Aqui estamos nós, mais uma vez
envolvidos em uma situação que fatalmente nos levará a uma submissão ainda
maior aos países imperialistas, pois a abertura do Brasil ao capital
estrangeiro e a venda de todas as estatais ao domínio privado farão com que,
por algum tempo, aparentemente, tenhamos resolvido a situação de crise
econômica, porém deixará sequelas, se não para esse Governo, para os que virão
depois.
Todo o plano está parecido com o do
inesquecível Juscelino Kubitschek, que pareceu ser ótimo: fez aparecer cidades modernas,
estradas, indústrias, etc., mas deixou dívidas e uma verdadeira sangria na
economia nacional – que se esvai através do repasse dos lucros das
multinacionais às suas matrizes. Agora acontece o mesmo: o atual presidente
jura que pagará a "dívida" do Brasil e que fará todo o país crescer.
Mas não percebe – ou não demonstra perceber – que se para pagar uma dívida
(que, aliás, é injusta, inexistente) for preciso vender as estatais, com a
desculpa de que não funcionam estando nas mãos do Estado, e para o crescimento
da economia, da tecnologia, for necessário a abertura às indústrias
estrangeiras, acabará por destruir toda possibilidade de o país ter reservas
com o Governo, e toda a possibilidade de as indústrias nacionais desenvolverem
meios de autossuficiência para o mercado interno.
Com essa política, que tapa o buraco
que cada vez mais aumenta, estaremos em um aparente emergir da crise, mas
cairemos de forma muito pior quando, por um motivo ou outro, for retirado o
tapume – neste ou noutro Governo.
Penso que a solução desta situação
está não nas medidas que este Governo diz que adotará, mas no real estudo sobre
a dívida externa (o que certamente provará que ela já foi paga – já que ela
existe somente pelo fato de os países credores terem aumentado os juros à
revelia, causando a nós o aumento da dívida numa proporção a nos deixarem
presos às algemas da economia). Com essa conclusão estaríamos libertos da
necessidade moral de pagar essa dívida e com isso teríamos condições de
investir em tecnologia nacional, o que geraria um desenvolvimento industrial e consequente
independência nossa em relação aos produtos estrangeiros ou às multinacionais
aqui existentes.
Essa é uma das saídas necessárias,
mas os investimentos deveriam passar também pela agricultura e pela instrução em
nível de ciências humanas. E é importante, também, que o Governo mantenha
certas estatais que possam competir com a iniciativa privada, impossibilitando,
assim, o verdadeiro governo paralelo exercido por aqueles que detêm os meios de
produção e que estão preocupados somente com o lucro pessoal.
Portanto, precisamos de saídas que sejam eficazes agora, mas que
permaneçam eficazes para o futuro, pois só assim é que estará seguro o
verdadeiro progresso do país. Ao contrário disto, estaremos vivendo uma
aparente saída da crise, mas que acabará por gerar uma situação ainda pior.
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