobato e Chico Brasileiro, militantes do PCdoB e de movimentos sociais de Foz do Iguaçu, que sempre procuraram incentivar-me nas lutas por uma sociedade mais justa e solidária;
À Neide de Paula, minha esposa, que sempre compreendeu e colaborou com meus estudos e atividades político-sociais;
À Jéssica Crislayne de Paula Nascimento, minha filha, que desde pequenina sofreu com minhas ausências e ansiedade por um mundo melhor.
RESUMO
Desde a Revolução Industrial, algumas pessoas vão ficando cada vez mais ricas, enquanto a maioria cada vez mais pobre.
A partir de estudos profundos, Karl Marx e Friedrich Engels, já baseados em alguns outros estudiosos, ou “práticos”, criaram uma teoria (considerada científica) sobre os motivos desse processo de enriquecimento/empobrecimento e sobre as alternativas para que tal coisa deixasse de ocorrer.
O Socialismo de Marx e Engels, portanto, é uma teoria elaborada dentro dos métodos científicos da Sociologia e da Economia, passando por apreciações da Filosofia, o que deu forma e responsabilidade, além de real possibilidade de dar certo.
Com as descobertas de Marx, e com a publicação de um trabalho intitulado “O Manifesto Comunista”, em 1848 a Europa passou ater grandes movimentos operários lutando pelo Socialismo, até que em 1917 a Rússia acabou adotando a teoria marxista, tendo como principal expoente e primeiro presidente o revolucionário Vladimir Illich Ulianov “Lênin”. Após isso, o Socialismo difundiu-se para todos os lados.
Mas os donos dos meios de produção, e todos os governos capitalistas, lutaram e lutam com todos os meios para impedir tal conquista operária, e por isso quase todas as experiências socialistas fracassaram, além de que quem luta pelo Socialismo dificilmente consegue vitórias, porque os capitalistas têm os meios de comunicação e o poder econômico, e com isso passam sua ideologia para toda a população, que fica com medo de lutar por mudanças, e até contra elas e seus defensores.
Porém, mesmo com grandes dificuldades, continua existindo a luta pelo Socialismo e pelo Comunismo, e, no caso do Brasil, caso seus defensores consigam chegar ao poder, têm métodos, alternativas e objetivos a serem buscados de forma a não se repetir os fracassos de outros países; a não se repetir o que houve de errado em outras experiências socialistas; a realmente fazer com que a sociedade seja melhor que a atual e as pessoas possam perceber que o Socialismo e o Comunismo são realmente melhores que o Capitalismo.
Para que tudo isso fosse passado de uma forma a não parecer suposições infundadas, neste trabalho foram citados autores como: ARRUDA & PILETTI 1997, CARMO 1994 e FERREIRA 1997, autores de livros didáticos de História; SILVA 1986, NASCIMENTO 1997 e 1998, BOBATO 1998, BRASILEIRO 1998, CEPERA 1981, LEMOS 1995, SANDRONI 1991 e AMAZONAS 1995, que escreveram obras e artigos diretamente para defender o Socialismo e mostrar os problemas do Capitalismo. Além de GUARESCHI 1998, com “A Sociologia Crítica”, que vem corroborar com as ideias antiimperialistas; SPINDEL 1980, com informações “técnicas” sobre Socialismo; STÉDILE & GORGEN 1993, falando sobre a possibilidade constitucional de se fazer reforma agrária nos moldes socialistas; GOMYDE 1997, deputado comunista que defende a educação pública gratuita; FREIRE 1987, com sua “Pedagogia do Oprimido”, onde incentiva uma coisa importante para os socialistas: a Educação de boa qualidade e acessível a todos; e, finalmente, MARX 1978 e MARX & ENGELS 1998, os dois “pais” do Socialismo e Comunismo científicos.
I INTRODUÇÃO
Neste trabalho está caracterizado o que seja Socialismo, passando primeiro por uma explicação de quais os motivos de se ter “inventado” essa teoria, o que resultou em uma “mostra” do que seja o Capitalismo, o sistema socioeconômico que tem por base o predomínio do dinheiro, do capital, e que atualmente está presente na maioria dos países. Nessa "mostra", para justificar a busca de outro sistema, são evidenciados os problemas do Capitalismo, e o Socialismo vem como opção para resolver tais problemas.
A seguir, para que seja compreendido o Socialismo, buscou¬-se conhecimentos de sua história, mostrando as condições, as teorias de Karl Marx, e Friedrich Engels, como a Mais-Valia (exploração do trabalho proletário pelos capitalistas) e os caminhos apontados por eles (principalmente em o “'Manifesto Comunista”). Como ficará claro, o Socialismo e o Comunismo é algo tão parecido que a principal fonte para a distinção entre esses dois termos foram materiais elaborados por militantes do Partido Comunista do Brasil, que sentiram a necessidade de explicar melhor, para "os leigos", tais termos, porque os livros – mesmo "O Que é Socialismo" e "O Que é Comunismo" da Coleção "Primeiros Passos", da Editora Brasiliense – não deixaram clara a diferença. Aliás, confundiram mais, pois contaram a "história do marxismo" tanto em um como em outro, sem destacar o que seja este ou aquele.
Após ficar clara esta diferença e o processo de difusão do Socialismo como teria, acha-se necessário apresentar algumas experiências concretas desta teoria, mostrando que em cada uma delas foi preciso adaptar a teoria para as condições reais da sociedade, fazendo com que o Socialismo não seja uma teoria acabada que pode ser aplicada de forma igual em todo lugar. Nessa altura, ficou claro que copiar experiências não dá certo, ainda mais que os países que tentaram (ou que ainda estão tentando) cometeram erros que estão sendo estudados pelas pessoas que pretendem aplicar o Socialismo em outros lugares, buscando perceber o que não deve ser feito, ou o que deve ser feito para evitá-los.
Depois aparecerá um pouco da história do Socialismo no Brasil, falando sobre os partidos que defendem essa teoria, bem como sobre alguns que dizem defendê-la mas que na prática estão seguindo outros caminhos. Para caracterizar essas linhas políticas, a base foram os materiais citados e alguns programas partidários, além de observações que a gente mesmo faz nas campanhas políticas e na prática dos políticos desse ou daquele partido.
A seguir foi feito um panorama mais concreto do Socialismo, mostrando como os partidos socialistas pretendem chegar ao poder no Brasil, quais as dificuldades para atingir tal intento; quais as propostas concretas para a sociedade brasileira, o que passa por itens como manutenção da democracia, projeto de ética para a sociedade, revisão da dívida externa, busca de apoio internacional, reforma agrária, incentivo à tecnologia nacional e a não exclusão total de empreendimentos privados.
Por último, foram buscadas informações sobre o que os socialistas pretendem fazer para manter as conquistas caso cheguem ao poder, porque, como ficou claro no decorrer do trabalho, os capitalistas não medem esforços para impedir a chegada dos socialistas ao poder, e não medirão esforços também para fazer com que – caso cheguem – sejam considerados pela população como piores que os que estavam antes, fazendo o que Karl Marx e Lênin chamavam de “contra-revolução”.
Três foram os pontos que mais chamaram a atenção: o fato de o Socialismo buscar uma sociedade mais justa, sem miseráveis, mendigos; a busca de um projeto de ética, onde visa incutir nas pessoas um sentido para a vida, para a vivência social respeitosa e para o crescimento do ser humano; e, por fim, a ideia de se melhorar os meios de comunicação social e o sistema educacional. Caso seja isso mesmo o intento dos socialistas – e parece ser, porque, como dizem, é o único meio para que cheguemos à tranqüilidade, à felicidade, e mesmo para não perdemos o controle novamente –, tais intenções são realmente interessantes, o que leva o observador a considerá-las dignas de serem publicadas, divulgadas, adotadas como motivo de luta, de dedicação. E isso é o que fazem os socialistas autênticos, mesmo tendo todo um poder contrário que atrapalha ao máximo tais pessoas.
II O SOCIALISMO COMO OPÇÃO POLÍTICA
Baseado em estudos acadêmicos e em observações, Karl Marx procedeu a elaboração de toda uma teoria que explicava como uma maioria, os proletários e camponeses empregados, eram explorados pelos donos dos meios de produção.
Com tais informações, passou a desenvolver e defender – tudo com o apoio de Friedrich Engels, filho de pequenos industriais ingleses, que assim financiava estudos e difusão – ideias sobre uma sociedade diferente, onde não tivesse exploração desse gênero.
Aqui, então, veremos os trabalhos de Marx (e Engels), mostrando as teorias, o problema da confusão entre o que seja Socialismo e Comunismo, a diferença entre ambos e a difusão do Socialismo.
2.1 As Teorias de Marx
Com a Revolução Industrial surgida na Inglaterra desde o final do Séc. XVIII, a relação de trabalho mudou, passando do sistema feudal para uma forma em que a exploração tomava-se maior, obrigando os empregados a trabalhos extenuantes e pouco compensatórios em termos de salários. Isso foi fazendo surgir críticos ao novo sistema, pessoas que propunham voltar ao que era antes, ou a uma sociedade industrializada mas sem a exploração que fazia os donos das fábricas terem vida abastada enquanto os trabalhadores vida e condições de trabalho aviltantes.
A vida do trabalhador no início da industrialização era dramática: não havia legislação para protegê-lo; o ambiente de trabalho geralmente era insalubre e perigoso; os salários eram muito baixos; as jornadas de trabalho eram extenuantes, girando em torno de 12 a 14 horas por dia. Além disso, a vida fora das fábricas também era muito difícil, porque nos bairros populares não havia saneamento básico, higiene e lazer, e o preço da moradia ou do aluguel era muito alto. (Apostilas Líder, 1998)
Tendo como referência que vem desde Platão, que "ao examinar as sociedades primitivas nos falava de um estado da natureza baseado na igualdade entre os homens" (Spindel, 1992) e passando por Thomas More com o livro ''Utopia'', Marx analisa essas tendências a alternativas "socializantes" da sociedade e que já é chamada de "Socialismo" desde 1827 num artigo da "Cooperativa Magazine", onde “já significava, de maneira global, toda uma forte corrente de pensamento político que acreditava ser necessário realizar o modelo de democracia que a burguesia pregava como ideal para substituir o regime monárquico despótico" (Spindel, 1992).
Saint-Simon, Fourier, Owen e Proudhon. Esses foram os principais nomes que pregavam uma sociedade mais justa de tipo "socialista" antes de Karl Marx e Engels, por isso são chamados de socialistas utópicos, ou pré-marxistas utópicos porque não eram métodos científicos, mas simplesmente idealizados de "sonhos" de uma sociedade melhor.
Tendo uma visão de busca de uma sociedade mais humana, esses personagens foram levados a propor, lutar e experimentar ideias socialistas que "são uma conseqüência da miséria reinante, são os gritos de revolta de uma população à procura de sua dignidade humana" (Spindel, 1992).
Marx, então, a partir de tudo isso, elaborou, juntamente com Engels, como principal obra iniciadora do marxismo, "O Manifesto Comunista", e depois, "O Capital", obras basilares, onde fica clara a percepção de que o Capitalismo, sistema socioeconômico reinante nos países pós-feudalismo, está excluindo grande parte da população, levando pessoas à miséria, à mendicância, à morte por falta de condições mínimas de alimentação, higiene, saúde.
Marx e Engels concluem que o problema do Capitalismo é que todos os capitalistas – ¬donos dos meios de produção – pretendem obter o máximo de lucro possível, e para isso pagam menos salário do que seria justo aos empregados, exigem que estes trabalhem o máximo possível, sem se importar realmente com o bem estar físico e mental dessas pessoas, e depois vendem os produtos por preços acima do justo, acarretando uma ciranda de aumento de preços, que impossibilitam ao trabalhador uma vida razoavelmente digna.
Nesse processo de exploração, Marx percebeu o que chamou de "mais-valia", ou seja, a diferença entre o que é gasto para produzir e o preço pelo qual é vendido o produto. Como o dono dos meios de produção não reverte essa diferença em salários ou benefícios aos empregados – e tal diferença só foi possível pelo trabalho desses –, fica que o enriquecimento dos donos dos meios de produção se dá com essa parte retirada do trabalho do operário, o que seria uma exploração.
Marx diz que quanto mais se desenvolve uma sociedade, mais exploração e mais problemas terão na sociedade, até que chegará a um ponto em que os trabalhadores não mais agüentarão a exploração e farão uma revolução, tomando o poder e passando a administrar os meios de produção, tanto materiais como ideológicos e espirituais. Por materiais entende-se os bens de uso e consumo; por ideológicos, as ideias, as teorias; e por espiritual a parte de ética, de ideias que geram o processo de sentimentos. Numa sociedade capitalista os sentimentos seriam, geralmente, de insatisfação com a condição atual, porque uma grande parte nem tem o mínimo necessário e ainda vive tendo como padrão de ideal a condição dos ricos, o que é passado pelos meios de comunicação para incentivar o consumismo.
2.1.1 A Mais-Valia
Como já foi dito acima, "o termo Mais-Valia designa a diferença entre o que o operário produz e o que ele recebe" (Nascimento, 1997).
Este termo, inventado por Marx, é o princípio fundamental para a busca de um sistema socioeconômico diferente do Capitalismo, por isso é encontrada tal expressão na maioria dos trabalhos sobre exploração e busca de nova sociedade, bem como o termo proletariado, que é "a classe dos trabalhadores assalariados modernos que, por não ter meios de produção próprios, são reduzidos a vender a própria força de trabalho para poder viver" (Marx & Engels, 1998)
Esses dois termos – proletário e mais-valia – estarão intimamente relacionados, porque é pela existência daquele que o empregador, o dono dos meios de produção, tira esta, e fica rico à custa do que o operário produz.
Uma pessoa que, por um motivo ou outro, não tem mais que a própria força de trabalho como meio de conseguir os bens para a sua existência, obriga-se a ser empregado. Como muitos estão em tal situação, o empresário não paga mais do que o necessário para mantê-lo trabalhando. "Às vezes um pouquinho a mais para que o cidadão acredite ser possível melhorar de vida" (Nascimento, 1997).
Mas o operário tem que aceitar tal salário, pois caso não aceite, outro aceita, chegando-se a situações específicas em que muita gente passa a trabalhar quase que exclusivamente pelo que lhe é necessário a apenas uma alimentação muito pobre, mesmo insuficiente para uma saúde razoável.
Mas além da diferença entre o que o operário produz e o que o patrão paga, existem vários outros fatores que fazem a mais-valia ser cada vez maior. Um deles é o aumento da velocidade do trabalho ou da jornada de serviço, o que desgasta a pessoa, faz com que ela se sinta humilhada, impotente.
Portanto, ao analisar bem, "a mais-valia é trabalho não pago. É tempo de trabalho que o trabalhador entrega gratuitamente ao capitalista depois de haver trabalhado o suficiente para produzir o valor de sua própria força de trabalho, ou para pagar seu próprio salário" (Sandroni, 1991).
Tendo percebido isso em "O Capital", Marx passa a trabalhar o estudo de como o empresário obteve o capital inicial, e chega a concluir que todo grande empregador obteve seus bens pela exploração, antes pela acumulação de excedentes por parte de "Chefes" políticos, guerreiros ou religiosos de tribos mais primitivas, que ficavam responsáveis para guardar o que não era gasto pela comunidade, passando a fazer uso dessa responsabilidade para beneficio próprio, depois indo ao feudalismo com seus nobres e eclesiásticos, cobrando impostos e dízimos, e chegando ao mercantilismo e ao capitalismo industrial, sempre com apropriação do todo ou de parte produzida por outras pessoas. Dessa forma é que alguns reuniram condições para serem empresários e poderem adquirir os meios de produção. Quanto a terra, esta foi conseguida através da apropriação pura e simples, com o uso da violência física ou da intimidação, chegando ao ponto de não mais sobrar terras suficientes para a maioria do povo, tendo este que trabalhar para aquele geralmente dando-lhe mais-valia.
Tudo o que pode ser útil, mas que não está sendo, ainda passa a ser acumulado, isto é "entesouramento". "A forma primitiva e natural da riqueza é a forma do supérfluo ou do excedente, a parte dos produtos que não é requerida imediatamente como valor de uso, ou também, a posse de tais produtos cujo valor de uso está fora do âmbito das necessidades imediatas" (Marx, 1978).
2.2 Diferença Entre Socialismo e Comunismo
Hoje em dia há muitas dúvidas sobre o que significa cada termo desse, e muito mais sobre a diferença entre um e outro, ainda mais que temos partidos "comunistas" que defendem o Socialismo e partidos "socialistas" que defendem o Comunismo. Por isso é preciso entender bem o que seja uma coisa e o que seja a outra.
O termo "socialismo" já era usado por vários outros antes de Marx, mas eram tão "ingênuos" que chamaram de Socialismo até o movimento da Revolução Francesa, onde operários e camponeses uniram-se aos burgueses, acreditando que esses fossem realmente "trabalhar" pela Liberdade, Igualdade e Fraternidade, mas ao chegar ao poder os burgueses tomaram conta do Governo e deixaram de lado os outros dois grupos.
A partir daí começa a ser mais pensada a luta proletária, e Marx e Engels, ao lançar o "Manifesto Comunista", usa o termo "comunismo" justamente com o "objetivo de marcar claramente a diferença existente entre a nova teoria que propunha e aquele conjunto de doutrinas que, na época, era conhecido com o título de socialismo (incluindo basicamente os diversos tipos de socialismos utópicos)" (Spindel, 1980).
Porém, como os marxistas passaram a dominar a política de esquerda, os termos socialista e comunista passaram a ser usados de forma indiscriminada.
Somente com a Revolução Russa de 1917 é que Lênin propicia realmente uma distinção, chamando de Comunismo a teoria que julgava "a verdadeira teoria marxista", e Socialismo, segundo Lênin e defensores de teorias mais moderadas, seria as ideias defendidas pelos partidos sociais-democratas europeus, que pretendiam chegar ao poder pela via eleitoral e pacífica.
Diferenciar Socialismo de Comunismo foi tentado por Spindel em seu livro "O que é Comunismo", mas, sem falsa modéstia, prefiro apresentar como mais acertada a explicação por mim apresentada em “Discutindo um Pouco de Socialismo”, de 1998, quando digo que:
Socialismo é uma fase para se chegar ao Comunismo. Os partidos que se denominam comunistas na verdade lutam pela implantação do Socialismo, porque sabem que antes de chegar ao Comunismo será preciso um período de governo democrático que faça com que as ideias comunistas não sejam impossibilitadas por pessoas que gostariam de voltar ao Capitalismo.
No Socialismo você tem partidos políticos e um Governo que procura aplicar as teorias marxistas-leninistas. Já no Comunismo não será necessário Governo, porque toda a sociedade estará unida e organizada a ponto de se autogerir, mas isto é o objetivo, o ideal: enquanto não chegar lá é preciso o Socialismo, que já é infinitamente melhor que o Capitalismo, mas não é ainda o “ponto perfeito” a que buscamos. (Nascimento, 1998)
Isso é o que também diz SPINDEL (1980) quando fala que:
À Neide de Paula, minha esposa, que sempre compreendeu e colaborou com meus estudos e atividades político-sociais;
À Jéssica Crislayne de Paula Nascimento, minha filha, que desde pequenina sofreu com minhas ausências e ansiedade por um mundo melhor.
RESUMO
Desde a Revolução Industrial, algumas pessoas vão ficando cada vez mais ricas, enquanto a maioria cada vez mais pobre.
A partir de estudos profundos, Karl Marx e Friedrich Engels, já baseados em alguns outros estudiosos, ou “práticos”, criaram uma teoria (considerada científica) sobre os motivos desse processo de enriquecimento/empobrecimento e sobre as alternativas para que tal coisa deixasse de ocorrer.
O Socialismo de Marx e Engels, portanto, é uma teoria elaborada dentro dos métodos científicos da Sociologia e da Economia, passando por apreciações da Filosofia, o que deu forma e responsabilidade, além de real possibilidade de dar certo.
Com as descobertas de Marx, e com a publicação de um trabalho intitulado “O Manifesto Comunista”, em 1848 a Europa passou ater grandes movimentos operários lutando pelo Socialismo, até que em 1917 a Rússia acabou adotando a teoria marxista, tendo como principal expoente e primeiro presidente o revolucionário Vladimir Illich Ulianov “Lênin”. Após isso, o Socialismo difundiu-se para todos os lados.
Mas os donos dos meios de produção, e todos os governos capitalistas, lutaram e lutam com todos os meios para impedir tal conquista operária, e por isso quase todas as experiências socialistas fracassaram, além de que quem luta pelo Socialismo dificilmente consegue vitórias, porque os capitalistas têm os meios de comunicação e o poder econômico, e com isso passam sua ideologia para toda a população, que fica com medo de lutar por mudanças, e até contra elas e seus defensores.
Porém, mesmo com grandes dificuldades, continua existindo a luta pelo Socialismo e pelo Comunismo, e, no caso do Brasil, caso seus defensores consigam chegar ao poder, têm métodos, alternativas e objetivos a serem buscados de forma a não se repetir os fracassos de outros países; a não se repetir o que houve de errado em outras experiências socialistas; a realmente fazer com que a sociedade seja melhor que a atual e as pessoas possam perceber que o Socialismo e o Comunismo são realmente melhores que o Capitalismo.
Para que tudo isso fosse passado de uma forma a não parecer suposições infundadas, neste trabalho foram citados autores como: ARRUDA & PILETTI 1997, CARMO 1994 e FERREIRA 1997, autores de livros didáticos de História; SILVA 1986, NASCIMENTO 1997 e 1998, BOBATO 1998, BRASILEIRO 1998, CEPERA 1981, LEMOS 1995, SANDRONI 1991 e AMAZONAS 1995, que escreveram obras e artigos diretamente para defender o Socialismo e mostrar os problemas do Capitalismo. Além de GUARESCHI 1998, com “A Sociologia Crítica”, que vem corroborar com as ideias antiimperialistas; SPINDEL 1980, com informações “técnicas” sobre Socialismo; STÉDILE & GORGEN 1993, falando sobre a possibilidade constitucional de se fazer reforma agrária nos moldes socialistas; GOMYDE 1997, deputado comunista que defende a educação pública gratuita; FREIRE 1987, com sua “Pedagogia do Oprimido”, onde incentiva uma coisa importante para os socialistas: a Educação de boa qualidade e acessível a todos; e, finalmente, MARX 1978 e MARX & ENGELS 1998, os dois “pais” do Socialismo e Comunismo científicos.
I INTRODUÇÃO
Neste trabalho está caracterizado o que seja Socialismo, passando primeiro por uma explicação de quais os motivos de se ter “inventado” essa teoria, o que resultou em uma “mostra” do que seja o Capitalismo, o sistema socioeconômico que tem por base o predomínio do dinheiro, do capital, e que atualmente está presente na maioria dos países. Nessa "mostra", para justificar a busca de outro sistema, são evidenciados os problemas do Capitalismo, e o Socialismo vem como opção para resolver tais problemas.
A seguir, para que seja compreendido o Socialismo, buscou¬-se conhecimentos de sua história, mostrando as condições, as teorias de Karl Marx, e Friedrich Engels, como a Mais-Valia (exploração do trabalho proletário pelos capitalistas) e os caminhos apontados por eles (principalmente em o “'Manifesto Comunista”). Como ficará claro, o Socialismo e o Comunismo é algo tão parecido que a principal fonte para a distinção entre esses dois termos foram materiais elaborados por militantes do Partido Comunista do Brasil, que sentiram a necessidade de explicar melhor, para "os leigos", tais termos, porque os livros – mesmo "O Que é Socialismo" e "O Que é Comunismo" da Coleção "Primeiros Passos", da Editora Brasiliense – não deixaram clara a diferença. Aliás, confundiram mais, pois contaram a "história do marxismo" tanto em um como em outro, sem destacar o que seja este ou aquele.
Após ficar clara esta diferença e o processo de difusão do Socialismo como teria, acha-se necessário apresentar algumas experiências concretas desta teoria, mostrando que em cada uma delas foi preciso adaptar a teoria para as condições reais da sociedade, fazendo com que o Socialismo não seja uma teoria acabada que pode ser aplicada de forma igual em todo lugar. Nessa altura, ficou claro que copiar experiências não dá certo, ainda mais que os países que tentaram (ou que ainda estão tentando) cometeram erros que estão sendo estudados pelas pessoas que pretendem aplicar o Socialismo em outros lugares, buscando perceber o que não deve ser feito, ou o que deve ser feito para evitá-los.
Depois aparecerá um pouco da história do Socialismo no Brasil, falando sobre os partidos que defendem essa teoria, bem como sobre alguns que dizem defendê-la mas que na prática estão seguindo outros caminhos. Para caracterizar essas linhas políticas, a base foram os materiais citados e alguns programas partidários, além de observações que a gente mesmo faz nas campanhas políticas e na prática dos políticos desse ou daquele partido.
A seguir foi feito um panorama mais concreto do Socialismo, mostrando como os partidos socialistas pretendem chegar ao poder no Brasil, quais as dificuldades para atingir tal intento; quais as propostas concretas para a sociedade brasileira, o que passa por itens como manutenção da democracia, projeto de ética para a sociedade, revisão da dívida externa, busca de apoio internacional, reforma agrária, incentivo à tecnologia nacional e a não exclusão total de empreendimentos privados.
Por último, foram buscadas informações sobre o que os socialistas pretendem fazer para manter as conquistas caso cheguem ao poder, porque, como ficou claro no decorrer do trabalho, os capitalistas não medem esforços para impedir a chegada dos socialistas ao poder, e não medirão esforços também para fazer com que – caso cheguem – sejam considerados pela população como piores que os que estavam antes, fazendo o que Karl Marx e Lênin chamavam de “contra-revolução”.
Três foram os pontos que mais chamaram a atenção: o fato de o Socialismo buscar uma sociedade mais justa, sem miseráveis, mendigos; a busca de um projeto de ética, onde visa incutir nas pessoas um sentido para a vida, para a vivência social respeitosa e para o crescimento do ser humano; e, por fim, a ideia de se melhorar os meios de comunicação social e o sistema educacional. Caso seja isso mesmo o intento dos socialistas – e parece ser, porque, como dizem, é o único meio para que cheguemos à tranqüilidade, à felicidade, e mesmo para não perdemos o controle novamente –, tais intenções são realmente interessantes, o que leva o observador a considerá-las dignas de serem publicadas, divulgadas, adotadas como motivo de luta, de dedicação. E isso é o que fazem os socialistas autênticos, mesmo tendo todo um poder contrário que atrapalha ao máximo tais pessoas.
II O SOCIALISMO COMO OPÇÃO POLÍTICA
Baseado em estudos acadêmicos e em observações, Karl Marx procedeu a elaboração de toda uma teoria que explicava como uma maioria, os proletários e camponeses empregados, eram explorados pelos donos dos meios de produção.
Com tais informações, passou a desenvolver e defender – tudo com o apoio de Friedrich Engels, filho de pequenos industriais ingleses, que assim financiava estudos e difusão – ideias sobre uma sociedade diferente, onde não tivesse exploração desse gênero.
Aqui, então, veremos os trabalhos de Marx (e Engels), mostrando as teorias, o problema da confusão entre o que seja Socialismo e Comunismo, a diferença entre ambos e a difusão do Socialismo.
2.1 As Teorias de Marx
Com a Revolução Industrial surgida na Inglaterra desde o final do Séc. XVIII, a relação de trabalho mudou, passando do sistema feudal para uma forma em que a exploração tomava-se maior, obrigando os empregados a trabalhos extenuantes e pouco compensatórios em termos de salários. Isso foi fazendo surgir críticos ao novo sistema, pessoas que propunham voltar ao que era antes, ou a uma sociedade industrializada mas sem a exploração que fazia os donos das fábricas terem vida abastada enquanto os trabalhadores vida e condições de trabalho aviltantes.
A vida do trabalhador no início da industrialização era dramática: não havia legislação para protegê-lo; o ambiente de trabalho geralmente era insalubre e perigoso; os salários eram muito baixos; as jornadas de trabalho eram extenuantes, girando em torno de 12 a 14 horas por dia. Além disso, a vida fora das fábricas também era muito difícil, porque nos bairros populares não havia saneamento básico, higiene e lazer, e o preço da moradia ou do aluguel era muito alto. (Apostilas Líder, 1998)
Tendo como referência que vem desde Platão, que "ao examinar as sociedades primitivas nos falava de um estado da natureza baseado na igualdade entre os homens" (Spindel, 1992) e passando por Thomas More com o livro ''Utopia'', Marx analisa essas tendências a alternativas "socializantes" da sociedade e que já é chamada de "Socialismo" desde 1827 num artigo da "Cooperativa Magazine", onde “já significava, de maneira global, toda uma forte corrente de pensamento político que acreditava ser necessário realizar o modelo de democracia que a burguesia pregava como ideal para substituir o regime monárquico despótico" (Spindel, 1992).
Saint-Simon, Fourier, Owen e Proudhon. Esses foram os principais nomes que pregavam uma sociedade mais justa de tipo "socialista" antes de Karl Marx e Engels, por isso são chamados de socialistas utópicos, ou pré-marxistas utópicos porque não eram métodos científicos, mas simplesmente idealizados de "sonhos" de uma sociedade melhor.
Tendo uma visão de busca de uma sociedade mais humana, esses personagens foram levados a propor, lutar e experimentar ideias socialistas que "são uma conseqüência da miséria reinante, são os gritos de revolta de uma população à procura de sua dignidade humana" (Spindel, 1992).
Marx, então, a partir de tudo isso, elaborou, juntamente com Engels, como principal obra iniciadora do marxismo, "O Manifesto Comunista", e depois, "O Capital", obras basilares, onde fica clara a percepção de que o Capitalismo, sistema socioeconômico reinante nos países pós-feudalismo, está excluindo grande parte da população, levando pessoas à miséria, à mendicância, à morte por falta de condições mínimas de alimentação, higiene, saúde.
Marx e Engels concluem que o problema do Capitalismo é que todos os capitalistas – ¬donos dos meios de produção – pretendem obter o máximo de lucro possível, e para isso pagam menos salário do que seria justo aos empregados, exigem que estes trabalhem o máximo possível, sem se importar realmente com o bem estar físico e mental dessas pessoas, e depois vendem os produtos por preços acima do justo, acarretando uma ciranda de aumento de preços, que impossibilitam ao trabalhador uma vida razoavelmente digna.
Nesse processo de exploração, Marx percebeu o que chamou de "mais-valia", ou seja, a diferença entre o que é gasto para produzir e o preço pelo qual é vendido o produto. Como o dono dos meios de produção não reverte essa diferença em salários ou benefícios aos empregados – e tal diferença só foi possível pelo trabalho desses –, fica que o enriquecimento dos donos dos meios de produção se dá com essa parte retirada do trabalho do operário, o que seria uma exploração.
Marx diz que quanto mais se desenvolve uma sociedade, mais exploração e mais problemas terão na sociedade, até que chegará a um ponto em que os trabalhadores não mais agüentarão a exploração e farão uma revolução, tomando o poder e passando a administrar os meios de produção, tanto materiais como ideológicos e espirituais. Por materiais entende-se os bens de uso e consumo; por ideológicos, as ideias, as teorias; e por espiritual a parte de ética, de ideias que geram o processo de sentimentos. Numa sociedade capitalista os sentimentos seriam, geralmente, de insatisfação com a condição atual, porque uma grande parte nem tem o mínimo necessário e ainda vive tendo como padrão de ideal a condição dos ricos, o que é passado pelos meios de comunicação para incentivar o consumismo.
2.1.1 A Mais-Valia
Como já foi dito acima, "o termo Mais-Valia designa a diferença entre o que o operário produz e o que ele recebe" (Nascimento, 1997).
Este termo, inventado por Marx, é o princípio fundamental para a busca de um sistema socioeconômico diferente do Capitalismo, por isso é encontrada tal expressão na maioria dos trabalhos sobre exploração e busca de nova sociedade, bem como o termo proletariado, que é "a classe dos trabalhadores assalariados modernos que, por não ter meios de produção próprios, são reduzidos a vender a própria força de trabalho para poder viver" (Marx & Engels, 1998)
Esses dois termos – proletário e mais-valia – estarão intimamente relacionados, porque é pela existência daquele que o empregador, o dono dos meios de produção, tira esta, e fica rico à custa do que o operário produz.
Uma pessoa que, por um motivo ou outro, não tem mais que a própria força de trabalho como meio de conseguir os bens para a sua existência, obriga-se a ser empregado. Como muitos estão em tal situação, o empresário não paga mais do que o necessário para mantê-lo trabalhando. "Às vezes um pouquinho a mais para que o cidadão acredite ser possível melhorar de vida" (Nascimento, 1997).
Mas o operário tem que aceitar tal salário, pois caso não aceite, outro aceita, chegando-se a situações específicas em que muita gente passa a trabalhar quase que exclusivamente pelo que lhe é necessário a apenas uma alimentação muito pobre, mesmo insuficiente para uma saúde razoável.
Mas além da diferença entre o que o operário produz e o que o patrão paga, existem vários outros fatores que fazem a mais-valia ser cada vez maior. Um deles é o aumento da velocidade do trabalho ou da jornada de serviço, o que desgasta a pessoa, faz com que ela se sinta humilhada, impotente.
Portanto, ao analisar bem, "a mais-valia é trabalho não pago. É tempo de trabalho que o trabalhador entrega gratuitamente ao capitalista depois de haver trabalhado o suficiente para produzir o valor de sua própria força de trabalho, ou para pagar seu próprio salário" (Sandroni, 1991).
Tendo percebido isso em "O Capital", Marx passa a trabalhar o estudo de como o empresário obteve o capital inicial, e chega a concluir que todo grande empregador obteve seus bens pela exploração, antes pela acumulação de excedentes por parte de "Chefes" políticos, guerreiros ou religiosos de tribos mais primitivas, que ficavam responsáveis para guardar o que não era gasto pela comunidade, passando a fazer uso dessa responsabilidade para beneficio próprio, depois indo ao feudalismo com seus nobres e eclesiásticos, cobrando impostos e dízimos, e chegando ao mercantilismo e ao capitalismo industrial, sempre com apropriação do todo ou de parte produzida por outras pessoas. Dessa forma é que alguns reuniram condições para serem empresários e poderem adquirir os meios de produção. Quanto a terra, esta foi conseguida através da apropriação pura e simples, com o uso da violência física ou da intimidação, chegando ao ponto de não mais sobrar terras suficientes para a maioria do povo, tendo este que trabalhar para aquele geralmente dando-lhe mais-valia.
Tudo o que pode ser útil, mas que não está sendo, ainda passa a ser acumulado, isto é "entesouramento". "A forma primitiva e natural da riqueza é a forma do supérfluo ou do excedente, a parte dos produtos que não é requerida imediatamente como valor de uso, ou também, a posse de tais produtos cujo valor de uso está fora do âmbito das necessidades imediatas" (Marx, 1978).
2.2 Diferença Entre Socialismo e Comunismo
Hoje em dia há muitas dúvidas sobre o que significa cada termo desse, e muito mais sobre a diferença entre um e outro, ainda mais que temos partidos "comunistas" que defendem o Socialismo e partidos "socialistas" que defendem o Comunismo. Por isso é preciso entender bem o que seja uma coisa e o que seja a outra.
O termo "socialismo" já era usado por vários outros antes de Marx, mas eram tão "ingênuos" que chamaram de Socialismo até o movimento da Revolução Francesa, onde operários e camponeses uniram-se aos burgueses, acreditando que esses fossem realmente "trabalhar" pela Liberdade, Igualdade e Fraternidade, mas ao chegar ao poder os burgueses tomaram conta do Governo e deixaram de lado os outros dois grupos.
A partir daí começa a ser mais pensada a luta proletária, e Marx e Engels, ao lançar o "Manifesto Comunista", usa o termo "comunismo" justamente com o "objetivo de marcar claramente a diferença existente entre a nova teoria que propunha e aquele conjunto de doutrinas que, na época, era conhecido com o título de socialismo (incluindo basicamente os diversos tipos de socialismos utópicos)" (Spindel, 1980).
Porém, como os marxistas passaram a dominar a política de esquerda, os termos socialista e comunista passaram a ser usados de forma indiscriminada.
Somente com a Revolução Russa de 1917 é que Lênin propicia realmente uma distinção, chamando de Comunismo a teoria que julgava "a verdadeira teoria marxista", e Socialismo, segundo Lênin e defensores de teorias mais moderadas, seria as ideias defendidas pelos partidos sociais-democratas europeus, que pretendiam chegar ao poder pela via eleitoral e pacífica.
Diferenciar Socialismo de Comunismo foi tentado por Spindel em seu livro "O que é Comunismo", mas, sem falsa modéstia, prefiro apresentar como mais acertada a explicação por mim apresentada em “Discutindo um Pouco de Socialismo”, de 1998, quando digo que:
Socialismo é uma fase para se chegar ao Comunismo. Os partidos que se denominam comunistas na verdade lutam pela implantação do Socialismo, porque sabem que antes de chegar ao Comunismo será preciso um período de governo democrático que faça com que as ideias comunistas não sejam impossibilitadas por pessoas que gostariam de voltar ao Capitalismo.
No Socialismo você tem partidos políticos e um Governo que procura aplicar as teorias marxistas-leninistas. Já no Comunismo não será necessário Governo, porque toda a sociedade estará unida e organizada a ponto de se autogerir, mas isto é o objetivo, o ideal: enquanto não chegar lá é preciso o Socialismo, que já é infinitamente melhor que o Capitalismo, mas não é ainda o “ponto perfeito” a que buscamos. (Nascimento, 1998)
Isso é o que também diz SPINDEL (1980) quando fala que:
Quando o proletariado tomar o poder terá que imediatamente abolir a maioria das propriedades privadas e assegurar educação e trabalho para todos, mas no que diz respeito à forma de governo, far-se-á necessária uma fase de ditadura para consolidar o poder proletário. (...) Enquanto for preciso essa ditadura, estaremos no Socialismo, só depois vindo o Comunismo propriamente dito.
Comunismo, então, só virá após o governo socialista ter conseguido fazer a reforma agrária, desenvolver a tecnologia e criar consciência sobre as vantagens desse sistema sobre o Capitalismo, fazendo com que não mais tenham "reacionários" que busquem a restauração do Capitalismo.
2.3 A Difusão do Socialismo
No mesmo ano em que foi publicado o "Manifesto Comunista" houve revolução proletária na Alemanha, o que possibilitou difundir as ideias socialistas, e por volta de 1860 organizou-se uma Liga Internacional dos Trabalhadores (conhecida como I Internacional), congregando pessoas de vários países da Europa, mas quase fracassou porque a ideia de Socialismo era ainda majoritariamente ligada aos utópicos, e seus defensores não lutavam muito pelo ideal socialista por causa "do fracasso das experiências efetuadas pelos partidários de Proudhon e pela crise econômica europeia da época" (Spindel, 1992).
Depois entrou em cena Bakunin, revolucionário que divergia das ideias de se passar pelo Socialismo antes de chegar ao Comunismo. Pelo modo de pensar a passagem, foram chamados, ele e seus seguidores, de anarquistas e libertários, sendo que difundiram bastante a necessidade de mudar de sistema socioeconômico, criando polêmica e gerando interesse pelas "ideias proletárias".
O socialismo científico de Marx e Engels tem, hoje, leitura bastante diversificada, o que se acentuou com a morte de Marx e com a Revolução Russa de 1917, que ajudou descaracterizar a Social-Democracia como movimento socialista-marxista.
Com a Revolução Russa ficou mais claro que Socialismo e Comunismo são diferentes mas complementares, ao passo que Social-Democracia não é parte nem de um nem de outro, e que é apenas uma tentativa de, no Capitalismo, diminuir seus males, podendo, assim, perpetuá-lo.
A Revolução Russa fez, também, com que todos os países passassem a ter suas lutas pelo Socialismo, inclusive levando a outras revoluções vitoriosas, como China, Vietnã, Coreia do Norte, Cuba, entre outros. O Brasil, inclusive, já em 1922 tem a fundação do Partido Comunista do Brasil, ainda com a sigla PCB, que depois se divide e passa a existir o Partido Comunista Brasileiro (PCB) e o Partido Comunista do Brasil (PCdoB), diferenças que serão vistas adiante.
Esse trabalho de difusão sempre foi algo difícil, porque
o proletário não tem dinheiro sobrando para propaganda, e os meios de comunicação estão nas mãos dos capitalistas, e estes não dão acesso aos trabalhadores, porque sabem que caso as ideias socialistas vençam, eles perderão a chance de continuar explorando o povo. E aí, inclusive, usam esses meios para “envenenar” o povo contra o Socialismo e o Comunismo. (Nascimento, 1998).
2.4 Alguns Países que Adotaram o Socialismo
Com a difusão do Socialismo, quase todos os países passaram a ter defensores dessa ideia, criando partidos e movimentos para lutar contra o Capitalismo.
Dentre os vários países que adotaram o Socialismo, é indispensável estudar alguns, que servirão para caracterizar como era, ou são, organizados. Cada um dos demais é, automaticamente, mais parecido com este ou aquele dos estudados.
2.4.1 União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS)
O primeiro país a implantar o regime socialista foi a Rússia, em um movimento desencadeado pelos camponeses, operários e soldados que não estavam mais agüentando as dificuldades decorrentes da I Guerra Mundial.
Em 1917, o partido bolchevique, liderado por Lênin, conseguiu articular para que todos os setores descontentes se unissem para lutar contra a monarquia, e depois, contra o governo burguês de Aleksandr Fiodorovitch Kerenski. Lênin defendia "transferência do poder aos Sovietes, instauração de uma república socialista; nacionalização dos bancos; distribuição das terras aos camponeses e saída imediata da Guerra" (Apostilas Líder, 1998), o que agradou a todos, com exceção dos nobres e capitalistas.
Em outubro do mesmo ano houve a tomada do poder com a fuga de Kerenski, que estava nele desde fevereiro, quando a burguesia havia conseguido chegar ao poder e fazer o czar abdicar.
Após a vitória socialista na Rússia, e usando de todo tipo de apoio, esta formou a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, que congregava, além dela, mais quatorze repúblicas, a saber: "Estônia, Retônia, Lituânia, Bielorússia, Ucrânia, Moldávia, Armênia, Geórgia, Azerbaijão, Turcomênia, Usbequistão, Tadjiquistão, Quirguízia e Cazaquistão" (Carmo, 1994).
Lênin, ao assumir o poder realmente realizou o que havia proposto, mas em 1921 precisou criar a Nova Política Econômica - NEP para incentivar a produção. A NEP “injetou doses de capitalismo em alguns setores da economia, dando permissão para a abertura de pequenos negócios. Os camponeses voltaram a produzir para vender no mercado, e as grandes empresas estatais passaram a considerar as necessidades de consumo do povo” (Ferreira, 1997).
Os planos de desenvolvimento econômico e social na União Soviética passaram por crises decorrentes da II Guerra Mundial e por causa da política de Joseph Stálin (substituto de Lênin no poder), que impôs guerras de anexações em várias partes do mundo, e mais descontentamentos surgiram tendo em vista que este "suspendeu as medidas na NEP e decidiu industrializar rapidamente a União Soviética à força" (Ferreira, 1997), transformando-se em um ditador que impunha suas vontades mesmo contra a opinião da maioria.
Depois de Stálin, que mesmo sendo "ditador" estava levando a União Soviética rumo ao Comunismo, os outros presidentes "a começar por Kruschev até Gorbacheov era descarados defensores do Capitalismo, inimigos dos ideais revolucionários" (Amazonas, 1995), culminando com o fim da União Soviética e a volta dos países integrantes da mesma ao Capitalismo.
Essa volta aconteceu por causa da política desenvolvida pelos presidentes pós-Stálin, que não buscavam desenvolver o Socialismo, mas tomar medidas cada vez mais alinhadas aos capitalistas e formavam uma burocracia aburguesada, desligada dos meios populares. "Em 1990, o Congresso aboliu o monopólio do Partido Comunista, abrindo espaço para o pluripartidarismo, e o PC passou a sofrer concorrência de partidos não socialistas (...)" (Arruda, 1997).
Após vários problemas, "Gorbachov marcou o dia 31 de dezembro de 1991 para substituir a União Soviética pela Comunidade de Estados Independentes" (Arruda, 1997), o que realmente aconteceu, pondo fim à experiência socialista daquela parte do mundo.
2.4.2 China
No século XIX a China foi alvo de exploração econômica internacional, principalmente por países europeus e pelos Estados Unidos. Demorou vários anos para que ocorresse uma reação contrária a essa situação, mas um grupo de pessoas lideradas pelo médico Sun Yatsen, sonhava em mudar aquela realidade econômica e social, e para isso fundaram o Kuamintang (Partido Popular Nacional), começando a se organizar e a buscar novos adeptos entre os jovens. Assim conseguiram mudar o regime político de Monarquia para República. Mas "o novo regime não resolveu os antigos problemas. A espoliação internacional persistia nas áreas rurais, onde vivia¬ a maioria da população chinesa, os latifundiários continuavam oprimindo e explorando os camponeses" (Ferreira, 1997).
Por isso um novo grupo de homens – que acreditaram que só a implantação do Socialismo poderia minimizar esses problemas sofridos pelos chineses – fundaram, com o apoio da União Soviética, o Partido Comunista Chinês, que conseguiu muitos adeptos e passou a ameaçar o governo dos Kuamintang. O general Chiang Kai-Shek, sentindo que estava perdendo o poder, declarou guerra aos comunistas, e com isso milhares de comunistas que se concentravam nas cidades morreram, principalmente em Shangai. Enfraquecido, Mao Tsé-Tung reuniu "cerca de 300 mil soldados, além de mulheres, crianças e camponeses, que empreenderam a chamada 'Longa Marcha', uma caminhada de 10.000 km em direção à província de Shensi” (Arruda, 1997).
No interior, Mao Tsé-Tung convocava seus soldados para ajudar os camponeses e com isso conseguia novos adeptos, já que um dos seus principais discursos era a reforma agrária. Em poucos anos o Exército Vermelho (comunista) já tinha forças para tomar o poder, e com esses acontecimentos os Estados Unidos (que apoiava financeiramente o governo de Sun Yatsen),
pressentindo que seu aliado seria incapaz de reverter a situação, os americanos o abandonaram, permitindo o avanço rápido dos comunistas liderados por Mao. Em 1949 Chiang procura refúgio na ilha de Formosa, de onde pretendia retornar ao continente. Mas a 1º de outubro de 1949, com o país inteiramente dominado pelo Exército Vermelho, foi proclamada a República Popular da China. (Arruda, 1997)
Sem perspectivas de volta ao poder na China, Chiang organiza em Formosa, ilha do Mar da China Continental, ainda em 1949, "a República da China Nacionalista, alinhada ao bloco capitalista" (Ferreira, 1997). Assim, passou a existir "a China Comunista", de Mao Tsé-Tung, e "a China Nacionalista", de Chiang Kai-Shek. Hoje, porém, já não se fala em "duas chinas", porque a Nacionalista é atualmente chamada de Taiwan.
Com a tomada do poder por Mao, a China Comunista fechou-se quase que totalmente a influências externas, com isso ficando quase que esquecida pelos países ocidentais. Sua intenção era adaptar o Socialismo à realidade de seu país, que era quase que totalmente agrícola. Criou-se o "Congresso Nacional do Povo" que era eleito por quatro anos.
No campo social o Governo da China Comunista dedicou-se à eliminação da antiga classe dominante. "O Comunismo Chinês libertou as mulheres de sua antiga dominação, estabelecendo a igualdade entre os sexos, a liberdade de casamento, o acesso às mais altas funções públicas, o que representava para a China uma enorme revolução nos costumes milenares" (Arruda, 1997).
Com essa mudança de costumes houve uma "explosão" demográfica que obrigou o governo a trabalhar o controle da natalidade.
No governo de Mao foi implantada a reforma agrária, e em um segundo momento os camponeses foram reunidos em "cooperativas agrícolas" deixando de ser proprietários e passando a receber salários. As indústrias foram nacionalizadas, ficando a direção das mesmas nas mãos do Estado ou de cooperativas, com apoio, nos dois primeiros anos, da União Soviética.
Após a morte de Mao Tse-Tung, em 1976, houve uma longa disputa pelo poder e somente na década seguinte é que Deng Xiaoping assume o poder e passa a abrir as portas da China Comunista para investimentos financeiros, onde acaba ocorrendo profundas reformas na economia, sendo que "a propriedade privada no campo foi permitida. Investimentos estrangeiros passaram a ser incentivados. Entre 1978 e 1988 verificou-se vigorosa retomada das atividades econômicas, com crescimento médio anual de 10%" (Arruda, 1997).
Mas parte da população, não concordando com a tendência de volta ao Capitalismo, manifestou-se contra, ocorrendo fatos como os enfrentamentos de 1989, quando "milhões de estudantes se mobilizaram para pedir reformas" (Arruda, 1997).
No entanto, mesmo com tais manifestações, a China Comunista continuou abrindo-se ao mercado internacional, chegando aos anos 90 do séc. XX a exportar volumes gigantescos de bens de consumo, tudo a preços extremamente baixos, o que gerou grande desenvolvimento econômico, enfraquecendo as lutas pela manutenção das proteções socialistas. "Mas com a prosperidade econômica, de cunho competitivo e capitalista, aparece o outro lado da moeda: corrupção, prostituição, tráfico de drogas, contrabando" (Arruda, 1997).
2.4.3 Vietnã
Ho Chi Minh, grande líder político asiático, organizou uma resistência à dominação do Japão e França no Sudeste asiático, região conhecida por Indochina. Em 1945 os japoneses foram vencidos no norte da região, mas no sul os franceses resistiram, sendo derrotados somente em 1954.
Como os vencedores eram simpáticos ao Comunismo e eram apoiados pela China, os Estados Unidos e demais países do bloco capitalista, porque "temiam a existência de um governo comunista no Sudeste asiático, o que poderia fazer com que todos os demais países da região (como Laos, Camboja, Indonésia, Tailândia e Birmânia) se tornassem comunistas" (Arruda, 1997), fizeram com que a Organização das nações Unidas – ONU criasse dois países na região: um ao norte, governado pelos comunistas, e outro ao sul, capitalista de forte influência estadunidense.
O sul, porém, não teve um governo simpático ao povo, fazendo com que houvesse revoltas de boa parte da população apoiada pelos comunistas do norte. Os EUA, com medo da vitória comunista, mandaram tropas para apoiar o sul, mas desde 1961 foram sucessivamente vencidos, chegando a precisar ter 500 mil soldados na região no ano de 1966.
"Apesar da superioridade bélica, as tropas norte-americanas não conseguiram vencer a resistência do exército norte¬vietnamita e dos guerrilheiros, e o conflito se prolongava sem perspectivas de uma definição" (Carmo, 1994). "Em 1970 e 1971, os EUA intensificaram a guerra, bombardeando o Vietnã e países vizinhos, mas os vietcongues (guerrilheiros comunistas) continuaram a resistir" (Ferreira, 1997). Assim, como o governo dos EUA percebia que dificilmente venceria a guerra, e tanto a opinião pública internacional como a nacional já estava contra a continuidade da mesma, tendo em vista a enormidade de mortes – mais ou menos um milhão e meio de vietnamitas e cinqüenta mil estadunidenses –, em 1973 os Estados Unidos deixam o Vietnã, e em 1975 os vietcongues e nortevietnamitas tomam Saigon e unificam-no.
2.4.3.1 O Vietnã Hoje
Após a guerra de unificação o Vietnã teve "um recomeço" difícil, porque tanto o norte quanto o sul estavam arrasados.
Nos anos 80, com as mudanças que passaram a ocorrer principalmente na União Soviética e China, o Vietnã também mudou a Constituição e abriu a economia à iniciativa privada.
Hoje, além do Japão, que foi um dos primeiros países a investir no Vietnã, vários outros países têm empresas e negócios lá e desde 1995 os EUA voltaram a ter relações diplomáticas com aquele país.
2.4.4 Coreia do Norte
Após a II Guerra Mundial, a Coreia, que estivera sob domínio do Japão, foi dividida entre EUA e URSS. A parte sul, controlada pelos Estados Unidos, organizou-se com o nome de República da Coreia, e a norte, pelos soviéticos, como República Popular Democrática da Coreia.
Por volta de 1950, como as duas Coreias estavam “em-pé-de-guerra”, os Estados Unidos intervieram militarmente para apoiar o sul, e a União Soviética e China comunista apoiaram o norte. "A guerra durou três anos, sem que se definissem vencidos e vencedores. Em julho de 1953, foi feito um acordo de paz, que manteve exatamente a situação anterior, com as duas Coreias divididas" (Carmo, 1994).
Após esta guerra é que se criou o "Pacto de Varsóvia", um tratado de cooperação, amizade e assistência recíproca entre os países do bloco socialista, ficando o mundo mais claramente dividido entre bloco socialista e bloco capitalista.
Hoje a Coreia do Sul é considerada um dos países grandemente desenvolvidos, e a Coreia do Norte está passando por grandes necessidades, porque não existe mais a União Soviética para apoiá-la, e a China também está mais preocupada com a adequação ao Capitalismo do que em ajudar um dos poucos países que ainda mantém as ideias socialistas. Sem apoio, e tendo em vista que ela é pequena e não tem terras e clima bons, não consegue desenvolver-se. (Nascimento, 1998)
2.4.5 Cuba
Na década de 50, Cuba era governada por Fulgêncio Batista, um típico ditador latino-americano apoiado pelo exército, pelas burocracias sindicais e pelos EUA. O regime de Batista caracterizava-se pela corrupção e pela repressão às oposições (...). A economia baseava-se na plantação de cana-de-açúcar, praticamente controlada pelos Estados Unidos, e a população vivia na pobreza. (Arruda & Piletti, 1997)
Essa situação fez com que o advogado Fidel Castro, que estava exilado no México, organizasse, com o médico argentino Ernesto "Che" Guevara, um grupo de pessoas que em 1956 desembarcou em Cuba, ocultou-se nas montanhas, e de lá, com o apoio de camponeses passou a lutar contra Fulgêncio.
Em 1958, achando que Fidel seria melhor para eles, os Estados Unidos tiram o apoio a Batista, fazendo com que no ano seguinte este fugisse.
Assumindo o poder, Fidel Castro e seus aliados implantou um regime socialista, o que causou forte reação do governo estadunidense, não mais comprando produtos cubanos. Cuba, então, buscou apoio e intercâmbio comercial da União Soviética.
Com o apoio da URSS, os EUA não arriscaram uma intervenção direta em Cuba, mas passaram a praticar um bloqueio econômico contra esse país em proporções tão grandes que este ficou completamente isolado no Ocidente. Mas enquanto existiam vários outros países socialistas, ainda era possível manter-se e até evoluir.
Um dos aspectos mais desenvolvidos em Cuba é a educação, que passou da quase inexistência de professores graduados em 1958 para “23% em 1972, 60% em 1976 e tem previsão de que em 1980 100% dos professores sejam formados" (Cepera, 1981). ''Em 1958-59 31 pessoas graduaram-se em curso superior; em 1984-85 o número estimado é de 28.486" (Silva, 1986).
Além disso, "todas as áreas do conhecimento foram desenvolvidas, chegando ao ponto que Cuba ainda é um país muito desenvolvido em Física, Biologia e em Medicina Clínica" (Nascimento, 1998).
Agora, a alternativa para a ilha está sendo a permissão da entrada de capitais estrangeiros para o desenvolvimento do turismo, além de autorização para a criação de empresas privadas de pequeno e médio porte, bem como a posse de moeda estrangeira, o que era proibido antes. Esse último item, inclusive, fez com que de uns tempos para cá voltasse a existir uma política que havia desaparecido durante os tempos de aplicação mais rígida do marxismo-leninismo: a prostituição, ou “o turismo sexual". "Atualmente, Cuba ainda vive sob o embargo econômico determinado pelos EUA. Isso faz a ilha atravessar um período de profunda crise econômica e social, ameaçando jogar por terra todas as conquistas do passado. Com a derrocada da União Soviética, ela perdeu a ajuda econômica e o apoio político que recebia" (Ferreira, 1997).
Além dos países estudados, têm outros que adotaram o Socialismo. É o caso de Angola, Camboja, Mongólia, Iêmen do Sul, Moçambique, República Democrática Alemã, Polônia, Tchecoslováquia, Hungria, Renânia, Iugoslávia, Albânia, Bulgária, Nicarágua e Chile, sendo que com a volta ao sistema capitalista houve reunificações, divisões ou mudança de nome de alguns deles.
2.5 Dificuldades e Volta ao Capitalismo
A maioria dos países que têm experiências socialistas já voltou ao Capitalismo, e dos que ainda permanecem quase todos estão em processo de volta, porque com a fim da União Soviética todos passaram a enfrentar grandes dificuldades para continuarem enfrentando a pressão dos capitalistas.
Esse é o caso da Nicarágua, que teve a vitória dos "sandinistas" (que eram socialistas) em 1979, mas conseguiram permanecer apenas até 1989, quando, através de eleições, foram derrotados, e do Chile, onde em 1970 Salvador Allende, candidato marxista, chegou ao poder através de eleições diretas, nacionalizando diversas estatais e, por isso, sendo morto num golpe militar apoiado pelos Estados Unidos. Além de ser difícil chegar ao poder através de eleições, é muito difícil manter-se nele, "porque os capitalistas detêm o poder da mídia e sempre conseguem colocar a maior parte da população alheia à compreensão política, sem informações que os faça optar pelas ideias mais adequadas a eles" (Nascimento, 1998).
2.6 O Socialismo no Brasil
O Brasil tem dois partidos que se dizem comunistas e outros que se dizem socialistas, como o PT (Partido dos Trabalhadores), o PSTU (Partido Socialista dos Trabalhadores Unificados), o PDT (Partido Democrático Trabalhista), o PCO (Partido da Causa Operária) e, mais recentemente, o P-SOL (Partido Socialismo e Liberdade).
Nilton Bobato, do Partido Comunista do Brasil, diz que os partidos que realmente defendem o Socialismo, além do dele, pode-se dizer que são apenas "o PSTU, o PCB e correntes políticas do PT" (Bobato, 1998), sendo que depois pode-se incluir aí o PCO e o PSOL.
Um questionamento que pode surgir é o motivo de estes partidos, que são defensores do Socialismo, não se unirem formando um só e mais forte partido. Para essa questão são interessantes duas opiniões: Nilton Aparecido Bobato diz que "a unificação num só partido não acontece devido a forma diferente que cada um dos partidos e grupos projetam para implantar o Socialismo no Brasil. A forma de organizar e os caminhos para chegar lá são vistos por cada um por prismas diferentes" (Bobato, 1998). Já BRASILEIRO (1998), comunista atuante no PCdoB, em sindicatos e na Saúde de Foz do Iguaçu, salienta que: "do ponto de vista programático não existe nenhum partido com o nosso conteúdo".
Essas opiniões deixam claro o ponto-de-vista desse partido. Dos outros partidos, foram colhidas informações de outro material meu mesmo, onde abordo, em linhas gerais, sobre todos eles.
Os partidos políticos estão divididos basicamente em três linhas diversas, que são: Liberais, Sociais-Democratas e Socialistas/Comunistas. Estatutariamente, os que defendem o Socialismo e o Comunismo são: PT, PDT, PCB, PSTU, PSB e PCdoB. Porém, como nas demais vertentes, a prática anda mostrando que tanto o PT como o PDT e o PSB, dependendo de quem assume a direção nacional, estadual ou local, pende desde o que está em seus estatutos, até o oposto, que é o Capitalismo. (Nascimento, 1998)
Portanto, os estatutos não indicam o modo de agir dos integrantes de um partido, sendo necessário observar a ação de seus membros.
Os dois partidos considerados pelos socialistas "autênticos", como alguns dizem, como sendo realmente defensores do marxismo-leninismo são o PCdoB (Partido Comunista do Brasil) e o PCB (Partido Comunista Brasileiro).
Esses dois partidos têm uma história interessante:
Fundado no dia 25 de março de 1922, o PCdoB luta pelo ideal marxista há 76 anos, sendo, portando, o partido mais antigo da América Latina (...). Mas é um partido pequeno, devido principalmente a ter que viver na ilegalidade até 1985 e ter sido praticamente destruído durante a Ditadura Militar, quando suas principais lideranças foram assassinadas(...). (Bobato, 1998)
Existe uma confusão quanto a qual seja o partido comunista mais antigo: o PCB reivindica o estatuto de mais antigo, e o PCdoB também. O fato é que ao ser criado, em 1922, a sigla era PCB, e o nome era Partido Comunista do Brasil: porém, com as mudanças da União Soviética, já de linha menos radical, mais ligada aos países capitalistas, uma ala do partido resolveu mudar também: aí os que ficaram permaneceram com o nome e tiveram que mudar a sigla, ficando PCdoB (Partido Comunista do Brasil) e os que saíram ficaram com a sigla e mudaram o nome, ficando PCB (Partido Comunista Brasileiro).
Assim, apesar da sigla ser a antiga, pelos motivos que levaram à divisão, fica que, realmente, o PCdoB é mais antigo e original que o PCB". (Nascimento, 1998)
Com isso, dá-se para notar a complexidade da luta socialista, que passa por mudanças consideradas boas por uns e ruins por outros, mesmo que todos "professem" o ideal comunista. "(...) E pior: com as mudanças feitas pela perestroika de Gorbachov, o PCB mudou novamente. Sob a liderança de Roberto Freire, passou a se chamar PPS (Partido Progressista Social), o que não agradou a todos: uns foram para o PSTU e outros ‘recriaram’ o PCB" (Nascimento, 1998).
2.6.1 Como Chegar ao Poder
Os meios para se chegar ao poder são: o processo eleitoral ou a revolução armada.
Como foi visto, vários países passaram ao regime socialista através de lutas, como Rússia, China, Vietnã, Coreia do Norte; mas outros, como Nicarágua e Chile, chegaram pelas eleições. No Brasil de João Goulart também chegou a ter indícios de que esse presidente estava na linha socialista, o que acabou com o Golpe Militar de 1964.
Chegar ao poder através de eleições é muito difícil, como já foi citado anteriormente, mas este é o objetivo de todos os partidos, senão não participariam de eleições, mas organizariam grupos dedicados a ações de desestabilização do sistema vigente ou mesmo de guerrilhas para vencer o Governo.
Muitos comunistas acreditam que "a revolução" possa ser através do voto, por isso trabalham pela conscientização do povo. Eles dizem que com isso chegarão ao poder, e nele poderão fazer as mudanças necessárias para passar do Capitalismo ao Socialismo e deste ao Comunismo. Isto é o que se vê nos projetos eleitorais e nos programas de governo dos partidos que seguem essa linha.
2.6.2 A Proposta Socialista Para o Brasil
Na leitura dos estatutos e projetos de governo dos partidos socialistas do Brasil fica clara uma confusão: muita gente acredita que os socialistas, ganhando o poder tomarão toda propriedade privada, mas tais documentos mostram que não é bem assim: eles lutam "para que todos tenham, não para que ninguém seja dono de nada" (Nascimento, 1998).
Nessa linha é que o PT defende que "só será tirado para reforma agrária o que passar de 500 hectares e que não esteja sendo produtivo" (Nascimento, 1998).
E outra coisa: "Muitos juristas famosos consideram que o latifúndio que não cumpre a função social, que é produzir alimentos de forma 'não predatória', é não só injusto mas ilegal, e defendem que as ocupações não são apenas justas, mas legais" (Stédile & Gorgen, 1993).
Tal citação de Stédile & Gorgen é porque a Constituição de 1988 diz que "compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante (...) títulos da dívida agrária (...) resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão (...)". (Constituição, 1988. Art. 184)
Quanto à vida urbana, os partidos socialistas pregam que pequenas e até médias indústrias e comércio privados poderão, e até deverão funcionar num Brasil por eles governado. Isso para que as pessoas não fiquem desestimuladas ou obrigadas a serem sempre "empregadas do Estado".
"O que não pode é permitir que pessoas tenham empresas ou terras suficientes para, às vezes, torná-las mais poderosas que certos estados, além de levar muita gente ao trabalho explorativo" (Nascimento, 1998).
Além dessas duas áreas, os socialistas pregam muito o desenvolvimento educacional e tecnológico do país, o que realmente todos os países que passaram ou estão passando por essa experiência procuraram adotar. Cuba, por exemplo, "passou de 8,5% com segundo grau e 2,4% com curso superior em 1959 para 46,2% e 10,7% em 1986 respectivamente" (Silva, 1986), o que demonstra o aumento da escolaridade, que leva, também, à possibilidade de desenvolvimento em todas as outras áreas.
2.6.3 A Manutenção da Democracia
Tem-se falado muito dos socialistas como se eles pretendessem acabar com a democracia, mas todo socialista sabe que é inviável tentar governar sem o apoio da maioria, nem é a intenção deles: o objetivo deles é "governar para o povo", e quando a maioria estiver contra, então o Governo não mais estará sendo democrático. Por isso já não se pretende chegar ao poder e nele manter-se pela força. Isso fica claro quando João Batista Lemos, no documento da 8ª Conferência Nacional do PCdoB, fala sobre "A Classe Operária no Limiar do Século XXI" (Lemos, 1995).
Comunismo, então, só virá após o governo socialista ter conseguido fazer a reforma agrária, desenvolver a tecnologia e criar consciência sobre as vantagens desse sistema sobre o Capitalismo, fazendo com que não mais tenham "reacionários" que busquem a restauração do Capitalismo.
2.3 A Difusão do Socialismo
No mesmo ano em que foi publicado o "Manifesto Comunista" houve revolução proletária na Alemanha, o que possibilitou difundir as ideias socialistas, e por volta de 1860 organizou-se uma Liga Internacional dos Trabalhadores (conhecida como I Internacional), congregando pessoas de vários países da Europa, mas quase fracassou porque a ideia de Socialismo era ainda majoritariamente ligada aos utópicos, e seus defensores não lutavam muito pelo ideal socialista por causa "do fracasso das experiências efetuadas pelos partidários de Proudhon e pela crise econômica europeia da época" (Spindel, 1992).
Depois entrou em cena Bakunin, revolucionário que divergia das ideias de se passar pelo Socialismo antes de chegar ao Comunismo. Pelo modo de pensar a passagem, foram chamados, ele e seus seguidores, de anarquistas e libertários, sendo que difundiram bastante a necessidade de mudar de sistema socioeconômico, criando polêmica e gerando interesse pelas "ideias proletárias".
O socialismo científico de Marx e Engels tem, hoje, leitura bastante diversificada, o que se acentuou com a morte de Marx e com a Revolução Russa de 1917, que ajudou descaracterizar a Social-Democracia como movimento socialista-marxista.
Com a Revolução Russa ficou mais claro que Socialismo e Comunismo são diferentes mas complementares, ao passo que Social-Democracia não é parte nem de um nem de outro, e que é apenas uma tentativa de, no Capitalismo, diminuir seus males, podendo, assim, perpetuá-lo.
A Revolução Russa fez, também, com que todos os países passassem a ter suas lutas pelo Socialismo, inclusive levando a outras revoluções vitoriosas, como China, Vietnã, Coreia do Norte, Cuba, entre outros. O Brasil, inclusive, já em 1922 tem a fundação do Partido Comunista do Brasil, ainda com a sigla PCB, que depois se divide e passa a existir o Partido Comunista Brasileiro (PCB) e o Partido Comunista do Brasil (PCdoB), diferenças que serão vistas adiante.
Esse trabalho de difusão sempre foi algo difícil, porque
o proletário não tem dinheiro sobrando para propaganda, e os meios de comunicação estão nas mãos dos capitalistas, e estes não dão acesso aos trabalhadores, porque sabem que caso as ideias socialistas vençam, eles perderão a chance de continuar explorando o povo. E aí, inclusive, usam esses meios para “envenenar” o povo contra o Socialismo e o Comunismo. (Nascimento, 1998).
2.4 Alguns Países que Adotaram o Socialismo
Com a difusão do Socialismo, quase todos os países passaram a ter defensores dessa ideia, criando partidos e movimentos para lutar contra o Capitalismo.
Dentre os vários países que adotaram o Socialismo, é indispensável estudar alguns, que servirão para caracterizar como era, ou são, organizados. Cada um dos demais é, automaticamente, mais parecido com este ou aquele dos estudados.
2.4.1 União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS)
O primeiro país a implantar o regime socialista foi a Rússia, em um movimento desencadeado pelos camponeses, operários e soldados que não estavam mais agüentando as dificuldades decorrentes da I Guerra Mundial.
Em 1917, o partido bolchevique, liderado por Lênin, conseguiu articular para que todos os setores descontentes se unissem para lutar contra a monarquia, e depois, contra o governo burguês de Aleksandr Fiodorovitch Kerenski. Lênin defendia "transferência do poder aos Sovietes, instauração de uma república socialista; nacionalização dos bancos; distribuição das terras aos camponeses e saída imediata da Guerra" (Apostilas Líder, 1998), o que agradou a todos, com exceção dos nobres e capitalistas.
Em outubro do mesmo ano houve a tomada do poder com a fuga de Kerenski, que estava nele desde fevereiro, quando a burguesia havia conseguido chegar ao poder e fazer o czar abdicar.
Após a vitória socialista na Rússia, e usando de todo tipo de apoio, esta formou a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, que congregava, além dela, mais quatorze repúblicas, a saber: "Estônia, Retônia, Lituânia, Bielorússia, Ucrânia, Moldávia, Armênia, Geórgia, Azerbaijão, Turcomênia, Usbequistão, Tadjiquistão, Quirguízia e Cazaquistão" (Carmo, 1994).
Lênin, ao assumir o poder realmente realizou o que havia proposto, mas em 1921 precisou criar a Nova Política Econômica - NEP para incentivar a produção. A NEP “injetou doses de capitalismo em alguns setores da economia, dando permissão para a abertura de pequenos negócios. Os camponeses voltaram a produzir para vender no mercado, e as grandes empresas estatais passaram a considerar as necessidades de consumo do povo” (Ferreira, 1997).
Os planos de desenvolvimento econômico e social na União Soviética passaram por crises decorrentes da II Guerra Mundial e por causa da política de Joseph Stálin (substituto de Lênin no poder), que impôs guerras de anexações em várias partes do mundo, e mais descontentamentos surgiram tendo em vista que este "suspendeu as medidas na NEP e decidiu industrializar rapidamente a União Soviética à força" (Ferreira, 1997), transformando-se em um ditador que impunha suas vontades mesmo contra a opinião da maioria.
Depois de Stálin, que mesmo sendo "ditador" estava levando a União Soviética rumo ao Comunismo, os outros presidentes "a começar por Kruschev até Gorbacheov era descarados defensores do Capitalismo, inimigos dos ideais revolucionários" (Amazonas, 1995), culminando com o fim da União Soviética e a volta dos países integrantes da mesma ao Capitalismo.
Essa volta aconteceu por causa da política desenvolvida pelos presidentes pós-Stálin, que não buscavam desenvolver o Socialismo, mas tomar medidas cada vez mais alinhadas aos capitalistas e formavam uma burocracia aburguesada, desligada dos meios populares. "Em 1990, o Congresso aboliu o monopólio do Partido Comunista, abrindo espaço para o pluripartidarismo, e o PC passou a sofrer concorrência de partidos não socialistas (...)" (Arruda, 1997).
Após vários problemas, "Gorbachov marcou o dia 31 de dezembro de 1991 para substituir a União Soviética pela Comunidade de Estados Independentes" (Arruda, 1997), o que realmente aconteceu, pondo fim à experiência socialista daquela parte do mundo.
2.4.2 China
No século XIX a China foi alvo de exploração econômica internacional, principalmente por países europeus e pelos Estados Unidos. Demorou vários anos para que ocorresse uma reação contrária a essa situação, mas um grupo de pessoas lideradas pelo médico Sun Yatsen, sonhava em mudar aquela realidade econômica e social, e para isso fundaram o Kuamintang (Partido Popular Nacional), começando a se organizar e a buscar novos adeptos entre os jovens. Assim conseguiram mudar o regime político de Monarquia para República. Mas "o novo regime não resolveu os antigos problemas. A espoliação internacional persistia nas áreas rurais, onde vivia¬ a maioria da população chinesa, os latifundiários continuavam oprimindo e explorando os camponeses" (Ferreira, 1997).
Por isso um novo grupo de homens – que acreditaram que só a implantação do Socialismo poderia minimizar esses problemas sofridos pelos chineses – fundaram, com o apoio da União Soviética, o Partido Comunista Chinês, que conseguiu muitos adeptos e passou a ameaçar o governo dos Kuamintang. O general Chiang Kai-Shek, sentindo que estava perdendo o poder, declarou guerra aos comunistas, e com isso milhares de comunistas que se concentravam nas cidades morreram, principalmente em Shangai. Enfraquecido, Mao Tsé-Tung reuniu "cerca de 300 mil soldados, além de mulheres, crianças e camponeses, que empreenderam a chamada 'Longa Marcha', uma caminhada de 10.000 km em direção à província de Shensi” (Arruda, 1997).
No interior, Mao Tsé-Tung convocava seus soldados para ajudar os camponeses e com isso conseguia novos adeptos, já que um dos seus principais discursos era a reforma agrária. Em poucos anos o Exército Vermelho (comunista) já tinha forças para tomar o poder, e com esses acontecimentos os Estados Unidos (que apoiava financeiramente o governo de Sun Yatsen),
pressentindo que seu aliado seria incapaz de reverter a situação, os americanos o abandonaram, permitindo o avanço rápido dos comunistas liderados por Mao. Em 1949 Chiang procura refúgio na ilha de Formosa, de onde pretendia retornar ao continente. Mas a 1º de outubro de 1949, com o país inteiramente dominado pelo Exército Vermelho, foi proclamada a República Popular da China. (Arruda, 1997)
Sem perspectivas de volta ao poder na China, Chiang organiza em Formosa, ilha do Mar da China Continental, ainda em 1949, "a República da China Nacionalista, alinhada ao bloco capitalista" (Ferreira, 1997). Assim, passou a existir "a China Comunista", de Mao Tsé-Tung, e "a China Nacionalista", de Chiang Kai-Shek. Hoje, porém, já não se fala em "duas chinas", porque a Nacionalista é atualmente chamada de Taiwan.
Com a tomada do poder por Mao, a China Comunista fechou-se quase que totalmente a influências externas, com isso ficando quase que esquecida pelos países ocidentais. Sua intenção era adaptar o Socialismo à realidade de seu país, que era quase que totalmente agrícola. Criou-se o "Congresso Nacional do Povo" que era eleito por quatro anos.
No campo social o Governo da China Comunista dedicou-se à eliminação da antiga classe dominante. "O Comunismo Chinês libertou as mulheres de sua antiga dominação, estabelecendo a igualdade entre os sexos, a liberdade de casamento, o acesso às mais altas funções públicas, o que representava para a China uma enorme revolução nos costumes milenares" (Arruda, 1997).
Com essa mudança de costumes houve uma "explosão" demográfica que obrigou o governo a trabalhar o controle da natalidade.
No governo de Mao foi implantada a reforma agrária, e em um segundo momento os camponeses foram reunidos em "cooperativas agrícolas" deixando de ser proprietários e passando a receber salários. As indústrias foram nacionalizadas, ficando a direção das mesmas nas mãos do Estado ou de cooperativas, com apoio, nos dois primeiros anos, da União Soviética.
Após a morte de Mao Tse-Tung, em 1976, houve uma longa disputa pelo poder e somente na década seguinte é que Deng Xiaoping assume o poder e passa a abrir as portas da China Comunista para investimentos financeiros, onde acaba ocorrendo profundas reformas na economia, sendo que "a propriedade privada no campo foi permitida. Investimentos estrangeiros passaram a ser incentivados. Entre 1978 e 1988 verificou-se vigorosa retomada das atividades econômicas, com crescimento médio anual de 10%" (Arruda, 1997).
Mas parte da população, não concordando com a tendência de volta ao Capitalismo, manifestou-se contra, ocorrendo fatos como os enfrentamentos de 1989, quando "milhões de estudantes se mobilizaram para pedir reformas" (Arruda, 1997).
No entanto, mesmo com tais manifestações, a China Comunista continuou abrindo-se ao mercado internacional, chegando aos anos 90 do séc. XX a exportar volumes gigantescos de bens de consumo, tudo a preços extremamente baixos, o que gerou grande desenvolvimento econômico, enfraquecendo as lutas pela manutenção das proteções socialistas. "Mas com a prosperidade econômica, de cunho competitivo e capitalista, aparece o outro lado da moeda: corrupção, prostituição, tráfico de drogas, contrabando" (Arruda, 1997).
2.4.3 Vietnã
Ho Chi Minh, grande líder político asiático, organizou uma resistência à dominação do Japão e França no Sudeste asiático, região conhecida por Indochina. Em 1945 os japoneses foram vencidos no norte da região, mas no sul os franceses resistiram, sendo derrotados somente em 1954.
Como os vencedores eram simpáticos ao Comunismo e eram apoiados pela China, os Estados Unidos e demais países do bloco capitalista, porque "temiam a existência de um governo comunista no Sudeste asiático, o que poderia fazer com que todos os demais países da região (como Laos, Camboja, Indonésia, Tailândia e Birmânia) se tornassem comunistas" (Arruda, 1997), fizeram com que a Organização das nações Unidas – ONU criasse dois países na região: um ao norte, governado pelos comunistas, e outro ao sul, capitalista de forte influência estadunidense.
O sul, porém, não teve um governo simpático ao povo, fazendo com que houvesse revoltas de boa parte da população apoiada pelos comunistas do norte. Os EUA, com medo da vitória comunista, mandaram tropas para apoiar o sul, mas desde 1961 foram sucessivamente vencidos, chegando a precisar ter 500 mil soldados na região no ano de 1966.
"Apesar da superioridade bélica, as tropas norte-americanas não conseguiram vencer a resistência do exército norte¬vietnamita e dos guerrilheiros, e o conflito se prolongava sem perspectivas de uma definição" (Carmo, 1994). "Em 1970 e 1971, os EUA intensificaram a guerra, bombardeando o Vietnã e países vizinhos, mas os vietcongues (guerrilheiros comunistas) continuaram a resistir" (Ferreira, 1997). Assim, como o governo dos EUA percebia que dificilmente venceria a guerra, e tanto a opinião pública internacional como a nacional já estava contra a continuidade da mesma, tendo em vista a enormidade de mortes – mais ou menos um milhão e meio de vietnamitas e cinqüenta mil estadunidenses –, em 1973 os Estados Unidos deixam o Vietnã, e em 1975 os vietcongues e nortevietnamitas tomam Saigon e unificam-no.
2.4.3.1 O Vietnã Hoje
Após a guerra de unificação o Vietnã teve "um recomeço" difícil, porque tanto o norte quanto o sul estavam arrasados.
Nos anos 80, com as mudanças que passaram a ocorrer principalmente na União Soviética e China, o Vietnã também mudou a Constituição e abriu a economia à iniciativa privada.
Hoje, além do Japão, que foi um dos primeiros países a investir no Vietnã, vários outros países têm empresas e negócios lá e desde 1995 os EUA voltaram a ter relações diplomáticas com aquele país.
2.4.4 Coreia do Norte
Após a II Guerra Mundial, a Coreia, que estivera sob domínio do Japão, foi dividida entre EUA e URSS. A parte sul, controlada pelos Estados Unidos, organizou-se com o nome de República da Coreia, e a norte, pelos soviéticos, como República Popular Democrática da Coreia.
Por volta de 1950, como as duas Coreias estavam “em-pé-de-guerra”, os Estados Unidos intervieram militarmente para apoiar o sul, e a União Soviética e China comunista apoiaram o norte. "A guerra durou três anos, sem que se definissem vencidos e vencedores. Em julho de 1953, foi feito um acordo de paz, que manteve exatamente a situação anterior, com as duas Coreias divididas" (Carmo, 1994).
Após esta guerra é que se criou o "Pacto de Varsóvia", um tratado de cooperação, amizade e assistência recíproca entre os países do bloco socialista, ficando o mundo mais claramente dividido entre bloco socialista e bloco capitalista.
Hoje a Coreia do Sul é considerada um dos países grandemente desenvolvidos, e a Coreia do Norte está passando por grandes necessidades, porque não existe mais a União Soviética para apoiá-la, e a China também está mais preocupada com a adequação ao Capitalismo do que em ajudar um dos poucos países que ainda mantém as ideias socialistas. Sem apoio, e tendo em vista que ela é pequena e não tem terras e clima bons, não consegue desenvolver-se. (Nascimento, 1998)
2.4.5 Cuba
Na década de 50, Cuba era governada por Fulgêncio Batista, um típico ditador latino-americano apoiado pelo exército, pelas burocracias sindicais e pelos EUA. O regime de Batista caracterizava-se pela corrupção e pela repressão às oposições (...). A economia baseava-se na plantação de cana-de-açúcar, praticamente controlada pelos Estados Unidos, e a população vivia na pobreza. (Arruda & Piletti, 1997)
Essa situação fez com que o advogado Fidel Castro, que estava exilado no México, organizasse, com o médico argentino Ernesto "Che" Guevara, um grupo de pessoas que em 1956 desembarcou em Cuba, ocultou-se nas montanhas, e de lá, com o apoio de camponeses passou a lutar contra Fulgêncio.
Em 1958, achando que Fidel seria melhor para eles, os Estados Unidos tiram o apoio a Batista, fazendo com que no ano seguinte este fugisse.
Assumindo o poder, Fidel Castro e seus aliados implantou um regime socialista, o que causou forte reação do governo estadunidense, não mais comprando produtos cubanos. Cuba, então, buscou apoio e intercâmbio comercial da União Soviética.
Com o apoio da URSS, os EUA não arriscaram uma intervenção direta em Cuba, mas passaram a praticar um bloqueio econômico contra esse país em proporções tão grandes que este ficou completamente isolado no Ocidente. Mas enquanto existiam vários outros países socialistas, ainda era possível manter-se e até evoluir.
Um dos aspectos mais desenvolvidos em Cuba é a educação, que passou da quase inexistência de professores graduados em 1958 para “23% em 1972, 60% em 1976 e tem previsão de que em 1980 100% dos professores sejam formados" (Cepera, 1981). ''Em 1958-59 31 pessoas graduaram-se em curso superior; em 1984-85 o número estimado é de 28.486" (Silva, 1986).
Além disso, "todas as áreas do conhecimento foram desenvolvidas, chegando ao ponto que Cuba ainda é um país muito desenvolvido em Física, Biologia e em Medicina Clínica" (Nascimento, 1998).
Agora, a alternativa para a ilha está sendo a permissão da entrada de capitais estrangeiros para o desenvolvimento do turismo, além de autorização para a criação de empresas privadas de pequeno e médio porte, bem como a posse de moeda estrangeira, o que era proibido antes. Esse último item, inclusive, fez com que de uns tempos para cá voltasse a existir uma política que havia desaparecido durante os tempos de aplicação mais rígida do marxismo-leninismo: a prostituição, ou “o turismo sexual". "Atualmente, Cuba ainda vive sob o embargo econômico determinado pelos EUA. Isso faz a ilha atravessar um período de profunda crise econômica e social, ameaçando jogar por terra todas as conquistas do passado. Com a derrocada da União Soviética, ela perdeu a ajuda econômica e o apoio político que recebia" (Ferreira, 1997).
Além dos países estudados, têm outros que adotaram o Socialismo. É o caso de Angola, Camboja, Mongólia, Iêmen do Sul, Moçambique, República Democrática Alemã, Polônia, Tchecoslováquia, Hungria, Renânia, Iugoslávia, Albânia, Bulgária, Nicarágua e Chile, sendo que com a volta ao sistema capitalista houve reunificações, divisões ou mudança de nome de alguns deles.
2.5 Dificuldades e Volta ao Capitalismo
A maioria dos países que têm experiências socialistas já voltou ao Capitalismo, e dos que ainda permanecem quase todos estão em processo de volta, porque com a fim da União Soviética todos passaram a enfrentar grandes dificuldades para continuarem enfrentando a pressão dos capitalistas.
Esse é o caso da Nicarágua, que teve a vitória dos "sandinistas" (que eram socialistas) em 1979, mas conseguiram permanecer apenas até 1989, quando, através de eleições, foram derrotados, e do Chile, onde em 1970 Salvador Allende, candidato marxista, chegou ao poder através de eleições diretas, nacionalizando diversas estatais e, por isso, sendo morto num golpe militar apoiado pelos Estados Unidos. Além de ser difícil chegar ao poder através de eleições, é muito difícil manter-se nele, "porque os capitalistas detêm o poder da mídia e sempre conseguem colocar a maior parte da população alheia à compreensão política, sem informações que os faça optar pelas ideias mais adequadas a eles" (Nascimento, 1998).
2.6 O Socialismo no Brasil
O Brasil tem dois partidos que se dizem comunistas e outros que se dizem socialistas, como o PT (Partido dos Trabalhadores), o PSTU (Partido Socialista dos Trabalhadores Unificados), o PDT (Partido Democrático Trabalhista), o PCO (Partido da Causa Operária) e, mais recentemente, o P-SOL (Partido Socialismo e Liberdade).
Nilton Bobato, do Partido Comunista do Brasil, diz que os partidos que realmente defendem o Socialismo, além do dele, pode-se dizer que são apenas "o PSTU, o PCB e correntes políticas do PT" (Bobato, 1998), sendo que depois pode-se incluir aí o PCO e o PSOL.
Um questionamento que pode surgir é o motivo de estes partidos, que são defensores do Socialismo, não se unirem formando um só e mais forte partido. Para essa questão são interessantes duas opiniões: Nilton Aparecido Bobato diz que "a unificação num só partido não acontece devido a forma diferente que cada um dos partidos e grupos projetam para implantar o Socialismo no Brasil. A forma de organizar e os caminhos para chegar lá são vistos por cada um por prismas diferentes" (Bobato, 1998). Já BRASILEIRO (1998), comunista atuante no PCdoB, em sindicatos e na Saúde de Foz do Iguaçu, salienta que: "do ponto de vista programático não existe nenhum partido com o nosso conteúdo".
Essas opiniões deixam claro o ponto-de-vista desse partido. Dos outros partidos, foram colhidas informações de outro material meu mesmo, onde abordo, em linhas gerais, sobre todos eles.
Os partidos políticos estão divididos basicamente em três linhas diversas, que são: Liberais, Sociais-Democratas e Socialistas/Comunistas. Estatutariamente, os que defendem o Socialismo e o Comunismo são: PT, PDT, PCB, PSTU, PSB e PCdoB. Porém, como nas demais vertentes, a prática anda mostrando que tanto o PT como o PDT e o PSB, dependendo de quem assume a direção nacional, estadual ou local, pende desde o que está em seus estatutos, até o oposto, que é o Capitalismo. (Nascimento, 1998)
Portanto, os estatutos não indicam o modo de agir dos integrantes de um partido, sendo necessário observar a ação de seus membros.
Os dois partidos considerados pelos socialistas "autênticos", como alguns dizem, como sendo realmente defensores do marxismo-leninismo são o PCdoB (Partido Comunista do Brasil) e o PCB (Partido Comunista Brasileiro).
Esses dois partidos têm uma história interessante:
Fundado no dia 25 de março de 1922, o PCdoB luta pelo ideal marxista há 76 anos, sendo, portando, o partido mais antigo da América Latina (...). Mas é um partido pequeno, devido principalmente a ter que viver na ilegalidade até 1985 e ter sido praticamente destruído durante a Ditadura Militar, quando suas principais lideranças foram assassinadas(...). (Bobato, 1998)
Existe uma confusão quanto a qual seja o partido comunista mais antigo: o PCB reivindica o estatuto de mais antigo, e o PCdoB também. O fato é que ao ser criado, em 1922, a sigla era PCB, e o nome era Partido Comunista do Brasil: porém, com as mudanças da União Soviética, já de linha menos radical, mais ligada aos países capitalistas, uma ala do partido resolveu mudar também: aí os que ficaram permaneceram com o nome e tiveram que mudar a sigla, ficando PCdoB (Partido Comunista do Brasil) e os que saíram ficaram com a sigla e mudaram o nome, ficando PCB (Partido Comunista Brasileiro).
Assim, apesar da sigla ser a antiga, pelos motivos que levaram à divisão, fica que, realmente, o PCdoB é mais antigo e original que o PCB". (Nascimento, 1998)
Com isso, dá-se para notar a complexidade da luta socialista, que passa por mudanças consideradas boas por uns e ruins por outros, mesmo que todos "professem" o ideal comunista. "(...) E pior: com as mudanças feitas pela perestroika de Gorbachov, o PCB mudou novamente. Sob a liderança de Roberto Freire, passou a se chamar PPS (Partido Progressista Social), o que não agradou a todos: uns foram para o PSTU e outros ‘recriaram’ o PCB" (Nascimento, 1998).
2.6.1 Como Chegar ao Poder
Os meios para se chegar ao poder são: o processo eleitoral ou a revolução armada.
Como foi visto, vários países passaram ao regime socialista através de lutas, como Rússia, China, Vietnã, Coreia do Norte; mas outros, como Nicarágua e Chile, chegaram pelas eleições. No Brasil de João Goulart também chegou a ter indícios de que esse presidente estava na linha socialista, o que acabou com o Golpe Militar de 1964.
Chegar ao poder através de eleições é muito difícil, como já foi citado anteriormente, mas este é o objetivo de todos os partidos, senão não participariam de eleições, mas organizariam grupos dedicados a ações de desestabilização do sistema vigente ou mesmo de guerrilhas para vencer o Governo.
Muitos comunistas acreditam que "a revolução" possa ser através do voto, por isso trabalham pela conscientização do povo. Eles dizem que com isso chegarão ao poder, e nele poderão fazer as mudanças necessárias para passar do Capitalismo ao Socialismo e deste ao Comunismo. Isto é o que se vê nos projetos eleitorais e nos programas de governo dos partidos que seguem essa linha.
2.6.2 A Proposta Socialista Para o Brasil
Na leitura dos estatutos e projetos de governo dos partidos socialistas do Brasil fica clara uma confusão: muita gente acredita que os socialistas, ganhando o poder tomarão toda propriedade privada, mas tais documentos mostram que não é bem assim: eles lutam "para que todos tenham, não para que ninguém seja dono de nada" (Nascimento, 1998).
Nessa linha é que o PT defende que "só será tirado para reforma agrária o que passar de 500 hectares e que não esteja sendo produtivo" (Nascimento, 1998).
E outra coisa: "Muitos juristas famosos consideram que o latifúndio que não cumpre a função social, que é produzir alimentos de forma 'não predatória', é não só injusto mas ilegal, e defendem que as ocupações não são apenas justas, mas legais" (Stédile & Gorgen, 1993).
Tal citação de Stédile & Gorgen é porque a Constituição de 1988 diz que "compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante (...) títulos da dívida agrária (...) resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão (...)". (Constituição, 1988. Art. 184)
Quanto à vida urbana, os partidos socialistas pregam que pequenas e até médias indústrias e comércio privados poderão, e até deverão funcionar num Brasil por eles governado. Isso para que as pessoas não fiquem desestimuladas ou obrigadas a serem sempre "empregadas do Estado".
"O que não pode é permitir que pessoas tenham empresas ou terras suficientes para, às vezes, torná-las mais poderosas que certos estados, além de levar muita gente ao trabalho explorativo" (Nascimento, 1998).
Além dessas duas áreas, os socialistas pregam muito o desenvolvimento educacional e tecnológico do país, o que realmente todos os países que passaram ou estão passando por essa experiência procuraram adotar. Cuba, por exemplo, "passou de 8,5% com segundo grau e 2,4% com curso superior em 1959 para 46,2% e 10,7% em 1986 respectivamente" (Silva, 1986), o que demonstra o aumento da escolaridade, que leva, também, à possibilidade de desenvolvimento em todas as outras áreas.
2.6.3 A Manutenção da Democracia
Tem-se falado muito dos socialistas como se eles pretendessem acabar com a democracia, mas todo socialista sabe que é inviável tentar governar sem o apoio da maioria, nem é a intenção deles: o objetivo deles é "governar para o povo", e quando a maioria estiver contra, então o Governo não mais estará sendo democrático. Por isso já não se pretende chegar ao poder e nele manter-se pela força. Isso fica claro quando João Batista Lemos, no documento da 8ª Conferência Nacional do PCdoB, fala sobre "A Classe Operária no Limiar do Século XXI" (Lemos, 1995).
E tem mais: "Democracia é governo para o povo. Então, quando um Governo está trabalhando pelo povo ele está sendo democrático, quando está trabalhando para minorias, mesmo que tenha sido eleito, não está sendo democrático, e é isso que geralmente anda ocorrendo hoje em dia" (Nascimento, 1998).
Portanto, os socialistas sentem-se os verdadeiros defensores da democracia, e sentem que os outros Governos são falsos democratas que se elegem dizendo uma coisa e, enganando o povo, faz outra, geralmente defendendo interesses de grandes proprietários nacionais e estrangeiros.
2.6.4 A Revisão da Dívida Externa
Como já ocorreu com o Brasil, com a Rússia, a Argentina e outros, o não pagamento da dívida externa (moratória) é um método usado por países que estejam passando por crise financeira muito grave. O problema é que o país que decreta moratória acaba sendo "boicotado" por outras nações que dominam o comércio e a economia mundial, ou passa e ter que aceitar outras imposições prejudiciais, como desnacionalização de empresas, economia e terras, como está ocorrendo na Argentina atualmente.
Mas, mesmo assim, defensores do Socialismo acreditam e defendem que a dívida externa brasileira não deveria ser paga, porque "os juros de tal dívida foram aumentados indevidamente, e caso isso não tivesse ocorrido, já teríamos pago tudo" (Nascimento, 1998). Também porque "o dinheiro que os especuladores tiram todo dia do nosso país é muito mais do que emprestaram para o Brasil. Indiretamente já pagamos a dívida várias vezes" (Martins, 1998).
Caso o país deixe de pagar a dívida externa – o que, segundo exposto acima, não seria imoral –, todo o dinheiro que sai "às claras" e o que sai como lucro das multinacionais poderia ser investido em melhorias sociais como saúde, educação, salário para produção e desenvolvimento tecnológico. “No Brasil, especificamente, um bloqueio capitalista internacional não surtiria muito efeito, pois o nosso país tem condições de sobreviver com suas próprias riquezas" (Brasileiro, 1998).
(...) e os outros é que precisariam de nós. Nós temos todo tipo de matéria-prima e ótimas terras: só é necessário investir e pagar bem os cientistas. Assim, a matéria-prima que eles levam quase de graça ficaria aqui e produziríamos tecnologia como qualquer outro, e eles, caso quisessem produzir – como é o caso do Japão –, teriam que pagar nosso preço por nossos produtos (Nascimento, 1998).
Assim, os socialistas dizem que um país naturalmente rico como o Brasil poderia dar melhores condições de vida à sua população caso não ficasse mais atrelado ao Fundo Monetário Internacional – FMI e aos países ricos do mundo capitalista.
2.6.5 Como Manter as Conquistas
Para os socialistas, manter as conquistas alcançadas no decorrer de sua história é fundamental no processo de passagem ao Comunismo, porque, caso não haja um cuidado muito grande, os capitalistas voltarão ao poder e todos os avanços serão anulados. Para isso ''na maioria dos momentos nacionais os grupos e partidos de esquerda se unem em um único bloco. É o caso das atuais eleições nacionais, onde o PT, PCdoB e PCB estão na mesma coligação, fato que se repete na maioria dos estados nas eleições para governadores" (Bobato, 1998). O que ocorreu também nas eleições de 2002 e de 2005.
Dessa forma, tais partidos, além de estarem juntos contra os que eles classificam como "neoliberais" durante as eleições, buscam permanecer unidos na hora de votar projetos do Governo ou de seus aliados, rejeitando todos que não são vistos na ótica socialista.
Eles têm dificuldades em aprovar projetos socialistas, ou mesmo impedir que os outros aprovem projetos capitalistas, porque são minoria. "Dos mais de quinhentos parlamentares do Brasil, a esquerda tem não mais que cem, e com isso ela não consegue mostrar a que veio" (Nascimento, 1998).
No entanto, esses partidos acreditam na importância de estarem participando, mesmo que de forma minoritária, "porque os outros sabem que se fizerem falcatruas que sejam descobertas por nós, tentaremos denunciar ao público e à justiça" (Bobato, 1998).
Hoje, com Luís Inácio Lula da Silva tendo sido eleito presidente, o seu partido, PT, e outros, de esquerda, estão na condição de situação, experimentando a necessidade de – por uma questão de governabilidade dentro de uma conjuntura ainda capitalista – tentar aprovar projetos que, antes, lutavam para não serem aprovados. Mas aqueles partidos que realmente lutam pelo Socialismo, mesmo estando no Governo, continuam com postura ética e defendendo as mudanças que acham necessárias para caminhar rumo aos seus ideais.
2.6.5.1 Os Meios de Comunicação
No sistema capitalista, os meios de comunicação que realmente chegam à população são deles. Portanto, diretamente ou nas entrelinhas, sempre estão enaltecendo tal modelo e depreciando o Socialismo. Isto porque sabem que caso os socialistas tenham a simpatia do povo assumirão o poder, e assumindo não permitirão que os meios de comunicação possam continuar sendo formador de tendências consumistas, o que prejudicaria toda a perspectiva de lucro capitalista.
Os capitalistas lutam com todas as forças contra o Socialismo, porque sabem que "o lucro no Socialismo será para a sociedade como um todo, enquanto no Capitalismo é para uns poucos privilegiados" (Brasileiro, 1998).
Isto é: para os donos dos meios de comunicação e para quem os mantêm – os grandes empresários –, permitir que ideias socialistas entrem em seus canais de televisão, rádios, revistas e jornais é algo absurdo.
Para vencer tais empecilhos, os partidos socialistas organizam grupos de reuniões para estudo e posterior divulgação e luta entre colegas de trabalho, estudo, religião ou lazer. Dessa forma é que:
Portanto, os socialistas sentem-se os verdadeiros defensores da democracia, e sentem que os outros Governos são falsos democratas que se elegem dizendo uma coisa e, enganando o povo, faz outra, geralmente defendendo interesses de grandes proprietários nacionais e estrangeiros.
2.6.4 A Revisão da Dívida Externa
Como já ocorreu com o Brasil, com a Rússia, a Argentina e outros, o não pagamento da dívida externa (moratória) é um método usado por países que estejam passando por crise financeira muito grave. O problema é que o país que decreta moratória acaba sendo "boicotado" por outras nações que dominam o comércio e a economia mundial, ou passa e ter que aceitar outras imposições prejudiciais, como desnacionalização de empresas, economia e terras, como está ocorrendo na Argentina atualmente.
Mas, mesmo assim, defensores do Socialismo acreditam e defendem que a dívida externa brasileira não deveria ser paga, porque "os juros de tal dívida foram aumentados indevidamente, e caso isso não tivesse ocorrido, já teríamos pago tudo" (Nascimento, 1998). Também porque "o dinheiro que os especuladores tiram todo dia do nosso país é muito mais do que emprestaram para o Brasil. Indiretamente já pagamos a dívida várias vezes" (Martins, 1998).
Caso o país deixe de pagar a dívida externa – o que, segundo exposto acima, não seria imoral –, todo o dinheiro que sai "às claras" e o que sai como lucro das multinacionais poderia ser investido em melhorias sociais como saúde, educação, salário para produção e desenvolvimento tecnológico. “No Brasil, especificamente, um bloqueio capitalista internacional não surtiria muito efeito, pois o nosso país tem condições de sobreviver com suas próprias riquezas" (Brasileiro, 1998).
(...) e os outros é que precisariam de nós. Nós temos todo tipo de matéria-prima e ótimas terras: só é necessário investir e pagar bem os cientistas. Assim, a matéria-prima que eles levam quase de graça ficaria aqui e produziríamos tecnologia como qualquer outro, e eles, caso quisessem produzir – como é o caso do Japão –, teriam que pagar nosso preço por nossos produtos (Nascimento, 1998).
Assim, os socialistas dizem que um país naturalmente rico como o Brasil poderia dar melhores condições de vida à sua população caso não ficasse mais atrelado ao Fundo Monetário Internacional – FMI e aos países ricos do mundo capitalista.
2.6.5 Como Manter as Conquistas
Para os socialistas, manter as conquistas alcançadas no decorrer de sua história é fundamental no processo de passagem ao Comunismo, porque, caso não haja um cuidado muito grande, os capitalistas voltarão ao poder e todos os avanços serão anulados. Para isso ''na maioria dos momentos nacionais os grupos e partidos de esquerda se unem em um único bloco. É o caso das atuais eleições nacionais, onde o PT, PCdoB e PCB estão na mesma coligação, fato que se repete na maioria dos estados nas eleições para governadores" (Bobato, 1998). O que ocorreu também nas eleições de 2002 e de 2005.
Dessa forma, tais partidos, além de estarem juntos contra os que eles classificam como "neoliberais" durante as eleições, buscam permanecer unidos na hora de votar projetos do Governo ou de seus aliados, rejeitando todos que não são vistos na ótica socialista.
Eles têm dificuldades em aprovar projetos socialistas, ou mesmo impedir que os outros aprovem projetos capitalistas, porque são minoria. "Dos mais de quinhentos parlamentares do Brasil, a esquerda tem não mais que cem, e com isso ela não consegue mostrar a que veio" (Nascimento, 1998).
No entanto, esses partidos acreditam na importância de estarem participando, mesmo que de forma minoritária, "porque os outros sabem que se fizerem falcatruas que sejam descobertas por nós, tentaremos denunciar ao público e à justiça" (Bobato, 1998).
Hoje, com Luís Inácio Lula da Silva tendo sido eleito presidente, o seu partido, PT, e outros, de esquerda, estão na condição de situação, experimentando a necessidade de – por uma questão de governabilidade dentro de uma conjuntura ainda capitalista – tentar aprovar projetos que, antes, lutavam para não serem aprovados. Mas aqueles partidos que realmente lutam pelo Socialismo, mesmo estando no Governo, continuam com postura ética e defendendo as mudanças que acham necessárias para caminhar rumo aos seus ideais.
2.6.5.1 Os Meios de Comunicação
No sistema capitalista, os meios de comunicação que realmente chegam à população são deles. Portanto, diretamente ou nas entrelinhas, sempre estão enaltecendo tal modelo e depreciando o Socialismo. Isto porque sabem que caso os socialistas tenham a simpatia do povo assumirão o poder, e assumindo não permitirão que os meios de comunicação possam continuar sendo formador de tendências consumistas, o que prejudicaria toda a perspectiva de lucro capitalista.
Os capitalistas lutam com todas as forças contra o Socialismo, porque sabem que "o lucro no Socialismo será para a sociedade como um todo, enquanto no Capitalismo é para uns poucos privilegiados" (Brasileiro, 1998).
Isto é: para os donos dos meios de comunicação e para quem os mantêm – os grandes empresários –, permitir que ideias socialistas entrem em seus canais de televisão, rádios, revistas e jornais é algo absurdo.
Para vencer tais empecilhos, os partidos socialistas organizam grupos de reuniões para estudo e posterior divulgação e luta entre colegas de trabalho, estudo, religião ou lazer. Dessa forma é que:
Além do partido, existem a UJS (União da Juventude Socialista) que procura reunir jovens, a UBM (União Brasileira de Mulheres), a CONAM (Comissão Nacional de Associações de Moradores), que reúne dirigentes de associações de moradores defensores da causa socialista, a CSC (Corrente Sindical Classista), que organiza os dirigentes sindicais socialistas, além de algumas outras entidades. Além de possuir editora especializada na publicação de revistas e livros de cunho político. (Bobato, 1998)
Quase todo mundo assiste a Globo, e ela luta sempre contra o Socialismo, influenciando todos a pensarem que socialistas – e comunistas – são o terror da humanidade. E como essa ideia já está enraizada na mente do povo desde o início do Socialismo no Brasil, quando os positivistas de plantão conseguiram convencer cristãos e militares a se opor totalmente a qualquer mudança, até hoje você vê pessoas fugindo de alguém que se diz comunista como o diabo foge da cruz (Nascimento, 1998).
Outra coisa importante "é que a comunicação faz a realidade. Assim, uma coisa passa a existir no momento em que é comunicada, é notícia. Se não é comunicada, para a maioria das pessoas deixa de existir (...). Um outro belo exemplo é a ‘construção da realidade’" (Guareschi, 1998), onde os meios de comunicação "criam" a realidade que lhes interessa.
Assim, tais meios "criam" a realidade onde Socialismo é ruim e Capitalismo é bom; Socialismo é sinônimo de ditadura e Capitalismo de democracia.
2.6.5.2 O Sistema Educacional
Acredita-se que a melhor forma para mudar a visão do povo sobre o que seja o Socialismo é através da educação.
No Socialismo, como já foi dito no item que foi abordado o desenvolvimento tecnológico, estudar é fundamental para o desenvolvimento do povo. Mas esse estudo deve ser para a formação da liberdade, da autonomia. Paulo Freire mesmo, que era socialista militante do Partido dos Trabalhadores, buscou desenvolver propostas pedagógicas que possibilitassem aos marginalizados social e economicamente o aprendizado rápido e crítico, como pode ser visto em seus vários escritos.
É interessante notar a preocupação com a formação, e formação crítica. Assim, Paulo Freire cita:io (participando de um debate onde) se estabeleceu uma dessas discussões em que se afirmava a “periculosidade da consciência crítica”. No meio da discussão, disse esse homem: “Talvez seja eu, entre os senhores, o único de origem operária. Não posso dizer que haja entendido todas as palavras que foram ditas aqui, mas uma coisa posso afirmar: cheguei a esse curso ingênuo e, ao descobrir-me ingênuo, comecei a tornar-me crítico” (Freire, 1987. O parênteses é nosso).
Os socialistas preocupam-se tanto com a educação que é fácil perceber nos deputados federais que têm no Paraná uma luta constante pelo "ensino público, gratuito e de qualidade", como pronunciamento de Ricardo Gomyde no Parlamento, onde diz que "não é possível que um Estado da importância do Paraná seja tratado da forma que o MEC faz em relação ao crédito educativo" (Gomyde, 1997).
E mostram a melhoria da qualidade educacional ao assumirem o poder, tanto na formação dos educandos, como citado anteriormente, quanto na valorização do professor: "Os salários (em Cuba) não são iguais. O mais baixo é da ordem de 100 pesos, e o mais alto da ordem de 500. Professor de escola secundária ganha entre 170 e 260 pesos; professor universitário, 295 a 450 pesos" (Silva, 1986).
Isto é: Como os salários variam só de um para cinco, significa que os lucros sociais são melhor divididos, possibilitando um padrão melhor a todos, e um professor secundário recebe entre um pouco menos da média e um pouco mais, enquanto um universitário fica quase no topo.
Comparando com os países capitalistas, percebe-se que professores recebem muito abaixo da média, ou que jamais chegam a receber perto dos salários mais altos existentes.
Toda essa preocupação com a educação está ligada à necessidade de se desenvolver tecnológica, ética e socialmente a população que caminha rumo ao Comunismo.
Por isso o Governo que se apresenta socialista a caminho do Comunismo fará grandes investimentos na educação para que tenhamos tecnologia e sensibilidade para fazer com que as riquezas materiais (minérios, plantas do Brasil, e gêneros agrícolas, por exemplo) fiquem aqui mesmo e sejam usados por nós, gerando trabalho e produtos acabados para nosso próprio uso e para caso os outros queiram, exportarmos ao nosso preço. (Nascimento, 1997)
2.6.5.3 A Necessidade de Um Projeto de Ética
Além do aspecto estritamente "instrucional" do sistema educativo de qualidade a que os socialistas pretendem implantar, muito importante é a necessidade de um projeto de ética, onde eles buscariam formar as pessoas para a liberdade com responsabilidade, e para a formação de "outros valores vitais".
É preciso que se crie um Projeto de Ética para nossa sociedade, porque hoje em dia a maioria das pessoas não está tendo um sentido para a vida, e com isso não encontra motivos para uma vivência social em que os outros sejam respeitados.
Está na hora da sociedade reunir alguns de seus representantes, como OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), CNBB (Conferência Nacional dos Bispos dos Brasil), ABI (Associação Brasileira de Imprensa), ABL (Academia Brasileira de Letras), partidos políticos realmente interessados em ajudar a sociedade, e muitas outras entidades – principalmente as não-governamentais – para discutir os rumos do Brasil, pois do jeito que está indo o comportamento, as atitudes dos adolescentes e das crianças não chegaremos muito longe sem problemas muito, muito sérios. (Nascimento, 1998)
Nesse "Projeto de Ética", que alguns acabam vendo como uma interferência na liberdade do cidadão, os socialistas dizem até da necessidade de se "escolher" o que passar ou não na televisão
Porque censura seria o Governo proibir que este ou aquele programa, filme ou jornalismo seja veiculado para que não se conheça a realidade por que o mundo passa, mas os próprios representantes da sociedade civil escolher o que querem consumir não é censura, e sim um direito de todos aqueles que zelam pelo desenvolvimento sadio de suas crianças, dos futuros cidadãos, que agirão bem ou mal dependendo do que assimilaram em seu desenvolvimento. (Nascimento, 1998)
III CONCLUSÃO
Neste trabalho ficou claro que o Socialismo não é aquela monstruosidade que os meios de comunicação geralmente passam. Deu para entender o que realmente é e os motivos dessa visão distorcida dos fatos.
É importante salientar, então, que ninguém deve aceitar as ideias passadas por um setor da sociedade como se ele fosse o dono da verdade, sendo, portanto, necessário buscar outras fontes para, com vários pontos-de-vista, chegar-se a uma conclusão que seja a mais isenta possível.
Com relação ao Socialismo, chama a atenção o que foi descoberto sobre as intenções daqueles que criaram tal teoria e de seus defensores, porque é raro observar, hodiernamente, pessoas que se dediquem a buscar uma sociedade mais justa. Por isso, só saber o que essas pessoas pretendem já é suficiente para despertar interesse e questionar a visão atual de que ninguém mais está na política por vontade de ajudar a coletividade. O que se pode concluir é que, além dos religiosos, existe mais esse pessoal lutando por melhorias dentro de uma visão científica, e, portanto, tem sim perspectivas de que nem tudo esteja perdido, pois apesar de as experiências socialistas já havidas terem, na maioria, fracassado, muitos dos que defendem esse sistema como opção para melhores dias acreditam, conforme ficou claro nas citações de socialistas atuais, que ainda existe a real possibilidade de que em outros lugares – inclusive no Brasil – as experiências futuras acontecerão e poderão ser melhores que as de antes ou as atuais, não fracassando e levando a humanidade a um padrão melhor de existência.
IV BIBLIOGRAFIA
AMAZONAS, João. A Transição ao Comunismo. In: RABELO, Renato. Construindo o Futuro do Brasil: Documentos e Mensagens à 8ª Conferência Nacional do PCdoB. São Paulo: Anita Garibaldi, 1995.
APOSTILAS LÍDER. História: 2º Ano do 2º Grau, 1º Semestre. Cascavel: Cris Cópias, 1998.
________. História: 3º Ano do 2º Grau, 1º Semestre. Cascavel: Cris Cópias, 1998.
ARRUDA, José Jobson de A.; PILETTI, Nelson. Toda a História: História Geral e História do Brasil. 7 ed. São Paulo: Ática, 1997.
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